Secretaria Especial de Comunicação

Terça-feira, 21 de Novembro de 2006 | Horário: 18:25
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Conselho Municipal orienta comerciantes a não vender cola de sapateiro a menores de 18 anos

O projeto ''Respire Vida! Cola não decola'', promovido pela Secretaria de Participação e Parceria em conjunto com outras secretarias e entidades, envolve ações pedagógicas e intersetoriais, sensibilizando os comerciantes para o cumprimento da lei.
Um garoto de 12 anos cambaleia pelas ruas do centro da cidade. Está sob efeito de cola, não consegue pensar. Não reage. É uma criança como qualquer outra, precisa de atenção e assistência. A Prefeitura deu início nesta terça-feira (21/11), a mais uma ação para banir essa imagem do cenário de São Paulo. Visitou estabelecimentos comerciais da rua do Gasômetro, região central da cidade, para orientar e conscientizar comerciantes. A lei proíbe a venda, para menores de 18 anos, de produtos à base de hidrocarbonetos. Entre eles, a popular cola de sapateiro.

A medida faz parte do projeto "Respire Vida! Cola não decola", promovido pela Secretaria Especial de Participação e Parceria, em conjunto com outras secretarias e instituições. O programa envolve ações intersetoriais e pedagógicas, para sensibilizar os comerciantes para o cumprimento da lei. A resolução 345 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece a proibição e fornece especificações para controlar a venda de substâncias que causam danos ao sistema nervoso central.

Durante quase duas horas, o grupo coordenado pelo Comuda (Conselho Municipal de Políticas Públicas, Drogas e Álcool), com representantes dos Conselhos Comunitários da Sé e da Mooca, visitou 35 estabelecimentos que trabalham com madeira, tintas, vernizes e solventes. Os resultados surpreenderam. Segundo José Florentino, secretário-executivo do Comuda, a maioria dos comerciantes já exibia cartazes com orientações aos clientes sobre a nova regulamentação.

Do total de estabelecimentos visitados, 15% não vendem cola de sapateiro. Outros, com dúvidas sobre a legislação, foram orientados sobre os procedimentos corretos. E foi constatado que um deles, já multado pela Covisa (Coordenadoria de Vigilância da Saúde), mantém as exigências legais. Isso porque a venda, agora, é restrita. Só pode ser feita mediante controle individual de cada uma das embalagens comercializadas, com assinatura do comprador, data da venda, nome do estabelecimento e número do controle do lote adquirido pelo comerciante.

Cada loja comercial visitada recebeu um cartaz no qual consta o compromisso de cumprir a lei. Segundo informações do Comuda, os estabelecimentos serão fiscalizados e, se houver descumprimento da legislação, serão autuados e, entre as penas, multas e até o fechamento administrativo da casa. As denúncias devem ser encaminhadas para o telefone 156.

As visitas prosseguem nos próximos 15 dias em outras áreas da região central que concentram o comércio desses produtos. Está sendo elaborado junto às Subprefeituras um calendário para ações semelhantes em todas as regiões da cidade.

Sistema nervoso central

O uso de inalantes e solventes provoca sensações de êxtase e até alucinações. Depois, vem a depressão. O uso crônico pode acarretar perda de memória, confusão mental e provocar lesões irreversíveis. Traz danos ao fígado, rins e degenerações progressivas de nervos periféricos, como os da perna. Causam transtornos para andar e até à paralisia.

Estudos do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp (Univesidade Federal de São Paulo) indicam que adolescentes na faixa etária entre 12 e 14 anos de várias classes sociais fazem uso de inalantes. Entre eles, a cola de sapateiro e um preparado clandestino conhecido como “cheirinho da loló”. Trata-se de uma mistura de cola, clorofórmio, éter, esmalte e outros produtos, extremamente danosa ao organismo humano.

José Florentino destaca que as ações para coibir o uso desse grupo de substâncias químicas devem se expandir também para a sensibilização dos próprios usuários, com medidas educativas e assistenciais. “Isso não é um problema só da droga. A falta dela não resolve outros problemas: relação familiar, vida na rua, tratamento e educação. Esse conjunto de coisas deve ser priorizado para que o usuário recupere, de fato, seu papel de cidadão”.

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