Secretaria Especial de Comunicação
Produção indígena é tema de nova mostra no Pavilhão
A exposição ''ArteFatos Indígenas'' reúne trabalhos de 12 povos indígenas que salientam a diversidade das tradições estéticas e a importância da manutenção destas tradições na produção contemporânea em novos processos de reafirmação de identidades indígenas.
Ora vista como arte, ora vista como artefato etnográfico, a produção indígena brasileira ganha nesta mostra um olhar mais aprofundado, que sublinha o característico processo do “fazer com arte” e a relação entre este fazer e a salvaguarda de conhecimentos tradicionais.
Com 270 peças, a exposição, que será inaugurada em 10 de setembro, às 15h, traz ao público as recentes coleções de arte indígena adquiridas pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo para integrar o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras. O espaço, inaugurado em 2010, foi criado especialmente para inserir no universo artístico expressões relevantes da cultura nacional, mas ainda sub-representadas nos acervos das instituições, como é o caso da produção indígena e da arte e do design populares.
Em ArteFatos Indígenas os curadores Cristiana Barreto (arqueóloga e pesquisadora que participou do projeto de concepção do Pavilhão e da curadoria da exposição de abertura Puras Misturas) e Luis Donisete Benzi Grupioni (etnólogo especialista em cultura material indígena, e coordenador do IEPÉ) dividiram a mostra em módulos que evidenciam a obra contemporânea de 12 povos indígenas da Amazônia, dos Estados do Amapá, Pará e Mato Grosso: Wajãpi, Galibi, Palikur, Karipuna, Galibi-Maworno, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana, Aparai, Asurini, Kayapó e Kayapó Xikrin.
Os trabalhos reunidos salientam a diversidade das tradições estéticas e a importância da manutenção destas tradições na produção contemporânea em novos processos de reafirmação de identidades indígenas específicas ou regionais. Objetos rituais – máscaras, ornamentos corporais e instrumentos musicais – e do cotidiano – cerâmicas, cestos e bancos esculpidos em madeira – ilustram as diferentes tradições estéticas dos povos que os produzem. Além destas peças, 30 desenhos sobre papel mostram a riqueza da arte gráfica Wajãpi, reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.
Destacam-se ainda as esculturas em madeira dos povos indígenas do Oiapoque, que representam com maestria os animais da floresta presentes também em sua mitologia. No mesmo espaço da exposição um vídeo ilustra os processos de confecção e uso de muitos dos artefatos expostos.
O conjunto de trabalhos da mostra realça a política de aquisição do Pavilhão das Culturas Brasileiras que foca a produção contemporânea e inclui artefatos feitos com materiais atuais, como miçangas, botões e canudos plásticos, ou desenhos sobre papel feitos com caneta hidrográfica, e mesmo objetos para o público não indígena. Segundo os curadores, é um tipo de produção que geralmente não é mostrada, pois há ainda uma ideia muito caricatural e preconceituosa sobre o “tradicional” e o “moderno” entre as sociedades indígenas, e de que o uso de materiais atuais seria um sinal de uma arte menos autêntica. “O uso e incorporação de materiais ‘modernos’ em artefatos ‘tradicionais’ causam ainda muita estranheza a um público acostumado a associar autenticidade à pureza das tradições passadas, negando às culturas minoritárias o direito a se modernizarem, sob o risco de se ‘contaminarem’”, afirma Cristiana Barreto.
Como exemplo de atualização qualificada, a curadora aponta a produção do projeto Artesãs do Maramara, que reúne as mulheres Tiriyó e Kaxuyana do Amapá na arte da tecelagem com sementes e miçangas. É uma arte com um vasto repertório de técnicas e desenhos e que se mantém viva e dinâmica, incorporando novos estilos e usos. A aplicação de miçangas na tecelagem das tangas e cintos, ao contrário do que se poderia supor, é bastante tradicional, desde que foram introduzidas no século XIX pelos escravos fugidos da Guiana Holandesa. Esta tradição é mantida com o uso de miçangas tchecas, mais uniformes no tamanho e propiciando desenhos com contornos mais precisos e regulares.
Outro exemplo apontado pela curadora é a substituição das plumas por canudos plásticos nos diademas Kayapó, mantendo o esquema de cores tradicionais, com as plumas de arara vermelhas mais longas no centro. “Os homens continuam envergando ritualmente esta forma de diadema, cujas variantes e compósitos de cores codificam os privilégios herdados por cada indivíduo”, completa Barreto.
Serviço
ArteFatos Indígenas
Data de abertura: 10 de setembro, às 15h
Visitação: até 8 de janeiro de 2012, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h, com entrada até as 17h
Local: Parque do Ibirapuera (antigo prédio da Prodam)
Endereço: Rua Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Visitas monitoradas: agendamento pelo e-mail educativopcb@prefeitura.sp.gov.br
Telefone: 5083-0199
* o Pavilhão das Culturas Brasileiras conta com ambiente acessível para pessoas com mobilidade reduzida
Com 270 peças, a exposição, que será inaugurada em 10 de setembro, às 15h, traz ao público as recentes coleções de arte indígena adquiridas pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo para integrar o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras. O espaço, inaugurado em 2010, foi criado especialmente para inserir no universo artístico expressões relevantes da cultura nacional, mas ainda sub-representadas nos acervos das instituições, como é o caso da produção indígena e da arte e do design populares.
Em ArteFatos Indígenas os curadores Cristiana Barreto (arqueóloga e pesquisadora que participou do projeto de concepção do Pavilhão e da curadoria da exposição de abertura Puras Misturas) e Luis Donisete Benzi Grupioni (etnólogo especialista em cultura material indígena, e coordenador do IEPÉ) dividiram a mostra em módulos que evidenciam a obra contemporânea de 12 povos indígenas da Amazônia, dos Estados do Amapá, Pará e Mato Grosso: Wajãpi, Galibi, Palikur, Karipuna, Galibi-Maworno, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana, Aparai, Asurini, Kayapó e Kayapó Xikrin.
Os trabalhos reunidos salientam a diversidade das tradições estéticas e a importância da manutenção destas tradições na produção contemporânea em novos processos de reafirmação de identidades indígenas específicas ou regionais. Objetos rituais – máscaras, ornamentos corporais e instrumentos musicais – e do cotidiano – cerâmicas, cestos e bancos esculpidos em madeira – ilustram as diferentes tradições estéticas dos povos que os produzem. Além destas peças, 30 desenhos sobre papel mostram a riqueza da arte gráfica Wajãpi, reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.
Destacam-se ainda as esculturas em madeira dos povos indígenas do Oiapoque, que representam com maestria os animais da floresta presentes também em sua mitologia. No mesmo espaço da exposição um vídeo ilustra os processos de confecção e uso de muitos dos artefatos expostos.
O conjunto de trabalhos da mostra realça a política de aquisição do Pavilhão das Culturas Brasileiras que foca a produção contemporânea e inclui artefatos feitos com materiais atuais, como miçangas, botões e canudos plásticos, ou desenhos sobre papel feitos com caneta hidrográfica, e mesmo objetos para o público não indígena. Segundo os curadores, é um tipo de produção que geralmente não é mostrada, pois há ainda uma ideia muito caricatural e preconceituosa sobre o “tradicional” e o “moderno” entre as sociedades indígenas, e de que o uso de materiais atuais seria um sinal de uma arte menos autêntica. “O uso e incorporação de materiais ‘modernos’ em artefatos ‘tradicionais’ causam ainda muita estranheza a um público acostumado a associar autenticidade à pureza das tradições passadas, negando às culturas minoritárias o direito a se modernizarem, sob o risco de se ‘contaminarem’”, afirma Cristiana Barreto.
Como exemplo de atualização qualificada, a curadora aponta a produção do projeto Artesãs do Maramara, que reúne as mulheres Tiriyó e Kaxuyana do Amapá na arte da tecelagem com sementes e miçangas. É uma arte com um vasto repertório de técnicas e desenhos e que se mantém viva e dinâmica, incorporando novos estilos e usos. A aplicação de miçangas na tecelagem das tangas e cintos, ao contrário do que se poderia supor, é bastante tradicional, desde que foram introduzidas no século XIX pelos escravos fugidos da Guiana Holandesa. Esta tradição é mantida com o uso de miçangas tchecas, mais uniformes no tamanho e propiciando desenhos com contornos mais precisos e regulares.
Outro exemplo apontado pela curadora é a substituição das plumas por canudos plásticos nos diademas Kayapó, mantendo o esquema de cores tradicionais, com as plumas de arara vermelhas mais longas no centro. “Os homens continuam envergando ritualmente esta forma de diadema, cujas variantes e compósitos de cores codificam os privilégios herdados por cada indivíduo”, completa Barreto.
Serviço
ArteFatos Indígenas
Data de abertura: 10 de setembro, às 15h
Visitação: até 8 de janeiro de 2012, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h, com entrada até as 17h
Local: Parque do Ibirapuera (antigo prédio da Prodam)
Endereço: Rua Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Visitas monitoradas: agendamento pelo e-mail educativopcb@prefeitura.sp.gov.br
Telefone: 5083-0199
* o Pavilhão das Culturas Brasileiras conta com ambiente acessível para pessoas com mobilidade reduzida
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