Notícia na íntegra
Especialistas debatem impactos das mudanças climáticas na cidade de São Paulo
A Prefeitura de São Paulo promoveu, nesta sexta-feira (24), o workshop “Pensando o Clima na Cidade de São Paulo - Assimetrias, Conflitos e Soluções” que reuniu especialistas e autoridades para buscar identificar o impacto dos problemas climáticos na cidade de São Paulo e as soluções para superar esses desafios.
Os debates, organizados pela Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (Seclima), tiveram como base os conflitos e buscas de soluções para os problemas climáticos. “Este é um evento importante que julgo essencial para o aumento das resiliências humana e urbana da cidade de São Paulo. Portanto, é fundamental que essa troca de ideias e objetivos se faça num ambiente democrático, visando a melhoria das condições da cidadania”, afirmou o secretário executivo de Mudanças Climáticas, Pinheiro Pedro.
A realização do workshop vai ao encontro do Plano de Ações Climáticas do Município de São Paulo, o PlanClima SP, lançado em junho deste ano com o objetivo de garantir ações de mitigação dos gases de efeito estufa e de adaptação aos impactos da mudança climática. “O clima é uma responsabilidade de todos. Locais que tínhamos enchentes, hoje vivem processos de desertificação. Quem vive aqui há mais de 30 anos se recorda da expressão ‘São Paulo da Garoa’, que deixamos de ser”, disse o secretário municipal da Casa Civil, Ricardo Tripoli.
Já o ex-presidente da República, Michel Temer, destacou em vídeo, a preocupação mundial com o tema. “Há uma mudança que nos desafia a pensar no futuro da nossa cidade e da nossa vida, que é a climática. O aumento médio da temperatura global, o aquecimento da Terra, as consequências da agressão ao meio ambiente que já são sentidos por todos, nos preocupa muito”, disse Temer.
Temas abordados
A consultora e ex-assessora para questões do clima do Senado Federal e do Ministério de Ciência e Tecnologia do Governo Federal, Flavia Frangetto, falou sobre os efeitos adversos do aumento da temperatura global. “Quem emite somos nós e essa responsabilidade, que é compartilhada, é de longuíssimo prazo, afeta inúmeras gerações, mas dependerá sempre da geração do presente. Cada um pode fazer algo”, disse.
Estudos
Em seguida, o presidente da Associação Nacional dos. Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos de Moraes, abordou um estudo feito por sua entidade sobre a descarbonização no setor de transportes. “Não adianta vir aqui sem atacarmos as causas da questão do clima. No Brasil, mais de 60% das emissões de CO2 vem do desmatamento e da agropecuária, já o nosso setor de transportes representa aproximadamente 13%. Mas não é porque temos uma participação menor que não precisamos trabalhar este tema. O Brasil precisa eliminar o desmatamento, ampliar a agricultura de baixo carbono e planejar a descarbonização do setor de transportes. Fazemos parte do problema e faremos parte da solução”, reconheceu Moraes.
O comandante da Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo, Cel. PM Paulo Augusto Leite Motooka, destacou a questão da governança como estratégia para esta temática voltada ao direcionamento e monitoramento, mostrando como o crime organizado está presente na ocupação irregular de áreas de mananciais. Motooka destacou as ações coordenadas pela Seclima com a Polícia Ambiental, na Operação de Defesa das Águas, combatendo a ocupação irregular nos mananciais da cidade.
A relação da Justiça com o clima foi abordada pelo magistrado da Câmara Especial de Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), desembargador Ricardo Cintra Torres de Carvalho, que falou sobre a questão da preservação, desde a formulação das políticas públicas até a atuação de cada cidadão no âmbito jurídico. “Precisamos repensar a cidade. O que a justiça concede ou o que a justiça faz é reforçar uma legislação que é muito clara e ampla. Temos leis, mas precisamos de uma visão e de um conceito mais claro da nossa cidade sobre o reflexo do clima”, disse.
Já o ex-presidente do Conselho de Saneamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Ruddi Souza, chamou a atenção para a preservação da água. “A água não vem se o clima não ajuda e o clima não é ajudado se não temos água, por isso, precisamos entender que para ter o líquido precisamos de um clima que permita a formação, mas para cada grau de aumento de temperatura perdemos 7% da água doce do mundo. Ou seja, caminhamos hoje para a exaustão das fontes potáveis”, alertou.
Para o secretário-adjunto de Relações Internacionais, Embaixador Fernando Mello Barreto, cada vez mais a questão ambiental ganha destaque na diplomacia entre países. “O tema foi tendo relevância e visibilidade entre os diplomatas, principalmente na formação dos mais jovens, obrigando a criação de órgãos específicos e a atuação junto à sociedade civil, organizações não governamentais e especialistas”, lembrou.
Para o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, as particularidades locais em um país tão desigual como o Brasil devem ser respeitadas. “Seria quase obrigatório refletir sobre isso, sem desconsiderar um dos grandes desafios da nossa sociedade, que é o racismo estrutural e o quanto isso se manifesta diretamente nos grandes problemas estabelecidos por esta agenda”, afirmou, lembrando a população que vive dentro das áreas de mananciais. “Clima sem falar sobre negros e racismo, fica pela metade”, finalizou.
O professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas no IAG/USP, Tercio Ambrizzi, mostrou como as mudanças climáticas impactam na intensificação de eventos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes e secas mais frequentes e mais severas. “É indiscutível que as atividades humanas estão causando mudanças climáticas, afetando a todos nós, algumas delas de maneira já irreversível. Precisamos investir hoje para um futuro mais seguro”, destacou.
Também esteve presente o professor do Departamento de Tecnologia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Marcelo de Andrade Romero, que relacionou as mudanças climáticas à resiliência urbana, destacando também a importância de ações imediatas desenvolvidas por diferentes cidades para mitigar os efeitos do aquecimento global. “São Paulo precisa de um plano de resiliência, tendo em vista a sua importância para o mundo e os problemas que enfrenta”, disse o professor.
Em sua explanação, Romero relacionou 15 aspectos mais relevantes na cidade: suprimentos de água, energia e de alimentos, inundações, resíduos sólidos urbanos, mobilidade, habitação, desastres naturais e não-naturais, conectividade e comunicação, segurança de dados, refugiados, treinamento da população e desenho e planejamento urbano.
Por fim, o ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em SP, José Edilson Marques Dias, fez uma reflexão sobre como as florestas são importantes para a formação de chuvas em todo o mundo. “Quando ocuparam a cidade de São Paulo, o conceito era derrubar florestas. Não existia a sustentabilidade para a ocupação de áreas e desmatamos mais do que precisávamos. Hoje estamos colhendo o fruto disso, com o aumento da temperatura. Não existe mais a garoa, drenamos praticamente todos os rios e não temos mais árvores. Precisamos trabalhar e fomentar as florestas urbanas nos espaços da cidade, algo que a Prefeitura já está trabalhando.”
SECOM - Prefeitura da Cidade de São Paulo
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