Secretaria Especial de Comunicação

Quarta-feira, 16 de Setembro de 2009 | Horário: 12:04
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Projeto Som na Lata ensina e forma crianças por meio da música

O projeto socioeducativo nasceu em 2006, voltado originalmente a adolescentes em liberdade assistida. Desde novembro de 2008, 60 jovens entre 7 e 16 anos do Jardim Iporanga participam, e 25 deles se formaram em 4 de setembro.
É manhã de 4 de setembro, e o palco do teatro do CEU da Vila Rubi encontra-se vazio. Mas as luzes que se sobrepõem freneticamente, lembrando um ambiente de discoteca, já preparam os alunos da escola – que lotam o auditório – para o que está por vir. Tão logo as cortinas se abrem, 25 crianças invadem o espaço com seus instrumentos musicais, batucadas a todo vapor, produzindo um som harmonioso, vigoroso.

Elas são parte dos 60 jovens entre 7 e 16 anos do Jardim Iporanga, favela da Zona Sul da capital, que desde novembro de 2008 participam do ‘Som na Lata’. E a manhã é especial, porque é o dia da formatura.

O projeto socioeducativo nasceu em 2006, voltado originalmente a adolescentes em liberdade assistida. Idealizado pelo assistente social, músico e percussionista Caetano Silva, expandiu-se por 30 favelas da região, em parceria com a Associação Cruz de Malta. O trabalho foi momentaneamente interrompido por falta de verbas, mas encontrou apoio na Prefeitura do município, por meio do Programa Mananciais, ligado à Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), que viu na iniciativa mais uma possibilidade educacional para jovens em situação de risco social.

O resultado desse trabalho fica materializado no fim da apresentação, na forma de calorosas palmas, quando cada um recebe seu certificado de conclusão do curso. Diploma na mão e orgulho estampado na face. “Na verdade, a música serve como uma forma de conquista, fortalece a criação de um vínculo. Dessa forma, eu não apenas ensino diversos ritmos, como transmito conceitos, valores, como relacionamento social e familiar, disciplina, sexualidade, tudo por meio da formação de grupos temáticos. Música e cidadania misturam-se, confundem-se, trazendo benefícios para todos”, explica Caetano, que já tocou com Gal Costa e Inezita Barroso, entre outros artistas renomados.

Os instrumentos musicais são feitos de material reciclado, produzidos pelos próprios alunos. Recipientes de alumínio transformam-se em chocalhos, latas de tintas, em caixas, e tambores de plástico, em surdos. Todos ganham acabamento com tinta spray colorida. Diversão e dever, já que cada um é responsável pela conservação de seu instrumento. Nas aulas semanais de uma hora, teoria e prática sobre a história da música detalham a origem e evolução dos diversos ritmos, como axé, baião, maracatu e até o americano funk contemporâneo.

“O progresso da classe foi muito bom, mas respeito demais as individualidades e formas de assimilação. É possível enxergar futuros profissionais, tamanha a habilidade que alguns apresentam, mas definitivamente essa não é a intenção principal”, diz Caetano. “Procuro ajudar na formação das crianças. Dei para eles a opção de continuar me ajudando no ano que vem, com a nova leva de alunos. Outro caminho que sugiro é procurar a Ordem dos Músicos, que oferece cursos gratuitos a adolescentes com mais de 14 anos.”

Flavia e Natascha Feliciano Dias, irmãs, fizeram parte das aulas desde o início. “Só penso em coisas boas quando toco. E quando encontro alguns colegas na escola trocamos idéias sobre os ensaios e tudo o que aprendemos”, fala Flavia. “Adoro batucar. Quando estou em casa, pego umas panelas e fico treinando os ritmos. Não sei se serei uma profissional, mas aprendi muito lá, inclusive o respeito à diversidade de opiniões e a importância da convivência pacífica com colegas”, completa Natascha. Tanto elas quanto os colegas do ‘Som na Lata’ freqüentam a rede pública de ensino do Jardim Iporanga e seu entorno.


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