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Segunda-feira, 10 de Junho de 2019 | Horário: 11:49
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Prefeitura inicia obras de requalificação do Vale do Anhangabaú

Ação faz parte de um amplo processo de recuperação do Centro

A Prefeitura de São Paulo inicia neste mês as obras de requalificação do Vale do Anhangabaú. O anúncio foi feito pelo prefeito Bruno Covas nesta segunda-feira (10), e prevê investimentos de cerca de R$ 80 milhões, destinados do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB). A previsão é que às obras sejam entregues em junho de 2020.

“Esse projeto vem da administração passada. Estamos dando continuidade pois entendemos que administração pública é uma corrida de revezamento. Não fazia sentido jogar o projeto no lixo. Esse é um projeto da administração e do povo de São Paulo”, destacou o prefeito Bruno Covas.

Reprodução do projeto

O local receberá cafés, floriculturas, sanitários, ludoteca, entre outras atividades que farão parte da vida cotidiana do Vale. A ação faz parte de um amplo processo de requalificação do centro, cujo objetivo é incentivar a sua ocupação e o seu uso, transformando os espaços públicos em lugares atrativos na vida cotidiana. 

Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre, uma das áreas para eventos já deverá ficar pronta para a próxima Virada Cultural. “As obras serão feitas em etapas. Também vamos manter algumas áreas para que os pedestres possam circular nesse período”, disse.

Para fortalecer a sua característica como porta de acesso ao centro, o projeto do Vale qualifica as conexões com os meios de transporte público – metrô, ônibus; com os espaços culturais da cidade, museus, cinemas e teatros; além dos edifícios de escritório ao seu redor.

Nesse sentido, uma série de ações está prevista para o local. A proposta de mobilidade para o Vale do Anhangabaú valoriza a circulação dos pedestres, recuperando integralmente o eixo da Avenida São João ao dotá-lo com o pavimento adequado aos critérios de acessibilidade e de sinalização.

O piso do Vale formará uma superfície uniforme como uma plataforma para atividades e eventos, com acessibilidade universal que oferece o máximo de flexibilidade para o uso e com materiais de qualidade.

As funções e características das ruas Formosa e Anhangabaú serão reativadas, a partir da implantação de quiosques, bancas de jornal, ludoteca, abrigadas dentro de um novo mobiliário urbano. Nesse sentido, mais de 1.500 lugares serão distribuídos entre bancos e cadeiras, além de bebedouros, lixeiras e paraciclos. O objetivo é favorecer a permanência da população e a apropriação do espaço.

Com referência ao antigo rio que deu nome ao Vale do Anhangabaú, a água será reintroduzida como elemento principal, singular e ativo. A utilização da água no projeto tem papel fundamental na melhoria do microclima da região. A água é aspergida, molhando apenas o chão, e depois recolhida pelos ralos do equipamento. Serão 850 pontos de jatos d’água, com reaproveitamento de 90% do total e captação de 10% do restante através de poço artesiano. Um tanque de armazenamento subterrâneo com capacidade de 1.500 m3 coleta essa água que, uma vez pulsada, se expressa e volta ao ciclo através de drenagem. A água será organizada em diversas zonas que poderão ser controladas, ligadas e desligadas, de acordo com a necessidade, demanda e situação do uso do espaço.

O projeto também valoriza as áreas ajardinadas e as árvores da área de intervenção. Para isso, busca-se criar marquises verdes ao longo das ruas Anhangabaú e Formosa e da Avenida São João, formar ambientes sombreados, garantindo um bom microclima, escolher espécies com copas altas, permitindo visão desobstruídas através do Vale, e afastar as árvores da região dos túneis para que seu crescimento seja saudável. Em sua forma final, o Anhangabaú contará com 480 árvores – 355 serão mantidas e 125 novas espécies nativas serão plantadas.

A iluminação pública será automatizada com um sistema LED de alta eficiência energética, levando ao aumento da qualidade da iluminação, proporcionando economia de energia e aumentando a segurança da região. Serão 28 pontos de iluminação na esplanada, 105 pontos de iluminação sob as árvores, 900 metros lineares de iluminação sob os bancos e 217 pontos de iluminação na escala do pedestre.

A Prefeitura estuda o processo de gestão do espaço e de curadoria das atividades para o Vale, justamente no intuito de fomentar atividades culturais, comerciais e de lazer na região, complementadas por ações sociais de apoio a toda a população.

Além disso, também está previsto o aprimoramento da infraestrutura com o enterramento da rede de energia e de telecomunicações, realizando o seu ordenamento em novas galerias técnicas e banco de dutos.

A proposta de renovação do Vale alavanca não somente a discussão das formas de uso e da recuperação das estruturas ambientais do espaço público, como também incrementa e renova a infraestrutura do Centro. Os temas abordados no projeto se remetem aos desejos pretendidos e identificados durante a elaboração do programa, inclusive resolvendo as preocupações apontadas pelo debate público e por especialistas. O processo de gestão se torna, portanto, uma ação que vai além dos perímetros do Vale e se configura como estruturante para as demais áreas da cidade.

Skate

As obras de reurbanização do Vale do Anhangabaú não vão prejudicar ou impedir a prática do skate no local. A proposta da Prefeitura é melhorar a área para todas as pessoas que frequentam a região e não prejudicar o que está dando certo, como o skatismo no Centro Velho. O Vale é um dos locais prediletos para a prática do "street skate" (skate de rua) no Centro e vai continuar sendo local de encontro dos skatistas, mesmo após a reforma.

Projeto

O projeto do Vale do Anhangabaú foi construído com a contribuição de diversos profissionais, técnicos municipais e profissionais da sociedade civil, por meio de um processo participativo iniciado em 2013. Tanto o conceito, quanto o projeto básico, foram coordenados pela SP-Urbanismo, empresa de planejamento urbano vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).

Para consolidação do projeto, foram mapeadas a vida pública e a atuação nos espaços não somente pela óptica do desenho e da infraestrutura do Vale, mas também pela lógica da elaboração de um programa de atividades que renovasse e qualificasse o uso do espaço especialmente para pessoas, dando suporte à passagem e à permanência nos espaços.  

A partir do debate iniciado, da leitura histórica e da leitura atual do espaço do Vale, foram constituídos consensos que resultaram numa planta do programa, setorizando as atividades desejadas para o Vale.

Requalificação do Centro

A reurbanização do Vale integra um conjunto de iniciativas para recuperação da região central que envolve um amplo processo de transformação do centro. São diversos projetos públicos, em diversas fases de desenvolvimento, que estão sendo pensados para a região central de São Paulo, que incluem desde amplos processos de transformação até projetos específicos, abordando temas como habitação de interesse social, mobilidade, saúde e lazer.

A requalificação da região central envolve ações como a recuperação dos calçadões na área do Triângulo Histórico – localizado entre as ruas Benjamin Constant, Boa Vista e Líbero Badaró -, o resgate de atividades econômicas, culturais e o incentivo à requalificação de edifícios e terrenos abandonados ou subutilizados, a viabilização do Parque Augusta, do Parque Minhocão, o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Setor Central, a revitalização do Largo do Arouche e Praça Roosevelt, além da concessão da cobertura do Martinelli à iniciativa privada, com programa de curadoria, loja e restaurante.

Como o Vale do Anhangabaú é hoje?

Localizado no Centro histórico de São Paulo, o Vale do Anhangabaú é considerado um ponto de referência e encontro para a população, eficaz para shows, atividades culturais e grandes eventos, mas árido e pouco qualificado para o dia-a-dia da população.

Seu entorno é repleto de edifícios históricos e emblemáticos, mas são poucos aqueles cujo piso térreo convide os usuários à permanência. O espaço propicia algumas práticas de lazer, mas não é acessível a idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida.

Trata-se do principal destino para os usuários do sistema de transporte público dos terminais Praça da Bandeira e Pedro Lessa e tem como maior eixo de circulação o cruzamento com a Avenida São João.

Em contrapartida, o Anhangabaú faz parte de uma extensa rede para pedestres na área central, bastante movimentada, com ótimo serviço de transporte público e grande variedade e quantidade de atividades nas proximidades: destinadas à estudo, trabalho, alimentação, atividades sociais e culturais, serviços públicos, compras.

Histórico

Ao longo do desenvolvimento e crescimento de São Paulo, o Vale do Anhangabaú sofreu várias mudanças.

Em 1892, a partir do viaduto idealizado por Jules Martim, o Vale ganhou uma ligação entre a Rua Direita e o Morro do Chá.

Em 1911, o Anhangabaú recebeu um parque projetado pelo arquiteto francês Joseph-Antoine Bouvard. Na década de 40, com a implantação de uma avenida de fundo do vale, o local passou a ocupar um papel importante na estruturação viária norte-sul. No mesmo período foi construído um novo Viaduto do Chá.

Na década de 70, com o objetivo de solucionar o problema da travessia para a ligação entre as duas margens no Centro, foi lançado o “Concurso Público Nacional para a elaboração de Plano de Reurbanização para o Vale do Anhangabaú”, cuja equipe vencedora era liderada pelos arquitetos Jorge Wilheim, Jamil José Kfouri e Rosa Grena Kliass.

O sistema viário foi transferido para um túnel, provocando alterações na dinâmica da área central, sobretudo na relação do Anhangabaú com a colina histórica e o eixo da Avenida São João, que foi interrompido. Durante a obra, vários aspectos do projeto foram adaptados, resultando no desenho atual.

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