Notícia na íntegra

Terça-feira, 3 de Junho de 2025 | Horário: 11:28
Compartilhe:

Cuidados nutricionais desde a gestação ajudam a reduzir a obesidade infantil

Suporte a gestantes desde o pré-natal, grupos de atendimento multiprofissional com as crianças e ação Programa Saúde na Escola (PSE) representam a força-tarefa da rede municipal paulistana no enfrentamento da condição

Em 3 de junho, Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, a prefeitura lembra que as 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade de São Paulo desempenham um papel importante no combate ao sobrepeso e à obesidade infantil, que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acomete uma em cada três crianças brasileiras.

Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença crônica, progressiva, recidivante (que acontece de forma recorrente) e também uma epidemia global, a obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, como as articulares, diabetes, doenças cardíacas e cânceres. Por isso, é fundamental promover hábitos saudáveis desde a gestação, estendendo os cuidados à alimentação saudável em todas as fases da infância, para prevenir a obesidade e seus agravos à saúde. Cuidar da alimentação desde os primeiros anos de vida não é apenas prevenir doenças, mas investir no desenvolvimento saudável e na qualidade de vida das futuras gerações.

Diagnóstico
A avaliação da obesidade infantil deve ser individualizada, levando em consideração a idade, o sexo, a etnia e o histórico de saúde da criança.  Entre os parâmetros para o diagnóstico está o Índice de Massa Corpórea (IMC), avaliado a partir de curvas de crescimento específicas para cada idade e sexo. Outros critérios utilizados para complementar a avaliação do estado nutricional são os dados clínicos e bioquímicos, análise do consumo alimentar e outras medidas antropométricas como a circunferência abdominal e a razão cintura-altura, usadas para avaliar a distribuição da gordura corporal.

Para enfrentar a epidemia de obesidade na infância, o Ministério da Saúde (MS) implementou a Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (Proteja), iniciativa intersetorial em cinco eixos: vigilância alimentar e nutricional na atenção primário à saúde, promoção da saúde nas escolas, educação e informação voltada à população em geral, educação permanente para os profissionais envolvidos nos cuidados com as crianças e articulações intersetoriais para promover hábitos saudáveis nas cidades, incluindo alimentação e a prática de atividades físicas.
 
Cuidado começa no pré-natal
Na rede municipal, a estratégia passa pela atuação em várias frentes, desde antes do nascimento da criança. Por meio do Programa Mãe Paulistana, por exemplo, são oferecidos cuidados para apoiar, proteger para a saúde e a segurança alimentar e nutricional da mãe e do bebê, a fim de evitar ou reduzir alterações no estado nutricional da criança no futuro. 

As equipes Multi das UBSs conscientizam as gestantes sobre a importância de cuidar de sua própria alimentação ao longo da gravidez. Também orientam sobre um cuidado muito importante: o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, que deve continuar mesmo após a introdução alimentar. O incentivo continua no atendimento prestado às puérperas, seja na abordagem individual com a nutricionista ou nos grupos. 

“A obesidade em crianças é resultado de uma série de fatores, que estão diretamente relacionados a hábitos alimentares inadequados, a fatores comportamentais, familiares, psicossociais e de estilo de vida, assim como, a condições ambientais e socioeconômicas.”, afirma Josie Miranda, da Área Técnica de Saúde Nutricional, lembrando que o enfrentamento da obesidade infantil exige um olhar atento, contínuo e integrado entre família, escola, serviços de saúde e toda a comunidade. É o investimento em ações educativas, acompanhamento nutricional e promoção de ambientes saudáveis, são importantes para fortalecer a construção de hábitos que podem transformar a realidade de muitas crianças. 

UBSs têm olhar atento para as práticas alimentares
Na UBS Vila Jaguara, localizada na zona oeste da capital, o olhar apurado dos profissionais de saúde fez a diferença na vida de uma criança que estava na sala de vacinação da unidade no colo de sua mãe. Aos 11 meses, ela pesava 13,9 kg, e a intervenção imediata da equipe, por meio do agendamento de consulta com a nutricionista, orientou a mãe para a mudança de hábitos e a transição para um estilo de vida mais saudável.   

A nutricionista Elizangela Luiza dos Santos Ribeiro, que atua há oito anos na UBS, conta que a mãe não havia feito o pré-natal na unidade, e, por falta de orientação e acompanhamento, tinha medo que a filha engasgasse ao comer e a partir daí fez escolhas nutricionais que contribuíram para o seu excesso de peso. “Conseguimos reverter a condição da criança e, hoje, com 1 ano e 5 meses, ela está com 12kg, saiu da obesidade”, afirma Elizangela.    

Athene Maria de Marco, responsável da Área Técnica de Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), destaca que as UBSs também atuam de forma articulada nas escolas por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), enfatizando importância da promoção da saúde e prevenção de doenças entre crianças e adolescentes 

A UBS Vila Jaguara atende atualmente 19 crianças com diagnóstico de obesidade, a maioria na faixa etária entre 4 e 9 anos, sendo que a maioria estuda em unidades escolares da região. “Estamos em cinco escolas, entre elas três Centros de Educação Infantil (CEIs), uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) e uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef), realizando rodas de conversa sobre o que é alimentação saudável e os efeitos da obesidade, e nessas conversas percebemos que a má alimentação, o alto consumo de alimentos ultraprocessados, além da falta de atividade física, infelizmente, ainda são muito comuns”, explica Elizangela.

UBS tem grupo para crianças
Na UBS Jardim Boa Vista, também na zona oeste, as crianças são convidadas a participar de atividades como vivência na horta da unidade, gincana de comida brasileira, brincadeiras com massinhas envolvendo o tema da alimentação, entre outras.

A nutricionista Camila Neves Arruda conta que a unidade recebe muitas crianças com sobrepeso e obesidade. “Atendemos esses pacientes em um grupo semanal, e sempre com abordagem multidisciplinar, já que o problema da alimentação está ligado a outros fatores; além da educação alimentar, realizamos um trabalho para equilibrar a ansiedade, que leva muitas crianças ao descontrole alimentar”, diz Camila, acrescentando que práticas integrativas e complementares como a auriculoterapia são adotadas nesses casos.

A manicure Ana Paula Nascimento Silva Alves, mãe de Maria Júlia, de 9 anos, diz que sua filha começou a ganhar peso rapidamente a partir dos 7 anos. Ao passar por atendimento na UBS, a menina foi encaminhada ao endocrinologista, que diagnosticou uma puberdade precoce; paralelamente, passou a frequentar o grupo com crianças conduzido por nutricionista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta da unidade. “Agora minha filha está conseguindo equilibrar a saúde”, comenta.

collections
Galeria de imagens

SECOM - Prefeitura da Cidade de São Paulo
E-mail:
  imprensa@prefeitura.sp.gov.br
Facebook I  Twitter I  Instagram I  TikTok I  YouTube I  Acervo de Vídeos I  LinkedIn