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Sexta-feira, 27 de Março de 2015 | Horário: 16:14
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Área da Cracolândia está sendo revitalizada para dar lugar a espaço de convívio

Para incentivar a ocupação da Luz, mais especificamente na região da Cracolândia, a Prefeitura está revitalizando uma área antes abandonada para dar lugar a um novo espaço de convívio na rua Cleveland, entre a Helvetia e a praça Júlio Prestes. Em parceria com a iniciativa privada, o município realizou a ampliação da calçada, 540 metros quadrados de piso foram refeitos, 20 bancos e seis floreiras foram instaladas no local.



A ação está integrada ao programa “De Braços Abertos” e as obras para a construção da praça seguirão em diálogo com moradores da região e os dependentes químicos. O local é onde hoje fica o chamado “fluxo”, onde se concentram usuários de crack que resistem a participação no programa e também traficantes. O objetivo, de acordo com o prefeito Fernando Haddad, é após a reforma da praça, realizar uma operação com o Governo do Estado, para coibir ainda mais a venda de entorpecentes, retirando barracas utilizadas para o tráfico e intensificando a aproximação com os doentes.



“Naquelas barracas, 60% delas, temos documentação fotográfica provando que não é dependente químico que está ali, é traficante. Temos documentação fotográfica e já encaminhamos para o secretário de segurança pública. Droga é caso de polícia. O que nós fazemos é uma política de redução de danos com os dependentes químicos”, disse o prefeito.



Iniciado em 16 de janeiro de 2014, o “De Braços Abertos” tem 435 beneficiários cadastrados, que recebem moradia em sete hotéis da região central, três refeições diárias, apoio no tratamento contra a dependência, capacitação profissional, além de oportunidade de emprego, primeiramente, na varrição de ruas. A renda dos beneficiários é de R$ 15 por dia. 



A intenção, além de afastar as pessoas do vício, é dar dignidade social, como forma de redução de danos do crack. Apesar de ainda existir consumo de crack nas ruas da região, com a criação do “De Braços Abertos”, o fluxo de usuários de drogas na região chegou a cair até 80% em comparação ao período anterior.



“Os resultados apresentados nesses 15 meses de trabalho nos encorajam a seguir na linha de redução de danos. Os beneficiários se mostram indiscutivelmente, melhores do que quando inseridos no programa”, disse a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer.



Tratamento


Desde o início do programa, os 117 profissionais da saúde presentes na Cracolândia realizaram 77.498 atendimentos, sendo 242 encaminhamentos para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Álcool e Drogas para tratamento contra a dependência química. Além disso, foram realizados 3.526 atendimentos médicos e 792 tratamentos odontológicos.



“Esses profissionais têm por objetivo possibilitar a oportunidade de reinserção dessas pessoas na sociedade, trazendo de volta seus direitos como cidadão e oferecendo tratamento. Essa relação de confiança é uma das principais características bem sucedidas do programa”, afirmou o secretário municipal da Saúde, José De Filippi Júnior. 



Rodolfo Pereira de Almeida, 48 anos, é viciado em crack há 20 anos e morou na rua por cinco anos. Funcionário público estadual, ele perdeu o emprego e a família para as drogas. Com o programa, reduziu o consumo diário de até dez pedras para o consumo de uma vez por semana, está resgatando o contato com a filha de 14 anos e com a evolução demonstrada, o fez sair do emprego de varrição de ruas para trabalhar na Secretaria Municipal da Saúde.



“Tinha perdido a expectativa, sabia que ia morrer logo, fazia pequenos furtos e não tinha horizonte. O programa mudou tudo. Não só diminui a droga e comecei a trabalhar, mas voltei a ter minha vida. Voltei a ler, ir ao teatro e ao cinema. A região também mudou. Tem médico, assistente social e tratamento a hora que quiser”, disse.



Almeida tem uma audiência marcada para o próximo dia 30, para tentar recuperar a função de escrevente efetivo do Fórum João Mendes, de onde estava afastado há dois anos. “Minha filha vai fazer 15 anos e quero melhorar cada vez mais, guardar dinheiro e não preciso reconciliar meu casamento, mas quero ser um pai presente”, afirmou.



Emprego e Renda


Atualmente, além dos 192 beneficiários que atuam na varrição, proposta inicial do programa, outros 28 estão no programa Fábrica Verde, recebendo capacitação para jardinagem e mais 20 carroceiros estão sendo capacitados em reciclagem. Oito beneficiários do programa, em etapas mais avançadas, estão atuando em equipamentos públicos e em agosto do ano passado, 16 foram contratados pela empresa Guima Conseco.



Agora, após capacitação, sete beneficiários atuarão no programa Caminhos da Prevenção, que intensificará o combate a AIDS na região central. Um deles é Edson Rodrigues, 41 anos, que viveu por dois anos na Cracolândia e há um ano está cadastrado no “De Braços Abertos”. Natural de Curitiba e sem familiares, após atuar na varrição, ele distribuirá preservativos em uma série de displays que serão instalados na região.



Além do novo emprego, durante o programa, realizou cursos de capacitação como pintor em obras e panificação. “Tinha meus sonhos, mas as drogas interromperam. Com o programa, voltei a sonhar e só queria ter uma família, um lar e um emprego digno. As coisas começaram a melhorar. Faltava uma oportunidade”, disse.



Desde o início de janeiro, uma unidade do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) atua dentro da Tenda “De Braços Abertos”, na rua Helvetia, que atende não só beneficiados do programa. No período, foram realizados 353 atendimentos e 173 encaminhamentos para vagas de trabalho. Foram emitidas mais de cem carteiras de trabalho, sendo 27 primeiras vias e 75 de segunda via do documento. Outros 65 beneficiários estão afastados por licença maternidade ou problemas de saúde, 34 são menores de 18 anos e quatro com idades superiores a 60 anos.



“Buscamos combinar a metodologia e as atividades com a reabilitação psicossocial e a redução de danos para promover a reinserção social e econômica dos beneficiários, a partir de oportunidades no mundo do trabalho. Um grande desafio, mas com passos concretos”, afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Artur Henrique.



Capacitação


Outro foco do “De Braços Abertos” está na capacitação profissional dos dependentes químicos da Cracolândia. Além da formação que faz parte do programa, 18 beneficiários foram cadastrados em cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec). Em consequência disso, nove usuários já deixaram os hotéis para viver em um lar próprio e seis famílias foram encaminhadas para os programas “Autonomia em Foco” e “Família em Foco”, que dão mais independência as pessoas em relação as políticas sociais.



Além disso, secretarias como Cultura, Direitos Humanos e Cidadania, Esportes Lazer e Recreação promovem oficinas e atividades de apoio na região, com pessoas cadastradas ou não. Somente de janeiro até agora, mais de dez oficinas culturais, como de violão e percussão, peças teatrais, além de atividades fixas, como aulas de capoeira, skate e pintura em azulejo. A participação nas oficinas fixas, que acontecem de segunda a sexta-feira, envolve mais de 100 pessoas por semana.



“Tivemos muitas atividades desde então como apresentações do Circuito São Paulo de Cultura e ação de educadores do programa Vocacional. Esperamos intensificar essas ações neste ano e incluir novas atividades, de leitura e arte circense”, afirmou o secretário municipal da Cultura, Nabil Bounduki.



Crianças


Em parceria com o programa de política para a primeira infância “São Paulo Carinhosa”, as mais de 30 crianças que integram o programa junto com seus pais, fazem roteiros de exposições e locais históricos da cidade, como o Solar da Marquesa, no Pátio do Colégio. Durante as férias escolares, as crianças também contaram com outras atividades lúdicas e de lazer na programação, como visitas a bibliotecas, como a Mario de Andrade.



O mesmo tipo de atividade está sendo desenvolvida também com crianças em situação de abrigo no município. “O que a gente está tendo de retorno é que a relação das crianças com os educadores está melhor, mais próxima, pois [com as atividades culturais] cria-se mais elementos para eles discutirem, conversarem e isso está ajudando [a relação entre eles]“, afirmou a coordenadora do “São Paulo Carinhosa”, Ana Estela.



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Crédito: Fernando Pereira/SECOM


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