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Quarta-feira, 30 de Abril de 2025 | Horário: 13:24
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UBSs da região central levam a prática de exercícios para espaços abertos do território

Trabalho de profissional de educação física na saúde estimula mudança de hábitos e ajuda pacientes a superar quadros de dor e até depressão

A Prefeitura de São Paulo promove atividades físicas semanalmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região central da capital, como forma de prevenção de doenças, promoção do bem-estar e fortalecimento dos vínculos entre cidadãos. Em parceria com profissionais de educação física, as atividades acontecem nas segundas, terças e sextas-feiras e incentivam a prática regular de exercícios em espaços públicos, com foco em grupos prioritários como idosos e pessoas com doenças crônicas. A iniciativa envolve alongamentos, fortalecimento, relaxamento e yoga, e tem gerado resultados positivos na saúde física e mental dos participantes.

O profissional de educação física Marcos Rogério Trevizoli realiza atividades em grupo no território coberto pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Humaitá e Nossa Senhora do Brasil. Centenas de pacientes atendidos pelas duas unidades seguem Marcos nas atividades, dadas em locais diferentes como a Arena Bela Vista, localizada sob um viaduto, e no Parque Augusta.

Marcos, que já foi jogador de futebol e preparador físico, começou a trabalhar na rede municipal de saúde há nove anos, como parte das equipes multiprofissionais das UBSs. Sua missão nos equipamentos é atuar na promoção da saúde e prevenção de doenças por meio do estímulo à prática de atividades físicas junto a grupos como idosos e pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).

Ao contrário da realidade que tinha antes de entrar na rede pública, agora a maioria das pessoas que orienta, encaminhadas pelas UBSs, têm um ou mais problemas de saúde com os quais lidar, de dores generalizadas a colesterol alto, de sobrepeso a diabetes ou mesmo questões de saúde mental.

Por isso, o ritmo das atividades propostas por Marcos segue a condição dos pacientes, com foco em múltiplos aspectos, como recuperar o equilíbrio, força e a autonomia para se locomover, aumentar a flexibilidade, melhorar o tônus muscular, entre outros. Recentemente, ele também passou por uma formação em yoga, uma das práticas integrativas e complementares em saúde (Pics) presentes na rede municipal, que agora integra o repertório das dinâmicas propostas. Por meio da yoga, Marcos não apenas trabalha o fortalecimento corporal, mas também o cultivo de atitudes que ajudam a elevar o astral das turmas.

O profissional de educação física conta que as atividades físicas propostas promovem ainda um espaço importante de sociabilidade, uma vez que muitos idosos vivem sozinhos. “Os grupos trabalham a parte física, e nisso alcançamos resultados fantásticos”, diz Marcos, que costuma pontuar que “corpo sem movimento não gera benefício e perde funcionalidade”. Mas ele também enfatiza a importância de mudanças de hábitos e de criar uma rotina envolvendo as práticas de atividades físicas. O objetivo é transformar realidades através da prática corporal e do cuidado ampliado.

 

Atividade tem alta adesão

Na Arena Bela Vista, espaço gerenciado por uma organização social atuante no bairro e parcialmente cedido para o uso da UBS Humaitá, em uma das sextas-feiras, cerca de 30 pessoas compareceram à atividade no espaço embaixo do viaduto Júlio de Mesquita Filho, apesar da chuva caída ao longo de toda a noite. Como de costume, Marcos inicia a prática acolhendo cada um, individualmente. Depois é feito aquecimento, alongamento e, por volta das 9h, encerra com relaxamento sobre o colchonete. Se houver alguém com queixa de dor, ainda faz aplicação de auriculoterapia, prática que também integra as Pics na Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Eurides Oliveira Rios, 65, é uma das pessoas que comparece assiduamente às atividades na Arena. Em acompanhamento na UBS Humaitá há pelo menos 30 anos, ela, que mora junto com a filha, conta que começou a frequentar o grupo há cerca de três anos por recomendação do psicólogo da unidade. “Eu tinha depressão, crises de ansiedade, ataques de pânico que, mesmo tomando medicamentos prescritos pelo psiquiatra, não passavam”. Hoje, Eurides garante que a condição é outra graças à atividade física que incorporou à sua rotina. “Vir aqui, fazer os exercícios, ver as outras pessoas e o Marcos, tudo isso mudou a minha vida, melhorou em 90%; hoje digo que eu sou feliz”, diz emocionada.

José Conceição Silva Araújo, 50, zelador, Wilma de Souza, 70, cuidadora, Rosângela de Paula, 67, jornalista, Avanilda de Jesus Mocó, 53, diarista e Pedro Nunes, 58, operador de máquina, são alguns dos pacientes da UBS encaminhados para o grupo de atividade física. A maioria de suas queixas diziam respeito a dores. A cuidadora Wilma, por exemplo, chegou com uma escoliose grave, causada em parte pela necessidade de fazer força ao longo de 30 anos de carreira. “Cheguei aqui muito torta”, resume ela, que conseguiu recuperar boa parte da mobilidade depois de começar a acompanhar o grupo, há dois anos.

A jornalista aposentada Rosângela começou há seis meses, com indicação para fortalecimento e alongamento, depois de sofrer uma fratura na perna, e diz sentir-se bem no grupo. “Trabalhamos físico e mente”. A diarista Avanilda chegou há dois anos, depois de relatar dores nas costas e no braço, decorrentes do esforço físico no trabalho. Gostou tanto que reservou as sextas-feiras sem faxinas para poder ir à Arena. E ainda levou o marido, Pedro, que sofria com dores nas costas e nos quadris e começou no grupo há dois meses. O resultado é que ele foi “capturado”, da mesma forma que a esposa, e passou a frequentar também o grupo do Parque Augusta, às terças-feiras. “Eu nunca tinha feito atividade física, é muito bom, eu percebi que a ginástica funciona como uma fisioterapia”, comenta, impressionado.

Mas o campeão de assiduidade entre os pacientes que se exercitam com a orientação de Marcos é o zelador José Conceição Silva Araújo, que pedala todos os dias de Santana, na zona norte, até o seu emprego, em um condomínio na Bela Vista, e acompanha os grupos às segundas, terças e sextas-feiras, antes de entrar no trabalho. “Eu tinha muita dor nas costas e melhorou tudo”, resume “Seu Zé”, como é conhecido.

 

Cuidando de quem cuida

O cuidado dispensado aos pacientes chega também aos trabalhadores das UBSs; na Humaitá, por exemplo, três agentes comunitárias de saúde (ACSs), Josefa Jaina, Ilma Aparecida e Ana Carolina dos Santos, participam das atividades promovidas pelo profissional de educação física na Arena Bela Vista, como meio auxiliar no tratamento de problemas de saúde.

Na UBS Nossa Senhora do Brasil, o cuidado com os profissionais da unidade começou a ser realizado pela equipe multidisciplinar durante a pandemia de Covid-19, e hoje uma pequena praça nas proximidades vem sendo utilizada por Marcos, juntamente com a psicóloga Soraia Paganini da Silva, para oferecer atividades aos trabalhadores, que revezam em grupos para, ao longo de 30 minutos, alongar, fazer exercícios físicos ou apenas relaxar um pouco sobre o colchonete. “É um momento deles”, resume Marcos.

“Como uma Unidade Básica de Saúde, temos compromisso com a promoção da saúde e do bem-estar de todos os nossos usuários e também dos profissionais, que enfrentam uma rotina intensa e, muitas vezes, estressante”, comenta a gestora da UBS Nossa Senhora do Brasil, Ana Paula de Menezes Sales. Ela ressalta que a prática regular de atividade física é um dos pilares fundamentais para uma vida saudável e que as atividades externas, nesse contexto, “reforçam o vínculo da UBS com a comunidade, levando saúde e informação para além dos muros, fortalecendo o papel da atenção primária como promotora de saúde e não apenas como espaço de tratamento de doenças.”

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