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Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007 | Horário: 10:26
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Prefeitura fecha casa de shows na Lapa

A casa esteve envolvida em problemas desde sua inauguração, em novembro passado. O Contru fez, a pedido da subprefeitura, uma inspeção no Sampa Hall e determinou seu fechamento, por irregularidades.
Na noite da última segunda-feira (29/01), a casa de shows Sampa Hall, na rua Clélia, foi fechada pela Subprefeitura da Lapa seguindo determinação da Justiça Estadual. Se descumprir a decisão, o estabelecimento será multado em 50 mil reais por dia.

A casa esteve envolvida em problemas desde sua inauguração, em novembro passado. O Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis, ligado à Secretaria de Habitação) fez, a pedido da subprefeitura, uma inspeção no Sampa Hall e determinou seu fechamento, por irregularidades. O Contru pode interditar um estabelecimento por problemas na fiação elétrica e ausência de rotas de fuga, entre outros motivos.

A casa, contudo, conseguiu atender as exigências do Contru e foi reaberta. O estabelecimento cumpriu as exigências de construção, mas se tornou um verdadeiro pesadelo para os vizinhos.

Para atrair e montar uma clientela, a Sampa Hall ofereceu sucessivos descontos e reduções de preço nos preços das bebidas. O resultado foram legiões de jovens bêbados causando tumulto e barulho na vizinhança, tirando o sossego da comunidade. Brigas e discussões se tornaram comuns na saída do estabelecimento.

“Os vizinhos foram os maiores prejudicados”, conta um comerciante da região, que prefere não se identificar. “O Contru chegou a fechar a casa, mas logo depois ela foi reaberta e começaram os problemas”, conta ele, que teve seu estabelecimento depredado por freqüentadores do Sampa Hall.

Na madrugada do dia 14 para o 15, uma sucessão de brigas, gritos e tiros assustou os moradores da rua Clélia. Duas agências bancárias foram atacadas, lojas foram danificadas e orelhões destruídos. Até um Centro de Apoio ao Trabalho, na rua Catão, teve sua porta de aço danificada.

O problema mais grave ocorreu na madrugada do dia 21 para o 22. Durante uma briga interna, um homem golpeou com uma garrafa o pescoço de um adolescente de 17 anos que freqüentava a casa. O jovem ferido chegou vivo ao hospital Sorocabana, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

“Bebida de graça, muito jovem na rua, gente em excesso... Se eu soubesse que o local era assim não teria deixado meu filho ir para lá”, diz Francisco Balbino da Silva, pai do rapaz. “Uísque a 1 real? Uma casa que tem responsabilidade, onde há segurança, não entrariam menores, nem venderiam bebidas para menores”. Segundo seu Francisco, era a primeira vez que o filho freqüentava o local.

Como a casa não apresentava irregularidades estruturais, o Contru não podia fechá-la novamente. Os moradores da proximidades começaram a se unir para exigir providências e solução para o problema. Um abaixo-assinado pedindo o fechamento da casa circulou entre os moradores e mais de 40 boletins de ocorrência foram feitos no 7º Distrito Policial.

Muitas reclamações foram feitas também à Subprefeitura da Lapa, que havia tentado fechar a casa anteriormente. “Com base nas queixas, boletins de ocorrência e abaixo-assinados que a população do entorno fazia, pôde-se atestar que o local era um pólo gerador de incômodo para a população. Assim, pudemos trabalhar com a questão da incomodidade do estabelecimento”, diz o Subprefeito da Lapa. Apoiada nessa premissa, seria possível fechar finalmente o estabelecimento.

A primeira notificação da subprefeitura foi feita em 15 de janeiro, dando cinco dias para o estabelecimento mudar sua forma de atuação e parar de incomodar os moradores da vizinhança. Junto com a notificação, foi aplicada uma multa no valor de 12 mil reais.

Ainda assim, os problemas continuaram, e uma segunda notificação foi dada no dia 22 de janeiro, seguida de nova multa, desta vez de 24 mil reais. E também novo prazo para regularizar a situação, que se encerraria em 1º de fevereiro. Depois dessa data, a Subprefeitura poderia fazer o fechamento administrativo, se fosse necessário. O PSIU (Programa de Silêncio Urbano) também multou por duas vezes a casa de shows – “o que para nós reforça a idéia de incomodidade”, diz o subprefeito.

A Subprefeitura da Lapa entrou com uma representação na Justiça no dia 23 deste mês para investigar o estabelecimento. “Encaminhamos essas informações ao Ministério Público, que pediu o fechamento do local, sob pena de multa diária”, conta o subprefeito.

Os moradores reagiram positivamente. “Essa foi a decisão mais acertada que poderia acontecer” e “Essa noite eu consegui dormir” foram algumas frases proferidas pelos vizinhos do Sampa House após seu fechamento na segunda-feira.

O subprefeito considera a decisão uma vitória para a população. “A sociedade se mobilizou contra esse estabelecimento que era um risco à ordem pública, que gerava depredação e violência. As pessoas se organizaram junto ao poder público para buscar uma solução”.

Para seu Francisco, que perdeu o filho, o sentimento ainda é misto. “É o começo da justiça, mas aliviado eu não fico. A minha dor é muita grande. Eu nem posso nem quero citar o nome dessa casa. Para mim essa coisa não tem futuro, é só pra prejudicar todo mundo, os vizinhos. Espero que essa casa aí não abra mais nunca”, desabafa.

A preocupação de Francisco agora é que se descubram e julguem o assassino do filho. Ele, que trabalha como segurança noturno em um comércio, está processando o Sampa Hall. “A vida do meu filho não tem dinheiro que pague. Mas nós vamos pedir uma indenização e também o fechamento da casa. Aliás, preciso visitá-la, se você diz que está fechada. Tenho de ver se está mesmo.”

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