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Quinta-feira, 6 de Junho de 2019 | Horário: 17:51
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Queimaduras podem deixar marcas para sempre

Prevenção é a única medida realmente eficaz para se evitar os acidentes, o sofrimento e as complicações provocadas pelos traumas

Esta quinta, 6 de junho, é o Dia Nacional de Luta contra Queimaduras. A data, instituída pela Lei nº 12.026/2.009, tem o objetivo de divulgar as medidas preventivas necessárias à redução de acidentes. “Queimadura é toda lesão do tecido orgânico em decorrência de um trauma de origem térmica (quente ou frio)”, explica o cirurgião plástico André Toshiaki Toda Nishimura, coordenador do Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, do Tatuapé, referência de atendimento a queimados na Rede de Saúde da cidade de São Paulo.

Segundo dados do Ministério da Saúde, as queimaduras acometem um milhão de pessoas por ano, sendo que 100 mil pacientes necessitam de atendimento hospitalar. As marcas podem ser temporárias ou permanentes, dependendo da classificação: queimaduras de primeiro, segundo ou terceiro graus.

As de primeiro grau atingem somente a epiderme, camada mais superficial da pele. A lesão é seca, não produz bolhas e, geralmente, melhora no intervalo de três a seis dias, podendo descamar. Não deixa sequelas, porém, é a mais dolorosa. Produz vermelhidão na pele parecida com a da queimadura solar.

Nas queimaduras de segundo grau, as lesões atingem a derme, camada dividida em superficial e profunda da pele. Os sintomas são os mesmos, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida. No entanto, a cura é mais demorada: pode levar até três semanas. Não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ficar mais claro.

Já as de terceiro grau, apesar da semelhança com as profundas de segundo grau, acometem toda a derme e atingem tecidos subcutâneos, músculos, nervos e ossos, com lesão de espessura total. Essas queimaduras provocam pouca dor, contudo, deixam cicatrizes profundas.

“O tratamento depende da extensão acometida e das condições clínicas do paciente. Geralmente, as queimaduras de segundo grau profundas e as de terceiro grau necessitam de cirurgia”, esclarece o doutor Nishimura, que é membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Causas

De acordo com o cirurgião, a principal causa de queimaduras e da maior parte dos acidentes se dá por escaldadura (queimar-se com líquido fervente), principalmente em crianças menores de 12 anos. O profissional também chama a atenção para o aumento de atendimentos no ambulatório do Centro de Tratamento do Hospital do Tatuapé.

“Temos 600 atendimentos por mês em média, sendo que há meses em que temos 800 e outros que ultrapassamos 1 mil pacientes, devido ao uso de fogos de artifício e consumo de álcool, geralmente após Ano-Novo e festa junina. Julho e janeiro são os meses de maior atendimento”, adverte o especialista.

Também é fato que, dentro de casa, a cozinha é o local de maior ocorrência de queimaduras. Quanto mais longe do fogão a criança estiver durante o preparo das refeições, melhor. “Crianças de um a nove anos representam 16% do total do atendimento ambulatorial. Hoje, muitas delas são fãs de programas culinários. Devemos sempre supervisioná-las e orientá-las sobre produtos inflamáveis e voláteis. A chapinha e o ferro de passar também são importantes agentes causadores de queimaduras. Esses casos são altamente evitáveis”, garante.

Nishimura cita que pessoas em condições socioeconômicas desfavoráveis constituem um grupo de risco. “Muitos casos de queimaduras também estão ligados a crimes (tentativa de autodestruição, homicídios, feminicídios), porém, não temos dados.”

O especialista afirma que o atendimento a queimados vem aumentando nos últimos dois anos devido ao fechamento de outros centros de tratamento. “O Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio conta com 22 leitos de enfermaria e quatro leitos de cuidados especiais (UTI), porém, somos o único centro municipal que oferece esse tipo de atendimento”, afirma.

O cirurgião ressalta que o problema é socioeconômico. “Pessoas que moram em casas com cômodos separados têm menos chances de sofrer acidentes. Pessoas que moram em barracos onde os cômodos não são separados e, às vezes, não têm dinheiro para comprar gás de cozinha, correm maior risco. Outra prova disso é que, há 20 anos, a maior parte dos acidentes ocorria na região do Tatuapé, que era periferia de São Paulo. Hoje, o Tatuapé é um bairro de classe média, e as pessoas que se queimam estão em zonas mais periféricas”, reitera.

O médico ainda faz um alerta contra youtubers que lançam desafios em vídeos, como o do spray de aerossol que os adolescentes são incentivados a aplicar em uma região do corpo. “No começo, o frio causa dor, mas, depois de um tempo, a dor desaparece e se pode ter uma queimadura profunda. Devemos educar as pessoas a terem senso crítico, com foco na prevenção de muitos acidentes”, finaliza.

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