Prefeitura de São Paulo

Por: Marianne Seixas

Em um espaço de acolhimento onde culturas se encontram e trajetórias se reinventam, a ‘Rádio Digital Vozes Sem Fronteiras’ se transforma em palco para vozes que, muitas vezes silenciadas pelo deslocamento forçado, agora ganham força, microfone e direção. Criada para valorizar as raízes culturais e promover o protagonismo de famílias imigrantes acolhidas pela rede socioassistencial, a iniciativa acaba de receber uma nova edição da oficina de produção, com foco especial na participação de mulheres afegãs e angolanas. 

O Centro de Acolhida Especial para Famílias (CAEF) Ebenezer é um serviço da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) voltado exclusivamente ao acolhimento de famílias imigrantes. A rádio surgiu como fruto de uma parceria entre a SMADS e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que viabilizou a estrutura da rádio no serviço, e o coletivo Sotaques do Mundo, com o objetivo de incentivar os acolhidos a se reconectarem com sua cultura de origem. 

Realizada nos dias 11 e 25 de abril e 9 de maio, a formação é resultado dessa parceria e oferece uma introdução completa às técnicas de gravação, produção, captação e edição de áudio. Com duração de 1h30 por aula, a oficina é recorrente no serviço e desta vez, conta com uma turma formada só de mulheres.

Acolhidas do CAEF Ebenezer participam de aula - Foto: Sabrina Ribeiro/SMADS

Durante as aulas, as 8 acolhidas participantes aprendem a usar os equipamentos do estúdio: microfones, fones de ouvido, mesa de som e programas de edição. Também exploram o modo correto de usar o microfone, como iniciar e encerrar uma gravação e como construir um texto para uma reportagem ou podcast próprios. 

Para Felipe Santoro, assistente de campo do ACNUR, a rádio representa um canal fundamental de escuta e protagonismo: "A rádio é um meio de comunicação feito por pessoas refugiadas para pessoas refugiadas. Os refugiados trazem as suas demandas e questões que eles querem expor e levar para a comunidade deles. É uma comunicação feita por eles e para eles." 

Além das habilidades técnicas, o curso oferece um ambiente seguro e acolhedor, onde as mulheres podem fortalecer vínculos, compartilhar suas histórias e exercer autonomia.  

 "É muito bom ver que essa turma tem esse interesse em aprender e expressar esse aprendizado. Essa curiosidade se transforma em uma experiência muito boa. A ideia é que continue acontecendo, que elas tenham esse espaço onde podem falar e expressar ideias. Entender e compartilhar seus direitos e deveres. Que elas se sintam acolhidas, escutadas e amparadas.", diz Carlos Navarro, do coletivo Sotaques do Mundo, 

Ao fim das oficinas, as participantes estarão aptas a produzir seus próprios programas, que serão veiculados na Rádio Ebenezer, transmitida internamente no serviço.