Notícia na íntegra
Capital inaugura a primeira unidade de hospedagem social para pessoas em situação de rua
O prefeito Ricardo Nunes inaugurou, na manhã desta quinta-feira (28), a primeira unidade da Hospedagem Social para Pessoas em Situação de Rua, uma nova tipologia de acolhimento da rede socioassistencial. O hotel, localizado no bairro da Liberdade, é direcionado àqueles que, mesmo em situação de rua, já estão inseridos no mercado de trabalho ou em busca de um emprego. O serviço é direcionado para os que apresentam alguma dificuldade com a adaptação aos Centros de Acolhida já existentes.
Nessa nova modalidade de serviço de acolhimento serão ofertadas 1.000 vagas. O equipamento de Hospedagem Social para Pessoas em Situação de Rua da Liberdade disponibiliza 208 dessas vagas de acolhimento para o público inserido na modalidade 1, composto por indivíduos sozinhos ou casais sem filhos.
Essa opção para receber pessoas em situação de rua atende também famílias. No acolhimento de indivíduos sozinhos ou casais, os quartos são compartilhados, sendo até quatro pessoas por cômodo. No serviço para família, cada uma recebe um quarto.
O prefeito Ricardo Nunes destacou que as ações de recepção desse público foram definidas a partir do Censo realizado em janeiro de 2022.
“O levantamento nos trouxe o número de 31.800 pessoas em situação de rua e começamos a fazer o trabalho de ampliação dos nossos serviços. Este equipamento, que acabamos de inaugurar, oferece café da manhã, jantar, cama com colchão e travesseiro, local para guardar pertences, banheiro com toalha, shampoo, escova e pasta de dente. Enfim, tudo aquilo que a pessoa precisa de forma imediata”.
Regiões mais afastadas
A Hospedagem Social, que recebeu o investimento de R$ 3,2 milhões, está instalada em hotéis espalhados pela cidade, de forma a distribuir as vagas, inclusive nas regiões mais afastadas das áreas centrais de São Paulo. Inicialmente, quatro hotéis oferecem mais de 500 vagas de acolhimento.
“A cidade de São Paulo tem o maior sistema de acolhimento de pessoas em situação de rua da América Latina. Criamos a Vila Reecontro; criamos e ampliamos e CAE (Centro de Acolhimento Especial); aumentamos os nossos abrigos; fizemos um edital novo e ampliamos as vagas das repúblicas. Enfim, estamos promovendo um trabalho gigantesco”, destacou Nunes.
Para Décio Matos, secretário em exercício de Assistência e Desenvolvimento Social, o equipamento entregue nesta quinta-feira representa um ponto de partida para seus residentes.
“Hoje iniciamos essa nova modalidade, que foi muito planejada e esperada, para garantir que o usuário conquiste protagonismo e, principalmente, que tenha autonomia na sua forma de ser acolhido e consiga rapidamente construir seu projeto de vida. É um serviço que traz um intermediário entre os modelos de acolhimento que a gente tem na cidade”, concluiu.
Encaminhamento
Além da hospedagem, no acolhimento de pessoas sozinhas ou casais também são ofertadas duas refeições ao dia: café da manhã e jantar, levando em consideração que os indivíduos devem estar trabalhando ao longo do dia. No acolhimento às famílias são ofertadas três refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar, considerando que alguns integrantes podem passar o dia no hotel.
Esta categoria não dependerá da triagem da Central de Vagas, diferentemente das outras tipologias de atendimento, e contará com encaminhamento direto feito pelo Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP).
A modalidade possui, ainda, gestão centralizada que dispõe de 28 profissionais de diversas áreas como assistente social, psicólogo, entre outros, à disposição dos hospedados.
Cada acolhido terá um período inicial de três meses de permanência no equipamento. De acordo com a avaliação da equipe técnica, o prazo pode ser renovado, com possibilidade de extensão a até dois anos.
Luís Fernando Pereira, atendido no imóvel do bairro da Liberdade recentemente, pretende ficar hospedado por lá até fevereiro.
“Há 18 anos eu estava na Cracolândia, fazendo uso de drogas, internado ali naquele lugar, sem nenhuma expectativa e, através do trabalho feito por uma assistente social, psicólogas e minha força de vontade, consegui sair daquela situação. Então, há possibilidade, há condições de reverter essa situação. Sou a prova viva disso.”
Novo sistema
Durante o evento o prefeito Ricardo Nunes declarou que, a partir do início do próximo ano, será implantado um novo sistema para que possa ser levantado o número correto de pessoas em situação de rua e de acolhimentos.
“Os agentes utilizarão tablets com geolocalização, onde poderão ser checadas todas as vagas, a quantidade de pessoas em situação de rua em tempo real, quantos aceitaram ou negaram acolhimento durante a abordagem, tudo de forma pública e transparente”, enfatizou.
Diferença entre a hospedagem social e os hotéis sociais
A rede socioassistencial da cidade de São Paulo conta, atualmente, com 36 hotéis sociais espalhados pela cidade que dispõem de 4.094 vagas de acolhimento. São equipamentos que, de forma individual, atendem a perfis diversos como homens, mulheres, idosos, famílias e o público LGBTQIA+.
O preenchimento destas vagas é determinado por meio de uma central, que é acionada pelos serviços de abordagem e encaminhamento dos territórios. O mesmo público que é recebido nos hotéis sociais pode ser acolhido, também, em outros serviços tradicionais da rede socioassistencial, como os Centros de Acolhida 24h e os Centros de Acolhida Especiais, que variam de acordo com o perfil do indivíduo a ser recepcionado.
Nestes equipamentos a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável auxilia os acolhidos na busca de um emprego, capacitação profissional, reconstrução de laços familiares e/ou afetivos e propõe atividades socioeducativas, entre eles e também com a comunidade, como maneira de fortalecimento dos vínculos sociais e de reconstrução da autonomia.
Além disso, as regras de convivência nestes serviços são definidas em assembleias, realizada pela OSC responsável com os acolhidos e nelas são determinadas questões como horário de entrada e saída, entre outras determinações de convívio.
Já a Hospedagem Social atenderá prioritariamente pessoas em situação de rua, mas que encontram dificuldade neste modelo acima, seja pelas regras determinadas em assembleia ou qualquer outro motivo e que já possuem plenas condições (física, psicológica e emocional) de exercer uma atividade profissional. Com a liberdade na definição de horário de entrada e saída, por exemplo, os acolhidos poderão cumprir os horários de trabalho estabelecidos, de acordo com a necessidade.
O intuito desta nova modalidade é ofertar vagas de acolhimento para pessoas com autonomia e condições de organização das atividades necessárias para a vida diária e, ainda, com prontidão para acessar o mercado de trabalho, inclusive a partir das alternativas ofertadas pela Prefeitura de São Paulo, como o Programa Operação Trabalho (POT).
SECOM - Prefeitura da Cidade de São Paulo
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