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Ativista Malaak Shabazz participa de evento sobre violência racial
Atualizado às 19h00 de 19 de novembro de 2015
A ativista americana Malaak Shabazz participou nesta quinta-feira (19) do Seminário Juventude Negra, com os rappers Rappin'Hood e Dexter. O evento foi realizado pela Secretaria Municipal da Promoção da Igualdade Racial na Galeria Olido, região central da cidade, no contexto da Semana da Consciência Negra.
Shabazz é a filha caçula do casal Betty Shabaaz e Malcolm X, reconhecidos pela luta contra o racismo nos Estados Unidos. Malcolm X foi um dos maiores defensores mundiais dos negros, assassinado em 1965 durante um discurso no Harlem, em Nova York. Betty Shabazz era educadora e militante dos direitos civis.
O evento foi marcado pelo encontro dela com dois dos maiores nomes do RAP brasileiro, cultura negra que surgiu em Nova York no início dos anos 70. "O rap continua militante", disse Rappin Hood. Shabazz completou: "O rap nasceu no Bronx, a dois quarteirões da minha casa, e é muito bom saber que está tão bem representado aqui. Eu sou hip hop."
O evento discutiu a violência racial na cidade e a importância da promoção da igualdade. De acordo com dados do Mapa da Violência 2014: Os Jovens do Brasil, dos 56.337 mortos por homicídios no Brasil em 2012, 53,37% eram jovens. Destes, 77% eram negros e 93,3% eram homens. De 2002 a 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o de jovens negros aumentou 32,4%.
Shabazz também lembrou da vulnerabilidade das mulheres negras. “As mulheres precisam se unir. Não podemos deixar que os homens nos definam. Somos muito mais vítimas que os homens", disse.
De manhã, ela esteve no gabinete do prefeito Fernando Haddad, onde conversaram sobre o racismo e a importância das ações afirmativas. “Meu pai costumava dizer que não importa se o negro é cristão, judeu ou muçulmano, quando ele sai na rua o branco o tacha como negro. É tudo que o branco precisa saber para discriminar. Então ele fazia questão de falar sobre o que estava acontecendo com os negros como povo, que não tinha a ver com religião”, lembrou Shabazz ao falar do pai Malcolm X.
“Hoje a maior discriminação nos Estados Unidos é a islamofobia. Deixou de ser o racismo. Há um movimento negro mais forte, em posições mais altas. Quando Obama se tornou presidente, a velha guarda dos brancos que queriam os negros por baixo simplesmente não conseguiu lidar com um presidente negro. Eles viram a família Obama, uma representação bonita de família negra, que não tinha nada a ver com a imagem do negro marginalizado. Eles ficaram confusos. Obama conseguiu como nunca antes ter mais brancos para votar nos negros. Então, as coisas estão melhorando, mas ainda há muito o que fazer”, disse Shabaaz ao prefeito.
Segundo ela, os movimentos negros estão mais fortes e as mídias sociais são cada vez mais utilizadas para denunciar e expor violações.
Para a ativista, ações afirmativas são absolutamente necessárias, mas enfrentam muita resistência e, nos Estados Unidos, foram criadas para todas as minorias, que englobam mulheres, latinos e negros.
“O problema é que 67% das pessoas beneficiadas por ações afirmativas nos Estados Unidos são mulheres brancas”, explicou a ativista, lembrando da criação dos chamados Historically Black Colleges, instituições de ensino superior voltadas para a comunidade negra americana. “Foi muito importante para estudantes que não conseguiam ingressar em universidades como Yale, Harvard e Columbia. Não queríamos ficar só chorando, por isso nós criamos as nossas próprias universidades”, contou. Atualmente há 215 Black Colleges no território americano, onde 98% dos estudantes são negros.
“O Brasil deu um passo muito importante com ações afirmativas de acesso a universidades. Fui ministro da Educação e pude observar em todo o Brasil um incremento enorme da população negra no ensino superior. Como prefeito, estamos fazendo o mesmo com o serviço público, que está ganhando uma cor diferente. Nas carreiras que remuneram bem, os negros estão entrando no serviço público por imposição legal, e isso está melhorando muito a qualidade da administração, por causa da diversidade no dia a dia da máquina pública”, contou Haddad.
O prefeito também comentou o esforço de sensibilização das empresas na adoção de ações afirmativas, com a criação do Portal São Paulo Diverso, que aproxima empregadores e trabalhadores negros.
“As políticas municipais afirmativas de São Paulo congregam o maior projeto de inclusão do negro em uma cidade da América Latina”, completou Maurício Pestana, secretário municipal da Promoção da Igualdade Racial.
Malaak Shabazz chegou a São Paulo nesta quarta-feira e fica na cidade até sábado (21). Depois do encontro com o prefeito, Shabazz foi visitar o bairro de Cidade Tiradentes. Esta é a primeira vez que ela vem ao Brasil, a convite do secretário Pestana. “Minha mãe vinha todos os anos para o Brasil. Ela trabalhava muito e vir para cá era o jeito que ela tinha de respirar, de descansar. Eu sempre quis vir, estou muito feliz de estar aqui e sei que vou voltar”, disse a ativista.
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