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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024 | Horário: 15:42
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Dieta especial reduz em até 90% crises epilépticas de difícil controle nos pacientes

Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, da Prefeitura de São Paulo, realiza acompanhamento e aconselhamento nutricional

Um programa envolvendo essencialmente a alimentação, desenvolvido pelo Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, da Prefeitura de São Paulo, reduziu de 70% a 90% o número de crises epilépticas de difícil controle com medicamentos em crianças. Isso porque, há três anos, o Ambulatório de Epilepsia de Difícil Controle da instituição passou a oferecer a dieta cetogênica, caracterizada por ser rica em gordura, pobre em carboidratos e com quantidade controlada de proteínas para os pacientes.

Além disso, o controle alcançado com a dieta permitiu, em muitos casos, a redução de alguns medicamentos, o que resulta em menos efeitos colaterais e mais qualidade de vida.

“Minha filha tinha de seis a 10 crises por dia e, com a dieta, passou a ter de uma a três por semana. Às vezes, nenhuma, o que a transformou em uma criança mais ativa,  já está falando algumas palavras. Ela também pôde, pela primeira vez, frequentar a escola”, relata Andreza dos Santos, 40, mãe de uma menina de 5 anos. 

A criança, que tem um quadro de paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia de difícil controle (síndrome de West), foi introduzida na dieta cetogênica há pouco mais de dois anos.

Esse tipo de dieta promove uma mudança no “combustível” usado pelo cérebro, que passa a utilizar gordura como fonte principal de energia. Esse processo aumenta a produção de corpos cetônicos e reduz a excitabilidade neuronal, promovendo o controle das crises.

Andreza conta que a princípio ficou um pouco assustada com a mudança na dieta e com o desafio em prepará-la e introduzi-la no cotidiano da família. “Achei que ia ser uma coisa muito complexa, mas no dia a dia foi tranquilo. A dieta é fácil, saudável e saborosa e eu também aderi”, comenta a mãe da menina. Com a adoção da alimentação e os resultados alcançados, a criança virou referência para as outras famílias acompanhadas pelo ambulatório.

“Temos um grupo de conversa e eu também posto nas redes sociais algumas receitas que preparo, para incentivar as outras mães”, conta Andreza. Segundo ela, os pratos preferidos da criança são quiche de pera, brócolis com peixe e donuts de couve com frango, todos preparados com a utilização de um leite especial para dieta cetogênica.

Nutricionista orienta e dá apoio às famílias
O Ambulatório de Epilepsia de Difícil Controle do HMIMJ é coordenado pela neuropediatra e neurofisiologista Luciana Midori Inuzuka Nakaharada que atua há 18 anos no Menino Jesus e é responsável pelo Serviço de Epilepsia e Neurofisiologia. A médica, cujo mestrado foi dedicado à dieta cetogênica, ressalta que a adesão deste método para o tratamento da epilepsia de difícil controle só foi possível a partir do trabalho em conjunto com a nutricionista Jéssica de Oliveira Magrini.

A partir da indicação da terapia cetogênica pela médica, Jéssica formula os cardápios para os pacientes (as idades variam de 1 a 19 anos) e fornece as orientações no dia a dia. Como explica, a primeira providência das famílias é comprar uma balança de cozinha, uma vez que todos os ingredientes são pesados e controlados. A nutricionista também fornece uma lista de substituição de alimentos a ser seguida.

Uma vez adotada a dieta, as famílias são instruídas a fazer controles diários do número de crises, além do nível de cetose, aferido pela urina ou pelo sangue, e nível glicêmico da criança, uma vez que a dieta restringe carboidrato e pode haver episódios de hipoglicemia. 

“Duas a três vezes por semana eu envio mensagens pedindo as aferições da  glicose no sangue e cetose, além das anotações do número de crises e duração de cada uma, para fazer ajustes, se necessário”, comenta a nutricionista, que diz sentir-se feliz pelos resultados alcançados.

“Meu filho tinha de 17 até 35 crises diariamente, e depois da dieta praticamente não tem mais crises fortes. Está mais feliz, comunicativo, tranquilo, é praticamente outro menino”, relata Fernanda Meireles de Oliveira Brum, 45, mãe de um menino de 4 anos, que foi diagnosticado com epilepsia com apenas um mês de vida. 

A família aderiu à dieta cetogênica em 2023. "O desafio maior foi a disciplina de horário e quantidade de cada alimento, que precisa ser pesado a cada preparo, mas com o suporte da nutricionista, sempre disposta a tirar dúvidas e auxiliar na superação das dificuldades, a adaptação foi bastante tranquila”.

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