Notícia na íntegra
Lei homenageia personalidades negras ligadas à história do Brasil em equipamentos educacionais da capital
A Prefeitura de São Paulo adicionou nomes de personalidades negras na denominação de 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs) por meio da Lei nº 17.503. A medida foi publicada no Diário Oficial no dia 11 de novembro deste ano.
O ato tem o objetivo de homenagear personalidades negras de relevância nacional que prestaram importantes serviços em suas áreas de atuação, além de servir como inspiração dos estudantes e demais frequentadores dos equipamentos.
A medida se insere em uma ampla política de promoção da igualdade racial e valorização da diversidade étnica no município de São Paulo, como forma de aumentar a representatividade das pessoas pretas entre os homenageados na cidade.
Veja a relação dos CEUs onde as personalidades são homenageadas:
- do Centro Educacional Unificado Artur Alvim para Centro Educacional Unificado Artur Alvim – Abdias do Nascimento;
- do Centro Educacional Unificado Carrão para Centro Educacional Unificado Carrão – Carolina Maria de Jesus;
- do Centro Educacional Unificado Cidade Tiradentes para Centro Educacional Unificado Cidade Tiradentes – Enedina Alves Marques;
- do Centro Educacional Unificado Freguesia para Centro Educacional Unificado Freguesia – Esperança Garcia;
- do Centro Educacional Unificado José Bonifácio para Centro Educacional Unificado José Bonifácio – Francisco José do Nascimento (Dragão do Mar);
- do Centro Educacional Unificado Parque do Carmo para Centro Educacional Unificado Parque do Carmo – João Cândido (Almirante Negro);
- do Centro Educacional Unificado Parque Novo Mundo para Centro Educacional Unificado Parque Novo Mundo – Leônidas da Silva;
- do Centro Educacional Unificado Pinheirinho para Centro Educacional Unificado Pinheirinho – Luis Gama;
- do Centro Educacional Unificado São Miguel para Centro Educacional Unificado São Miguel – Luiz Melodia;
- do Centro Educacional Unificado Taipas para Centro Educacional Unificado Taipas – Profª Maria Beatriz Nascimento;
- do Centro Educacional Unificado Tremembé para Centro Educacional Unificado Tremembé – Maria Firmina dos Reis;
- do Centro Educacional Unificado Vila Alpina para Centro Educacional Unificado Vila Alpina – Profª Virgínia Leone Bicudo.
CONFIRA A BIOGRAFIA DOS HOMENAGEADOS
Abdias Nascimento
Dramaturgo, escritor, artista plástico, poeta e político, Abdias Nascimento é tido como uma das figuras mais importantes do movimento negro brasileiro, atuando pela valorização da cultura negra e pela promoção de políticas públicas de igualdade racial no Brasil.
Nascido em 14 de março de 1914, em Franca (SP), Abdias formou-se Economia, pela Universidade do Rio de Janeiro. Foi um dos criadores do Teatro Experimental do Negro, do Comitê Democrático Afro-Brasileiro e do Museu de Arte Negra, além de ter colaborado na fundação do Movimento Negro Unificado.
Esperança Garcia
Esperança Garcia foi mulher negra escravizada que residiu no Brasil em meados do século XVIII. Considerada a primeira mulher advogada do Piauí, Esperança, em 6 de setembro de 1770 enviou uma carta ao presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, em que denunciava os maus-tratos sofridos por ela e seu filho na Fazenda Algodões.
Francisco José do Nascimento
Francisco José do Nascimento, nasceu em Canoa Quebrada, Ceará, em 15 de abril de 1839. Conhecido como “Dragão do Mar”, o abolicionista, líder dos jangadeiros e prático mor participou ativamente no Movimento Abolicionista no Ceará, que deu ao estado o título de pioneiro na abolição da escravidão no Brasil.
Enedina Alves Marques
Enedina Alves Marques nasceu em 13 de janeiro de 1913 na cidade de Curitiba (PR). Mulher negra, foi uma das pioneiras no campo da engenheira nacional. Formada em Engenharia Civil, graduou-se em 1945, pela Universidade Federal do Paraná, consolidando-se assim como a primeira mulher negra engenheira do Brasil
Carolina Maria de Jesus
Mulher negra, catadora de matérias recicláveis e escritora, Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914 na cidade de Sacramento, Minas Gerais. Grávida e desempregada, aos 33 anos mudou-se para São Paulo, onde residiu na Favela no Canindé, local este que serviu de inspiração para suas reflexões cotidianas, publicadas, tempos depois, no livro que consagrou Carolina na literatura brasileira “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, lançado em 1960, obra disseminada por mais de 40 países e traduzida em 16 idiomas.
Maria Beatriz Nascimento
Maria Beatriz Nascimento, nascida em 12 de julho de 1942, foi uma professora, historiadora, poeta, roteirista e ativista do movimento negro e pelos direitos. Nascida em Sergipe, tornou-se uma das mais importantes figuras influentes nos estudos raciais e afro-brasileiros do país. Faleceu 28 de janeiro de 1995, vítima de um assassinato.
Virgínia Leone Bicudo
Mulher negra, Virgínia Leone Bicudo, representou um divisor de águas na Psicanálise que, desde sua inauguração, por Sigmund Freud, foi um campo ocupada pela elite branca. Ainda que não devidamente reconhecida por sociólogos e psicanalistas, campos em que demonstrou exímia atuação, ao enfrentar espectros do racismo e do machismo, que permeavam as relações sociais, assim como na o meio intelectual e acadêmico brasileiro. Virgínia integrou a primeira turma de mestres formadas no país, na Divisão de Estudos de Pós-Graduados da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, defendo a dissertação de mestrado “Atitudes Raciais de Pretos e Mulatos em São Paulo”, primeira do tema a ser defendida no Brasil.
Luiz Melodia
Luiz Carlos dos Santos, nascido no Rio de Janeiro em 7 de janeiro de 1951, popularmente conhecido como Luiz Melodia, foi um cantor, compositor e ator brasileiro, que transitava entre os gêneros da MPB, samba, blues e soul. Filho do também musicista Oswaldo Melodia, cresceu no morro de São Carlos no bairro do Estácio. Luiz Melodia faleceu em sua cidade natal em 4 de agosto de 2017.
Luís Gama (Salvador, 1830 - São Paulo, São Paulo, 1882)
Advogado, jornalista e poeta, Luiz Gonzaga Pinto da Gama era filho de Luísa Mahin, ex-escrava de origem africana acusada de estar à frente da Revolta dos Malês, levante de escravos de maioria muçulmana que ocorreu na Província da Bahia durante as primeiras décadas do século XIX, com um homem branco, um fidalgo de raízes portuguesas. Aos 10 anos de idade, foi vendido como escravo pelo próprio pai, para pagar dívidas, mesmo tendo nascido livre. Foi levado como cativo para a cidade de Lorena, localizada no interior do estado de São Paulo. Depois de ter aprendido a ler e escrever através de aulas ministradas por um hóspede de seu proprietário, Luiz Gama fugiu para a capital paulista aos 18 de idade. Embora não possuindo formação acadêmica, se tornou orador e perito nas leis que protegiam os direitos dos negros, tendo assim conseguido libertar mais de 500 escravos até o ano de 1880.
Maria Firmina dos Reis
Nascida no ano de 1822, Maria Firmina do Reis, é tida como a primeira mulher romancista brasileira. Maranhense, a autora publicou no ano de 1859 a obra “Úrsula”, romance abolicionista considerado percussor dessa temática na literatura do país.
De origem humilde, Maria Firmina era filha de mãe branca e pai negro, e fora criada por uma tia materna, que possibilitou que ela desenvolvesse o gosto por literatura desde muito nova. Aos 25 anos, foi aprovada no concurso para magistério, lecionando até sua velhice.
Ao descrever os negros escravizados como seres humanizados, Maria Firmina provocou uma quebra de paradigmas importante na história do Brasil, enfrentando assim o preconceito racial e escancarando a necessidade de se construir uma outra narrativa que consiga de fato representar os negros na literatura.
Leônidas da Silva
Leônidas da Silva, nascido em 6 de setembro de 1913, popularmente conhecido como "Homem-Borracha" ou "Diamante Negro", é eleito um dos mais importantes atletas brasileiros, tendo atuado nos campos de futebol na primeira metade do século XX.
João Cândido
Filho de escravizados, nascido após a Lei do Ventre Livre, João Cândido, o “Almirante Negro”, da Revolta da Chibata, entrou para a marinha aos 14 anos de idade, onde se tornou o primeiro comandante negro da Marinha brasileira. João Cândido ousou contrariar os estereótipos construídos sobre a imagem do povo negro, pois, adquiriu instrução, aprendeu técnicas e banhou-se de conhecimento sobre as realidades nacionais e internacionais. Foi instrutor na Divisão Naval de Instrução do navio-escola Primeiro de Março, quando ensinou exercícios militares para aspirantes da Escola Naval, em agosto de 1908.
Demonstrando liderança, ao não aceitar os maus-tratos, que incluíam chibatadas, sofridos pelos marinheiros, em sua maioria negros, Cândido esteve à frente do movimento, que agregou mais de 2.000 marinheiros, rebelando-se contra os castigos físicos que a marinha aplicava. Um homem negro, movido pela força de um guerreiro destemido, afrontou autoridades, liderando uma luta de caráter político, com propostas transformadoras, foi considerado um herói, não apenas pelos seus companheiros, mas por oficiais, governo, parlamentares, imprensa escritores e a população em geral. Liderar a Revolta da Chibata custou ao Almirante Negro, um cárcere, em condições desumanas, privado de alimento e de água, mas, ele não sucumbiu, sobreviveu e deixou sua marca na História do Brasil.
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