Prefeitura de São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes participou neste domingo (23) do lançamento da 9ª edição do Samba com as Mãos, mais um projeto da Prefeitura de São Paulo para promover a inclusão cultural e a acessibilidade. No Samba com as Mãos, os 22 enredos das escolas do Grupos Especial e de Acesso do Carnaval de São Paulo 2025 são interpretados em Libras para garantir sua compreensão por pessoas surdas ou com deficiência auditiva.

“Não seria imaginável para a gente aqui da cidade de São Paulo ter o maior carnaval do Brasil e não ter um carnaval inclusivo”, disse o prefeito Ricardo Nunes durante o lançamento do Samba com as Mãos, ressaltando que esse é o espírito da festa realizada em São Paulo. “É um Carnaval para todos. E o que a gente está fazendo aqui é isso. A gente vai ter várias ações no Sambódromo. Vai ser tudo muito maravilhoso, evidentemente com o trabalho de vocês, de todas as escolas. Hoje já tivemos um dia muito importante do nosso Carnaval, ontem, hoje, que foi o pré-carnaval de rua, foi um sucesso total. Junto com vocês a gente está fazendo o maior Carnaval do Brasil, gerando emprego, gerando renda, fincando o pé na cultura aqui da nossa cidade.”

Além da interpretação em Libras, as expressões faciais e gestos corporais são essenciais para a transmissão das emoções e do contexto das mensagens. Houve um processo cuidadoso de pesquisa, especialmente porque os sambas-enredo trazem expressões de origem africana, termos típicos do carnaval e ditos populares. Essas particularidades exigiram um trabalho conjunto entre intérpretes de Libras e consultores surdos para garantir que o significado cultural e poético das músicas fosse mantido.

Para a intérprete de Libras Amanda dos Santos Pierre, 33 anos, fazer a interpretação do Samba com as Mãos representou vários desafios por conta das linguagens. “São narradas com suas peculiaridades nos sambas enredo. Alguns abordam a língua indígena, outros a matriz africana. Mas, com estudo, a gente chega lá. O Samba com as Mãos é importante porque a comunidade sente a música. É muito importante para que eles entendam o que é esta festa tão grandiosa para o Brasil.”

O projeto é desenvolvido pela Prefeitura por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) em parceria com a Liga das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP).

A atividade contou com a participação de oito profissionais, incluindo intérpretes de Libras e pessoas surdas, demonstrando a importância do protagonismo da própria comunidade surda na produção do conteúdo.

Os vídeos com as interpretações serão divulgados nas redes sociais da SMPED (@smpedsp). A divulgação ocorrerá de acordo com a ordem oficial dos desfiles no Sambódromo do Anhembi, que acontecem nos dias 28 de fevereiro, 1º e 2 de março. O objetivo é que a comunidade surda tenha acesso antecipado aos sambas-enredo, permitindo que todos participem do carnaval com mais envolvimento e emoção.

O projeto é bastante elogiado pelas pessoas surdas, que ressaltam principalmente a possibilidade de poderem participar da festa sentindo a mesma vibração que os demais. “É muito bom sentir a energia da música. Antes, queria fazer as coreografias, mas não conseguia. Sempre tive vontade de participar, mas faltava inclusão, acessibilidade”, revelou a bancária Ana Cláudia Guedes Farias dos Santos, 39 anos.

Para ela, o Samba com as Mãos é muito importante para a comunidade surda porque, antes, todos ficavam sentados. “E isso mudou. Agora tem intérpretes de Libras nos ensaios e nos blocos. Vou desfilar pela primeira vez na Rosas de Ouro na próxima sexta-feira e o meu recado para as pessoas surdas é que tenham coragem e participem, para não perderem essa oportunidade.”

O designer gráfico Douglas Furtado Francisco, de 37 anos, conta ser um avanço importante para a comunidade surda. “Assim nós não nos sentimos mais separados. Agora conseguimos entender, não tem mais barreiras. Tem uma inclusão, nós podemos ficar juntos, sentir a mesma vibração, participar juntos da festa, da inclusão.”

Para ele, poder participar do carnaval e compreender os sambas-enredo é muito especial. “A gente vê a população muito alegre, sorridente, é muito legal”, afirmou Francisco. “É uma festa muito brasileira. E eu quero participar também, eu quero ter a mesma alegria do povo”, disse, ressaltando que gosta de olhar as fantasias e de entender a história de cada samba enredo. 

Diversidade e direito ao lazer
Projetos como o Samba com as Mãos são essenciais para promover a inclusão cultural e a acessibilidade. O samba, como símbolo da identidade brasileira, representa história, resistência e expressão popular. Ao garantir que pessoas surdas possam vivenciar o carnaval pela interpretação em Libras, a Prefeitura promove a diversidade e o direito ao lazer e à cultura para todos.

Além de ser uma ação de acessibilidade, essa iniciativa também contribui para aumentar a visibilidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é reconhecida oficialmente como meio de comunicação e expressão pela Lei nº 10.436/2002.

Segundo o Censo Brasileiro de 2010, revisado pelo IBGE em 2017, vivem na cidade de São Paulo 120.660 pessoas com deficiência auditiva. Muitas dessas pessoas têm as Libras como sua primeira língua. A comunicação em Libras vai além do uso das mãos: expressões faciais e gestos corporais são essenciais para a transmissão das emoções e do contexto das mensagens.

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