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SUS realiza cirurgia intrauterina inédita na rede pública municipal

Pela primeira vez, o Sistema Único de Saúde (SUS) da rede municipal de São Paulo realizou uma cirurgia intrauterina de alta complexidade. O procedimento foi feito em um bebê que estava dentro da barriga de sua mãe nesta quinta-feira (24) no Hospital Municipal e Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva – Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da cidade. O prefeito Ricardo Nunes acompanhou a cirurgia, que foi transmitida no anfiteatro do hospital aos alunos, médicos e enfermeiros da unidade.
“Há oito anos uma menina passou pela mesma cirurgia [em um hospital particular], e hoje ela vive sem qualquer sequela. É isso que esperamos para o Isaac, esse bebê que acabamos de acompanhar a cirurgia também durante o pré-natal”, contou o prefeito, que também destacou a importância do avanço na rede municipal na questão da ciência médica. “Essa é a primeira cirurgia desse tipo realizada na nossa rede pública e esperamos que todos os casos que surgirem possam passar por procedimentos para terem uma qualidade de vida boa”, enfatizou.
A cirurgia
Gestante de 24 semanas, Thais Coutinho Melo (23 anos) passou por uma correção de mielomeningocele (um defeito de fechamento da coluna) por mini-histerotomia em seu segundo filho, após descobrir o diagnóstico em uma consulta do pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima à sua casa. Para realizar o procedimento, a gestante foi encaminhada ao Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha.
O Hospital Municipal e Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva – Vila Nova Cachoeirinha é amplamente conhecido pelos protocolos já estabelecidos baseados nas melhores evidências científicas, pela formação de residentes em ginecologia, obstetrícia e neonatologia e pela excelência do seu quadro de profissionais e da assistência que presta à população. O local atende a uma grande parcela de casos de alto risco envolvendo gestantes.
“Esse é um dos nossos hospitais mais importantes para o acompanhamento das gestantes na cidade. Aqui fazemos uma média de 600 partos mensalmente, mais de cinco mil procedimentos todos os meses. Um hospital que tem a parte de ensino, com várias universidades que o utilizam como campo de estágio e agora, essa primeira cirurgia vem ao encontro de uma série destas que o SUS na cidade começa a fazer, embora o município seja responsável apenas pela rede de atenção básica, aqui em São Paulo nós fazemos baixa, média e alta complexidade”, explicou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.
A cirurgia durou cerca de três horas e foi conduzida pelos obstetras especialistas em medicina fetal Enoch Quinderé de Sá Barreto e Clarice Hideko Yamaguchi. Por meio de um orifício no útero da mãe, os cirurgiões operaram o feto para a correção da mielomeningocele, da mesma forma como o procedimento é feito em recém-nascidos.
Esta cirurgia é indicada nos fetos que têm um defeito chamado disrafia espinhal, comumente conhecida como mielomeningocele e que afeta o fechamento da coluna. Nos bebês que nascem com essa condição, as raízes nervosas ficam alteradas e presas à pele e aos ossos da coluna, prejudicando a inervação dos membros inferiores, intestinos e vias urinárias. Além disso, ocorre uma herniação de parte do cérebro (tronco cerebral) para o canal da medula, o que leva à hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro).
Mais qualidade de vida
Para a qualidade de vida das crianças, a literatura médica nacional e internacional já demonstra amplos ganhos na área neurológica proporcionados pelo diagnóstico precoce aliado à intervenção intrauterina.
Segundo dados do maior estudo científico realizado até o momento sobre o tratamento da mielomeningocele, o Management of Myelomeningocele Study (MOMs), realizado pelo Centro de Bioestatística da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, os bebês operados ainda no útero tiveram melhor desempenho neurológico e menor necessidade de colocação de drenos no cérebro, por causa da hidrocefalia, na comparação com aqueles que passaram pelo procedimento após o nascimento.
Os profissionais do Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha envolvidos no procedimento – médicos obstetras, neurocirurgiões infantis, anestesistas e intensivistas – foram treinados pela equipe do médico Fabio Peralta, do Hospital e Maternidade Santa Joana/Pro Matre e Hospital do Coração (HCor). O Hospital e Maternidade Santa Joana também cedeu materiais que foram utilizados na cirurgia.
Procedimento inédito
O ineditismo dessa cirurgia realizada pela rede municipal representa mais um passo na qualidade e abrangência do atendimento que a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS) oferece às mulheres e gestantes. Mesmo na rede particular, a cirurgia intrauterina de correção de mielomeningocele por mini-histerotomia é feita em poucos hospitais da capital.
SECOM - Prefeitura da Cidade de São Paulo
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