Secretaria Especial de Comunicação
Lembranças de São Paulo antiga estão em site e livro
O livro “São Paulo Minha Cidade.com - Mais de Mil Memórias”, foi escrito por 320 moradores e ex-moradores da Cidade. O livro é separado em 15 diferentes temas e narra 1.500 histórias vividas por paulistas e paulistanos.
Uma megacidade com 1.500 km², cerca de 10,9 milhões de habitantes - população superior à de Portugal -, 454 anos de fundação e destino para diversos povos do Brasil e do mundo certamente tem muita história para ser contada.
E é esta experiência cosmopolita, com seus rastros deixados principalmente ao longo do século XX, que é relatada por 320 moradores e ex-moradores da Cidade no livro São Paulo Minha Cidade.com - Mais de Mil Memórias.
São escritores anônimos ou conhecidos, dos mais diferentes estilos, faixas etárias e regiões da Cidade, que nos últimos três anos contribuíram com suas prezadas memorabílias a respeito de São Paulo.
As histórias, que vieram a público no último dia 2, com o lançamento do livro na Sala São Paulo, pela São Paulo Turismo (SPTuris), são perfiladas em 15 diferentes temas. As "Primeiras impressões", "Do bonde ao metrô", "O trabalho é o 'Padre Nosso'", "Anos difíceis", "Cines e matinês", a "Cidade dos amores", entre tantos outros, formam a estrutura básica em que são impressas 1.500 histórias vividas por essas pessoas que abriram seu baú de lembranças.
Assim, como quem toma chope e come pizza, os narradores vão abrindo suas histórias infindáveis, dividindo lembranças com muita gente que provavelmente viveu também aquelas épocas, ou com quem tem saudade do que não viveu.
"O objetivo do livro é não só resgatar a memória, como ensinar às pessoas como é possível esse resgate. Este livro mostra que tem gente que estava precisando apenas de um espaço para poder cultuar essa questão da memória", diz o presidente da SPTuris, um dos idealizadores e responsáveis pelo projeto, juntamente com Clara Azevedo.
O projeto começou em 2006, com a criação de um site "Para nossa surpresa, a adesão da população foi extraordinária. Chegamos hoje a 1.504 histórias e 100 mil page views por mês, números muito bons para um site que não teve divulgação", conta o presidente da SPTuris, explicando que essas narrativas acabaram sendo incorporadas ao livro.
O São Paulo Minha Cidade.com é uma realização da Prefeitura de São Paulo, com o apoio da Secretaria Estadual da Cultura, e não terá comercialização: será distribuído nas bibliotecas públicas da Cidade. Todo seu conteúdo também está disponibilizado para download em PDF no site.
O lançamento da obra foi uma homenagem à Cidade. Um painel musical retratou trechos e momentos da São Paulo dos últimos 50 anos, de Adoniran Barbosa ao hip-hop.
A noite do evento reviveu sucessos como a Sinfonia Paulistana, de Billy Blanco; Samba do Arnesto, de Adoniran; Disparada, de Geraldo Vandré; Ronda, de Paulo Vanzolini; entre outros, interpretados por artistas como Jair Rodrigues, Pery Ribeiro, Cláudia e Rappin Hood.
Quadro 1
"Cheguei em São Paulo em 1963, com 15 anos de idade, trazida por meu pai, homem simples, de mãos calejadas pelas labutas nas roças, cuja pobreza era de dar dó. Descemos famintos e cansados na Estação da Luz. Qual foi meu espanto quando vi um pedacinho de São Paulo pela primeira vez. Gente e carros por todos os lados, parecia um formigueiro, seus gigantescos arranha-céus. Uma loucura ou um sonho meu? Não entendia a realidade das coisas, quantas novidades em poucos minutos", narra Teresa Pereira Xavier, apontando o seu deslumbramento com a cidade que não tinha mais fim.
Quadro 2
"Quantas vezes ali, depois de apanhar bastante, machucado, sangrando, a pão e água, eu acordava sofrendo e, entre gemidos, via ao meu lado o Cardeal de São Paulo. Ele me ajudava como podia no rigor do momento, no apurado do trauma, com sua voz fina e meiga dizia, sempre; com a sua branquela mão direita no meu ombro esquerdo - Seja forte, meu filho. Procure suportar, meu irmão, Sê firme, amigo", relembra Silas Correa Leite, quando viu na carne que a liberdade política tinha fim nos sombrios anos 70.
Quadro 3
"No Cine Ouro, no Largo do Paissandu, assistimos a um filme polêmico, do diretor Louis Malle e com a atriz Jeanne Moureau, que foi proibido em vários países e condenado pela Igreja Católica: era considerado pornográfico. Havia sessões especiais, na parte da tarde, para que senhoras e senhoritas mais 'avançadas' pudessem assistir. Os moços ficavam na porta do cinema fazendo gracinhas para aquelas 'devassas', 'galinhas'. O filme chamava-se Les Amants e foi exibido no Cine Ouro, em 1959. Atualmente, qualquer novela das 7 é mais pornográfica, sinal dos tempos", compara Gilberto Ramos, entretido com suas lembranças da Novelle Vague francesa.
Quadro 4
"Vera era onze anos mais velha do que eu, mas tinha um rostinho de menina e um corpo de fazer inveja a muita mulher famosa da época. Ficamos em seu apartamento ouvindo discos de boleros, o que mais se tocava na época, na sua vitrola Hi-Fi, com rádio stereo, que poucas pessoas tinham. Ficamos por muitas horas juntos, e já era meia-noite quando me dei conta que estava na hora de pegar o bus das 24h30 (...) Um beijo na testa foi a minha despedida simplória de Vera, que me pegou pelo braço, e foi dizendo: - Amei você, sabe", comenta Mário Lopomo, a respeito de sua amizade com a prostituta Vera, que conheceu nos arredores da Galeria Olido, nos idos anos da rua São João.
E é esta experiência cosmopolita, com seus rastros deixados principalmente ao longo do século XX, que é relatada por 320 moradores e ex-moradores da Cidade no livro São Paulo Minha Cidade.com - Mais de Mil Memórias.
São escritores anônimos ou conhecidos, dos mais diferentes estilos, faixas etárias e regiões da Cidade, que nos últimos três anos contribuíram com suas prezadas memorabílias a respeito de São Paulo.
As histórias, que vieram a público no último dia 2, com o lançamento do livro na Sala São Paulo, pela São Paulo Turismo (SPTuris), são perfiladas em 15 diferentes temas. As "Primeiras impressões", "Do bonde ao metrô", "O trabalho é o 'Padre Nosso'", "Anos difíceis", "Cines e matinês", a "Cidade dos amores", entre tantos outros, formam a estrutura básica em que são impressas 1.500 histórias vividas por essas pessoas que abriram seu baú de lembranças.
Assim, como quem toma chope e come pizza, os narradores vão abrindo suas histórias infindáveis, dividindo lembranças com muita gente que provavelmente viveu também aquelas épocas, ou com quem tem saudade do que não viveu.
"O objetivo do livro é não só resgatar a memória, como ensinar às pessoas como é possível esse resgate. Este livro mostra que tem gente que estava precisando apenas de um espaço para poder cultuar essa questão da memória", diz o presidente da SPTuris, um dos idealizadores e responsáveis pelo projeto, juntamente com Clara Azevedo.
O projeto começou em 2006, com a criação de um site "Para nossa surpresa, a adesão da população foi extraordinária. Chegamos hoje a 1.504 histórias e 100 mil page views por mês, números muito bons para um site que não teve divulgação", conta o presidente da SPTuris, explicando que essas narrativas acabaram sendo incorporadas ao livro.
O São Paulo Minha Cidade.com é uma realização da Prefeitura de São Paulo, com o apoio da Secretaria Estadual da Cultura, e não terá comercialização: será distribuído nas bibliotecas públicas da Cidade. Todo seu conteúdo também está disponibilizado para download em PDF no site.
O lançamento da obra foi uma homenagem à Cidade. Um painel musical retratou trechos e momentos da São Paulo dos últimos 50 anos, de Adoniran Barbosa ao hip-hop.
A noite do evento reviveu sucessos como a Sinfonia Paulistana, de Billy Blanco; Samba do Arnesto, de Adoniran; Disparada, de Geraldo Vandré; Ronda, de Paulo Vanzolini; entre outros, interpretados por artistas como Jair Rodrigues, Pery Ribeiro, Cláudia e Rappin Hood.
Quadro 1
"Cheguei em São Paulo em 1963, com 15 anos de idade, trazida por meu pai, homem simples, de mãos calejadas pelas labutas nas roças, cuja pobreza era de dar dó. Descemos famintos e cansados na Estação da Luz. Qual foi meu espanto quando vi um pedacinho de São Paulo pela primeira vez. Gente e carros por todos os lados, parecia um formigueiro, seus gigantescos arranha-céus. Uma loucura ou um sonho meu? Não entendia a realidade das coisas, quantas novidades em poucos minutos", narra Teresa Pereira Xavier, apontando o seu deslumbramento com a cidade que não tinha mais fim.
Quadro 2
"Quantas vezes ali, depois de apanhar bastante, machucado, sangrando, a pão e água, eu acordava sofrendo e, entre gemidos, via ao meu lado o Cardeal de São Paulo. Ele me ajudava como podia no rigor do momento, no apurado do trauma, com sua voz fina e meiga dizia, sempre; com a sua branquela mão direita no meu ombro esquerdo - Seja forte, meu filho. Procure suportar, meu irmão, Sê firme, amigo", relembra Silas Correa Leite, quando viu na carne que a liberdade política tinha fim nos sombrios anos 70.
Quadro 3
"No Cine Ouro, no Largo do Paissandu, assistimos a um filme polêmico, do diretor Louis Malle e com a atriz Jeanne Moureau, que foi proibido em vários países e condenado pela Igreja Católica: era considerado pornográfico. Havia sessões especiais, na parte da tarde, para que senhoras e senhoritas mais 'avançadas' pudessem assistir. Os moços ficavam na porta do cinema fazendo gracinhas para aquelas 'devassas', 'galinhas'. O filme chamava-se Les Amants e foi exibido no Cine Ouro, em 1959. Atualmente, qualquer novela das 7 é mais pornográfica, sinal dos tempos", compara Gilberto Ramos, entretido com suas lembranças da Novelle Vague francesa.
Quadro 4
"Vera era onze anos mais velha do que eu, mas tinha um rostinho de menina e um corpo de fazer inveja a muita mulher famosa da época. Ficamos em seu apartamento ouvindo discos de boleros, o que mais se tocava na época, na sua vitrola Hi-Fi, com rádio stereo, que poucas pessoas tinham. Ficamos por muitas horas juntos, e já era meia-noite quando me dei conta que estava na hora de pegar o bus das 24h30 (...) Um beijo na testa foi a minha despedida simplória de Vera, que me pegou pelo braço, e foi dizendo: - Amei você, sabe", comenta Mário Lopomo, a respeito de sua amizade com a prostituta Vera, que conheceu nos arredores da Galeria Olido, nos idos anos da rua São João.
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