Secretaria Especial de Comunicação

Terça-feira, 26 de Junho de 2007 | Horário: 16:44
Compartilhe:

'Minha Biblioteca' vai distribuir 560 mil livros aos alunos das escolas da Prefeitura em 2007

Projeto da Secretaria de Educação em parceria com a Câmara Brasileira do Livro é inédito. Pela primeira vez na história, Prefeitura vai distribuir livros de literatura diretamente às crianças de 7 a 10 anos da rede municipal.
A legislação brasileira diz que toda criança tem direito à educação. A Cidade de São Paulo foi além - a partir de agora, todo pequeno paulistano matriculado no ciclo básico da rede municipal terá direito a uma biblioteca pessoal. A cada ano, os alunos vão receber um kit com dois livros e uma maleta com espaço para mais outros exemplares - o objetivo é que ao término do ensino fundamental de oito anos, cada criança tenha em casa a maleta completa com 16 livros.

Um mundo de aventuras, sonhos e oportunidades entram a tiracolo no pacote. O projeto "Minha Biblioteca" é fruto de entendimento inovador com editoras, a partir de iniciativa da Secretaria Municipal da Educação, que fez parceria com a Câmara Brasileira do Livro (CBL). A idéia é fazer de São Paulo uma cidade de leitores.

O projeto é inédito. É a primeira vez que o Município de São Paulo distribuiu obras de literatura diretamente aos estudantes - apenas distribuição de material didático e de livros para bibliotecas é prática comum. "O mais importante não é dar os livros para as crianças, mas criar o acesso ao livro. O projeto valoriza as próprias crianças, já que elas terão as suas próprias obras, sem se preocupar em devolver o exemplar rapidamente para a biblioteca", explicou o prefeito. "Uma vez donos dos livros, os estudantes vão adquirir e aprofundar o gosto pela leitura".

Em 2007, o programa contemplará os estudantes do 1º ao 4º ano. Em 2008, será ampliado para os alunos da 5ª a 8ª série. Neste ano serão beneficiados 275 mil alunos de 463 escolas municipais, com 560 mil livros que serão distribuídos.

Os recursos investidos no Minha Biblioteca são provenientes da economia da compra dos uniformes escolares. "Com a licitação, a administração deixou de gastar R$ 37 milhões. Parte deste valor, no total de R$ 7,5 milhões, investimos no programa neste ano", contou o prefeito. Em 2008 serão aplicados R$ 15 milhões. O prefeito observou que, apesar do lançamento do Minha Biblioteca, a Prefeitura não deixará de lado a recuperação e a compra de novos equipamentos das bibliotecas municipais.

O prefeito ressaltou que a leitura é a base do crescimento e do desenvolvimento das crianças. Citou que o programa Ler e Escrever, instituído desde o início da atual administração municipal, diminuiu os índices de analfabetismo na rede de escolas da Prefeitura. "Este programa vai estimular o hábito da criança ler, por meio do simbolismo de criar a própria biblioteca. Através do livro, a criança começa a desenvolver o amor à leitura. Esta iniciativa nada mais é do que a oportunidade de abrirmos a porta aos jovens para o mundo da leitura. Com o passar do tempo, nossas crianças vão cada vez mais incorporar o hábito da leitura", acrescentou o prefeito.

Durante o lançamento do Minha Biblioteca, nesta terça-feira (26/06), o prefeito fez balanço das ações da Prefeitura na área da educação. Citou as reformas das escolas, a construção de novas unidades e a eliminação das 54 escolas de latas. Comentou os esforços da administração para eliminar o terceiro turno na rede municipal (horário das 11h às 15h), com a construção de 22 CEUs e outras 70 escolas. Destacou aumentos de até 54% para os funcionários da Educação concedidos em 2006.

O secretário municipal de Educação disse que o livro auxilia o aprendizado da criança e também contribui para que entendam o mundo. Afirmou que a grande inovação do Minha Biblioteca é que os livros chegarão até às famílias, o que não acontecia antes. "A criança vai ter os livros. Serão dois por ano num País onde se lê menos de um livro por ano", explicou.

Distribuição dos kits

Os kits serão distribuídos na Semana da Criança, em outubro. São 106 títulos de mais de 70 autores. Na lista contam obras como "A Bruxinha e o Gregório", de Eva Furnari, e "Mundo Criado, Trabalho Dobrado", do mineiro Elias José, além de clássicos como "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato. A seleção foi feita por profissionais do Círculo da Leitura, órgão da Secretaria Municipal de Educação que cuida do acervo das bibliotecas escolares.

O critério de escolha aliou os livros mais retirados pelas crianças nas bibliotecas das escolas e os mais utilizados nas salas de leitura, de modo que não houve predileção por nenhum título ou autor.

A logomarca do Minha Biblioteca, apresentada no lançamento oficial do programa, realizado no Centro Cultural São Paulo, foi desenvolvida pelo escritor Ziraldo, que também está na lista de autores selecionados. "Eu gosto desse projeto porque ele resgata a função principal da escola, que é ensinar. Ultimamente as escolas têm muita festa... Só vamos conseguir alfabetizar os alunos se eles tiverem acesso à leitura. O bom dessa história é colocar a leitura, o livro, dentro da casa do aluno, no cotidiano da família brasileira", disse o autor de livros infanto-juvenis. O mais famoso dos livros de Ziraldo, "O Menino Maluquinho", é um dos escolhidos.

O sucesso do projeto deve-se também à cooperação da CBL, que congrega as editoras do País. "Esta parceria desempenha um dos objetivos do estatuto da CBL: estimular projetos que promovam o livro e a leitura. Através deste programa estamos plantando a primeira semente para não perdermos mais nenhuma geração de crianças", acentuou Rosely Boschini. A presidente da CBL fez questão de enfatizar a importância do ato para o mercado editorial. "Este projeto é o primeiro de muitos que poderão surgir. Ele será um exemplo para outras entidades e prefeituras".

O objetivo primordial do Minha Biblioteca é formar leitores. "Quando a criança recebe o livro, ela vai cuidar dele com carinho. E acaba acontecendo um processo de disseminação, já que ela vai emprestar o livro para a irmãzinha, logo o pai ou a mãe vai contar a história... isso é muito positivo", disse o coordenador do projeto, Sérgio Kobayashi. As crianças de uma mesma turma devem receber títulos diferentes, para que haja intercâmbio entre as obras.

O projeto vai ser reforçado com atividades paralelas que já são desenvolvidas pela rede municipal de ensino. Toda escola possui uma biblioteca com no mínimo 1.500 títulos e uma sala de leitura, coordenada por monitores que acompanham e incentivam os alunos a ler.

"O Minha Biblioteca, associado ao Programa Ler e Escrever, aos programas de formação dos nossos professores orientadores de salas de leitura, ao retorno das atividades em sala de leitura, à grade escolar e ao desenvolvimento de atividades de leitura e escrita de nossas escolas, vai desenvolver o gosto pela leitura em nossos alunos e estendê-lo aos pais e familiares, que, infelizmente, podem ter sido privados da presença dos livros em suas casas", observou o secretário.

O entendimento

Habitualmente, a compra de livros é negociada diretamente com as editoras, uma vez que os direitos de publicação das obras são quase sempre exclusivos. A amplitude do Minha Biblioteca deve-se, no entanto, a um entendimento inovador, feito pela Secretaria Municipal de Educação em parceria com a CBL.

O coordenador Sérgio Kobayashi chamou dezenas de editores para uma conversa e somente na reunião expôs o conteúdo do projeto. Disse que a Prefeitura iria adquirir 560 mil livros, conquanto que houvesse redução no preço de capa. A proposta da Prefeitura foi comprar os títulos com 65% de desconto - ao final, o acerto foi de 59%.

Kobayashi explicou que o projeto não é um bom negócio a curto prazo para vários editores, mas ótimo negócio no médio e longo, já que as editoras estão investindo na formação de leitores e, em conseqüência, na formação de novos consumidores. À reunião compareceram 48 empresas e todas aderiram ao entendimento que viabilizou o Minha Biblioteca.

"Pela primeira vez senti orgulho de fazer parte de uma classe que conseguiu chegar a um consenso de forma democrática", afirmou Eliete Cotrim, da editora Cosac Naify. A opinião é compartilhada por Eny Maria, da Editora Biruta: "A repercussão é altamente positiva. Se de fato servir de padrão para outras cidades e estados, mais uma vez, São Paulo sai na vanguarda".

Os editores se entusiasmam com as perspectivas de formação de futuros leitores e aprovaram a iniciativa da CBL de mediar os interesses da categoria: "Com certeza, essa parceria da CBL com o Governo Municipal vai promover novos leitores. Não é só a criança que vai receber os livros, mas também seus pais e irmãos. Essa ação possibilita não só a criação de novos leitores como deve trazer harmonia e socialização para dentro dos lares", diz Suzana Sanson, da Brinque-book.

collections
Galeria de imagens