Secretaria Especial de Comunicação

Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009 | Horário: 08:05
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Prefeitura entrega dez Caps e amplia atendimento à saúde mental

A rede de atendimento à saúde mental, em São Paulo, foi ampliada com a entrega de 10 novos Centros de Atenção Psicossocial apenas este ano. Em toda a cidade são 57 unidades, e mais de 14 mil pessoas participam das atividades mensalmente.
Se a atenção básica é uma das grandes necessidades da população de todas as cidades, os cuidados com a saúde mental também não podem deixar de figurar entre as prioridades. Em São Paulo, a rede de atendimento à saúde mental foi ampliada, com a entrega, apenas neste ano, de 10 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Em toda a Cidade são 57 unidades, que abrangem a atenção para adultos, crianças e para casos de dependência de álcool e outras drogas. Mais de 14 mil pessoas participam das atividades mensalmente. O atendimento é reforçado por 20 Residências Terapêuticas (RTs) e 21 Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos).

No Caps o paciente é avaliado, recebe o diagnóstico e encaminhamento para o tratamento que envolve consultas multidisciplinares, medicação e oficinas terapêuticas. Aqueles que necessitam de cuidados especiais podem permanecer nas unidades que funcionam 24 horas por período de até sete dias ininterruptos ou 15 intercalados. “É uma visão diferenciada do tratamento, que oferece o acolhimento àqueles que não necessitam de internação, que fazem o controle da doença, mas que em algumas situações precisam de um acompanhamento mais intenso”, explica Maria Helena Fernandes Del Col, assessora de Saúde Mental da Coordenadoria Norte.

Oficinas terapêuticas com atividades de pintura, artesanato, confecção de bijuteria, culinária, dança, práticas esportivas e jogos de convivência são aliados do tratamento mental.

Aos 19 anos, Evandro José Honrado já é bicampeão de futebol e exibe orgulhoso o troféu da Copa da Inclusão, um campeonato estadual. O craque é paciente do Caps Mandaqui, uma das 57 unidades de saúde especializadas no atendimento de casos graves de distúrbios mentais como psicoses, esquizofrenia, dependência química, alcoolismo, transtorno bipolar, autismo e depressão.

Para Evandro, o futebol é mais do que uma terapia complementar no tratamento de controle do distúrbio mental. “Esta atividade me ajuda muito. O time existe há algum tempo e nós somos como uma família. Um colabora com o outro”, conta.

Um dos enfoques do trabalho de recuperação dos pacientes é o combate ao preconceito. A reinserção auxilia no tratamento e desmistifica o problema da saúde mental, além de melhorar a auto-estima dos pacientes.

É com essa motivação que o grupo de pacientes do Caps Perdizes, na Zona Oeste, agita a Rádio Caps, oficina comandada por Geraldo de Andrade Jr. Sob o comando do DJ, que faz a seleção musical do dia, os pacientes cantam no karaokê. Eles também participam da oficina da batata: fritam e embalam batata chips para consumo e venda aos freqüentadores.


Saúde e Cidadania

A prevenção das situações de conflito também está presente nos 57 Caps e 21 Ceccos, com atividades como lian gong, dança circular, ioga.

No Caps Perdizes foi montado o brechó Arca da Fuzarca, que promove a interação entre a comunidade e os pacientes da unidade. Eles lavam as roupas doadas, fazem os consertos necessários, organizam as prateleiras e vendem as peças. A renda é distribuída entre os participantes. Alcione Souza Alencar aproveitou a experiência adquirida como vendedor e se tornou um dos responsáveis pelo brechó. “Eu quase não tenho amigos onde moro. Aqui, não sinto solidão. É minha segunda família”.

Maria Alice Paes, gerente do Caps Perdizes, diz que as atividades possibilitam que os pacientes se sintam produtivos. “É uma forma de desmistificar a figura da pessoa com transtornos mentais graves”, explica.

Os pacientes participam ainda da oficina criativa, sob coordenação da psicóloga Carla Adriana, que produziu a revista Tempos de Aquárius, com conteúdo diversificado, e o livreto História de Uma Vida Feliz, com narrativas que mesclam histórias reais e fantasia. Cada paciente colaborou com um trecho.


Em casa

Muitos pacientes que permaneceram por longo período internados em hospitais psiquiátricos vivem hoje em 20 Residências Terapêuticas, espaços que mesclam cuidados e convivência para até oito pessoas. Em 2005, havia em São Paulo apenas uma moradia para essa finalidade. De 2008 para cá foram implantadas outras 19, em diversas regiões da Cidade.

Nas casas, eles fazem as tarefas rotineiras, cozinham, participam de atividades e passeios organizados pelos próprios moradores. Também são eles que fazem as compras e, aos poucos, conquistam sua autonomia como cidadãos.

Aos poucos a vizinhança acolhe o morador da RT, que passa a freqüentar todos os espaços sociais e a se relacionar no cotidiano da Cidade. Regina Umbelina, 47 anos, vive numa dessas residências. “Aqui estamos bem. O que eu mais gosto de fazer é cozinhar. Ajudo no que eu posso. Fui ao teatro pela primeira vez com o pessoal do Caps, assistir A História de Muitos Amores”.


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