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Segunda-feira, 13 de Setembro de 2010 | Horário: 11:33
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Paraolimpíadas Escolares promovem a inclusão e revelam novos talentos

A cidade de São Paulo recebeu de 7 a 10 de setembro a maior competição mundial para jovens com deficiência física, visual e intelectual, as Paraolimpíadas Escolares. Mais de 800 atletas, com idades entre 14 e 20 anos, participaram das competições.
Durante três dias, São Paulo foi sede da maior competição mundial para jovens com deficiência física, visual e intelectual. De 7 a 10 de setembro, mais de 800 atletas com idades entre 14 e 20 anos, agrupados por tipo de deficiência e grau de comprometimento, participaram de competições em dez modalidades. As modalidades desta edição foram: natação, futebol de 5, futebol de 7, goalball, tênis em cadeira de rodas, voleibol sentado, bocha, judô, atletismo e tênis de mesa.

Promovida em conjunto pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Governo do Estado e Prefeitura de São Paulo, as Paraolimpíadas Escolares reuniram atletas de 21 estados mais o Distrito Federal. Um dos objetivos desta edição foi revelar talentos para as Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e também aumentar a autoconfiança dos jovens. “As Paraolimpíadas Escolares, pra mim, são mais do que a inclusão. Aqui acontece a ‘oportunização’ de práticas. Digo isso porque a maioria dos deficientes não tem acesso à educação física, quanto mais ao esporte. O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) está dando espaço para a prática e para a descoberta de novos talentos. Os atletas que estão aqui hoje estarão com idade apta para disputar as Paraolimpíadas no Rio em 2016”, comenta Ciro Winkler, coordenador de categoria de atletismo das Paraolimpíadas.

Marcelo Doniseti Micheletto, coordenador de voleibol sentado, concorda com o colega do atletismo e diz que, no caso de sua categoria, ainda é preciso vencer as barreiras do desconhecimento e atrair novos atletas para formar equipes de base. “As Paraolimpíadas Escolares são como um projeto para formar equipes que poderão servir a seleção júnior daqui algum tempo. A visibilidade que conseguimos em um evento como esse também é muito boa. Muita gente ainda pensa que voleibol sentado precisa de cadeira de rodas”, explica Micheletto, ao mostrar a diferença com o basquete.

Para o técnico de atletismo Diogo Cardoso, o reconhecimento dos esportes adaptados precisa vencer barreiras variadas, não só a do preconceito. “O crescimento do paradesporto ainda é complicado até por conta da própria família, que tem uma preocupação a mais com o deficiente e às vezes o coloca em uma redoma de vidro. Depois vem o esforço pessoal, a Bia, por exemplo, se desloca 40 quilômetros do bairro de Padre Miguel até o Maracanã para treinar três vezes por semana. A partir desta competição ela ficará mais confiante até para avançar na questão da coordenação motora”, diz o técnico de Beatriz Joaquim da Silva.

Beatriz, atleta do Rio de Janeiro, participou das provas de atletismo e acredita que o evento é, acima de tudo, motivador. “É a primeira vez que eu participo e eu estou gostando muito. Às vezes eu levo uns puxões de orelha do técnico, mas pretendo me esforçar cada vez mais”, conta Beatriz na pista do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), inaugurada no fim de julho deste ano, com piso de borracha reciclada idêntico ao do Estádio Olímpico de Berlim, onde Usain Bolt bateu dois recordes mundiais em 2009.

As outras nove modalidades foram acomodadas no Clube Espéria e no Anhembi Parque. A partida final do futebol de 5, modalidade para cegos, foi disputada no Clube Espéria e o time de Minas Gerais ganhou de 7 a 1 da Paraíba. O Rio de Janeiro ficou com o terceiro lugar. “Eu sou os olhos do meu time. Nesse caso, eu sou diferente. Mas, em um time, todos têm que trabalhar bem. Se eu não os oriento bem, todos nós somos prejudicados”, diz Nikolas Bustamante, goleiro do time de Minas Gerais, o único atleta da equipe que, pelas regras do jogo, pode não ser deficiente visual.

Ao contrário do que pensa a maioria, a superação não ficou apenas com os atletas. Treinadores, preparadores físicos e árbitros descobriram a cada competição como aprimorar a prática do paradesporto. “É a primeira vez que eu apito um jogo de futebol para cegos. É gratificante. O futebol é o mesmo, as regras é que são diferentes. O domínio com a bola é incrível, independe da deficiência”, comenta Kênia Vasques, árbitra de futebol de salão e de beach soccer.


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