Notícia na íntegra
Centro de Memória do Circo lança “O Diário de Polydoro”, a certidão de nascimento do circo nacional
Escrito de punho próprio, o Diário de Polydoro é um dos mais antigos e importantes registros históricos do circo brasileiro. A obra, que será lançada na próxima quinta-feira (10) na sede do Centro de Memória, é composta por fac símile do documento original, textos e imagens que contextualizam a história do palhaço e do circo brasileiro. Composto por duas encadernações, o diário dispõe de informações como o nome das cidades por onde seu autor passou, a quantidade de vezes em que lá esteve e o número de espetáculos apresentados.
Em páginas amareladas que atravessaram mais de um século no tempo, nele também encontram-se dados sobre as companhias em que atuou e outras informações registradas pelo palhaço Polydoro - José Ferreira Polydoro (1854-1916) e seus descendentes, entre 1873 e 1921.
O evento será realizado no Dia do Palhaço. Na ocasião, haverá uma grande intervenção artística e circense no Largo do Paissandu, dividida em dois atos: uma dança aérea com os artistas circenses que farão acrobacias verticais no topo do prédio da Galeria Olido, no início da noite, e uma grande projeção, com a vídeo artista Elka Andrello, na parede da Galeria Olido, com fotos históricas dos palhaços brasileiros.
O livro foi concebido e confeccionado no segundo semestre de 2020, durante a pandemia do novo coronavírus, por muitas mãos. Com quase 400 páginas, a obra é composta pela digitalização do documento histórico e outros capítulos que objetivam contextualizar o documento, como uma árvore genealógica da família germinada por José Ferreira Polydoro, que já chegou na sua 5ª geração. Dela também faz parte uma lista de companhias em que Polydoro atuou, acompanhada de históricos de algumas delas, narrados pelo pesquisador Júlio Amaral de Oliveira (1919 - 1990).
Além disso, há uma seção denominada “Itinerância”, em que o leitor poderá acompanhar as andanças de Polydoro e família através de mapas. Ela tem início em 1854 (ano de nascimento do artista), estende-se até 1921 (que é quando a família Polydoro interrompe a escrita do diário) e adentra o ano de 1922, na Semana de Arte Moderna.
Por fim, o capítulo seguinte é composto por textos de pesquisadores convidados. São eles: Alice Viveiros de Castro, Ermínia Silva, Mário Fernando Bolognesi e Walter de Sousa Júnior.
Com este projeto, o Centro de Memória do Circo propõe se debruçar sobre este documento tão importante para a história do circo no Brasil. Para o atual secretário da cultura, Hugo Possolo, o diário é a certidão de nascimento do circo brasileiro:
“Para estabelecer a dimensão necessária do circo no Brasil, O Diário de Polydoro, considerado a certidão de nascimento do circo brasileiro, ultrapassa seu imenso valor, enquanto documento histórico, para se colocar como a expressão de uma emoção que volta ao rosto antes apagado. Vem para ser o entendimento daquilo que uma arte ainda tem a oferecer, especialmente por reconhecer o mérito de gerações que se dedicaram ao ofício, em busca de aplauso e pão, para seguir seus sonhos”, revela Hugo.
Sobre o documento
O Diário de Polydoro é formado por duas encadernações em capa dura e de tamanhos diferentes. No tamanho menor, encontra-se o que foi escrito de punho próprio pelo palhaço; e no maior, recortes de jornais acerca do seu trabalho.
O documento histórico também abre caminho para observar a itinerância do artista circense, no século XIX. Em 1916, Polydoro já havia participado de 5.983 espetáculos, em 43 anos de carreira, apresentando-se em 82 cidades paulistas, 59 mineiras, 47 fluminenses, 19 gaúchas, oito catarinenses, cinco paranaenses, e uma Capixaba, 13 cidades argentinas oito uruguaias.
Por gerações, o diário se manteve sob a guarda da família. Em 10 de dezembro - Dia do Palhaço - de 2014, Enzo Polydoro, tataraneto do famoso palhaço, transferiu a posse do valioso documento para o Centro de Memória do Circo, que agora, 6 anos depois, lança essa importante obra para a história do circo brasileiro.
Sobre o Centro de Memória do Circo
Inaugurado no dia 16 de novembro de 2009, o Centro de Memória do Circo, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, integra o Centro Cultural Olido, localizado num dos mais importantes sítios históricos do circo brasileiro, o Largo do Paissandu. Sua missão é pesquisar, resgatar, reunir, registrar, preservar e difundir o patrimônio material e imaterial do circo brasileiro
.Considerado o coração da instituição, o acervo do Centro de Memória do Circo é constituído por aproximadamente 80 mil documentos, de diferentes suportes e formatos – fotografias, peças gráficas, figurinos, aparelhos, áudios visuais, áudios, virtuais, etc. O Centro de Memória do Circo também abriga a exposição permanente “Hoje Tem Espetáculo”, que já foi vista por 293.000 pessoas, desde sua inauguração em 2012. A instituição também prima por apresentar programação de espetáculos, oficinas, palestras e debates sobre o tema circo. Além de vir realizando, desde 2013, um ciclo voltado para o resgate de saberes circenses, como arquitetura nômade, artes gráficas (tabuletas), gastronomia e figurino circense.
Em 2015, pelo seu trabalho desenvolvido em prol da memória do circo, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura; em 2015, foi indicado como instituição do ano, pelo Prêmio Governador do Estado; em 2016, recebeu o Registro Memória do Mundo Brasil, da UNESCO, pelo Arquivo Circo Garcia que se encontra sob sua guarda.
Sobre Polydoro
José Ferreira Polydoro (1854 - 1916)
Nasceu em 16 de março de 1854, na Ilha de Faial, em Portugal. Aos 13 anos, em 1867, veio para o Brasil, no Rio de Janeiro, onde ficou sob os cuidados de um tio que bancou seus estudos no Colégio Dom Pedro II. Em 1870, ingressou no Clube Ginástico Português, onde recebeu formação de ginástica e trapézio e realizou suas primeiras apresentações. Iniciou sua vida artística na Barraca Luso-brasileira, situada no campo de Sant'Anna. Em 1873, entrou para a Companhia Elias Castro, iniciando assim sua carreira no circo, onde veio a se tornar palhaço. Há quem afirme que o nome Polydoro surgiu da imitação que fazia do ex-ministro do Exército, condecorado pela Guerra do Paraguai, chamado Polydoro.
Ao longo de 43 anos de carreira integrou mais de 50 companhias circenses, como o Circo Bastos, Circo Chiarini, Companhia Candido Ferraz – com quem Polydoro realizou sua primeira turnê no Uruguai e Argentina –, Cia Sampaio, Circo Pery, Circo Americano, Circo Irmãos Carlo, Circo Casali, entre outros.
Foi um dos primeiros palhaços cantores a conquistar respeito do público. Tinha destaque nas matérias publicadas nos jornais sobre os circos e recebeu muitas homenagens através de cartas que eram publicadas nos jornais. Quando integrava o elenco do Circo Pery, em 1881, apresentou-se para o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina.
Casou-se duas vezes. Do seu primeiro casamento, com Francisca Azeredo, nasceram três filhas: Astrogilda, Elia – faleceu ainda criança – e Arethuza. Essa chegou a se apresentar com o pai no Circo Pery. Do casamento com Adele Figueirôlla, bailarina e equestre, nasceram dez filhos: Arnaldo, Arabella, Nilo, Saint Clair, Dural, Olga, Luiz, José, Arnaldo e Adelita.
José Ferreira Polydoro faleceu aos 62 anos, em Florianópolis, no dia 02 de novembro de 1916, quando, então, integrava o elenco do Circo Paulistano.
Serviçoo
Lançamento do livro “O Diário de Polydoro” - quinta-feira (10), às 16h30, no Centro de Memória do Circo (Av. São João, nº 473) e nas redes sociais.
Grátis
SECOM - Prefeitura da Cidade de São Paulo
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