Subprefeitura Ipiranga
Os bondes no Ipiranga, um pequeno histórico
Criado em 1871 pelo engenheiro Nicolau Rodrigo França Leite, chegou ao Ipiranga em 1889 devido ao empenho do Doutor José Vicente de Azevedo. Para os bondes vencerem o limite entre o Cambuci e o Ipiranga, foi necessário o aterramento de parte da Rua Independência e da Avenida D. Pedro, região pantanosa da “Chácara da Glória”.
A linha de Bondes a vapor do Ipiranga, e as linhas de bondes de tração animal foram todas desativadas antes de 1903.
Os trilhos para a passagem dos bondes elétricos foram assentados em 1900. Os bondes elétricos chegaram ao Ipiranga em 1903. Em 1904, foram inauguradas no bairro, as linhas percorridas por bondes movidos à tração elétrica: a linha “Ipiranga” e a linha “Fábrica”, ofereceram serviços para a população até 1967. 0 bonde Fábrica servia basicamente aos operários da Olaria Sacoman. O percurso atravessava o bairro de ponta a ponta: av. D. Pedro, Rua dos Sorocabanos, Rua Silva Bueno e Sacoman, onde o bonde girava sobre si mesmo, retornando pelo mesmo trajeto até a praça da Sé
O bonde Ipiranga subia pela Rua Bom Pastor e retornava pelas Ruas Moreira e Costa e Moreira de Godói.
Todos os bondes vinham pelo bairro do Cambuci (Ruas da Glória, Lavapés e Independência) e adentravam ao bairro pela Avenida D.Pedro I.
Em 1905 já existiam nove fábricas no bairro, que empregavam cerca de 7 mil pessoas. A inauguração do bonde elétrico, em 1907, também favoreceu o processo de industrialização, que viu seu auge acontecer entre o final da década de 1940 e o início dos anos 1950, período em que foram inauguradas as duas pistas da rodovia Anchieta e que se instalaram no bairro grandes montadoras, como Ford e Volkswagen.
Em 1907 o projeto de um anel ferroviário na cidade com seis ligações radiais para o centro provou ser uma revolucionária ideia para o futuro da metrópole e em 1914, um outro projeto, mais simples, propunha a construção de uma pequena extensão de túneis na área central, para operar bondes elétricos ou carris a vapor, gasolina ou outro modo de tração.
Em 1909 foi criado a linha “Fábrica”, chegando à fábrica do empresário Nami Jafet. O bonde que vinha do centro da cidade e ia até o fim da Rua Silva Bueno. Pouco depois pela Rua Silva Bueno, a linha “Fábrica” (ou também conhecido como bonde Fábrica 23), chegava ao Sacomã. O nome Fábrica se referia à indústria que havia no início da linha, Estabelecimento Cerâmico Saccoman-Frères. Outro bonde ia até o fim da Rua Silva Bueno, virando a esquerda chegando a Heliópolis.
As mudanças e alterações urbanísticas afetaram as linhas de bondes que sofreram muitas reformulações dos traçados dos trilhos. Nas mãos da prefeitura, o Sistema de Bondes sobreviveu por 19 anos e nos últimos anos os bondes, em muitas linhas, travavam diariamente uma batalha contra a grande quantidade de automóveis e ônibus, chegando ao extremo de, em alguns casos, os bondes trafegarem contra o fluxo de tráfego.
Em 1954, foram instaladas as linhas de ônibus elétrico que servem o bairro.
No fim dos anos 1960, o prefeito Faria Lima começou a retirar os bondes de circulação. A desativação do bonde Fábrica, que fazia o trajeto Praça João Mendes e Sacomã, no Ipiranga, foi anunciada para janeiro de 1967.
Em janeiro de 1967 desativaram as linhas: Ipiranga, Fábrica, Casa Verde e do Alto da Vila Maria. Só permaneceu em operação a linha de Santo Amaro, seu ponto inicial da Praça João Mendes foi transferido para Vila Mariana. Circulando o bonde daí até Santo Amaro.
O último bonde parou de circular na cidade de São Paulo em 27 de março de 1968, pondo um fim a um sistema de transporte não poluente que contribuiu verdadeiramente para o desenvolvimento da cidade de São Paulo.
No dia 2 de abril de 2009, os operários que trabalhavam na construção da estação Sacomã do Metro encontraram trilhos do antigo bonde na Rua Greenfeld com Lino Coutinho. A descoberta ocorreu quando uma retroescavadeira estava retirando parte do asfalto da via.
Em junho de 2022 durante as obras de revitalização do canteiro central (Praça dos esquilos) na Rua Manifesto, em frente ao Club Atlético Ypiranga encontramos mais um vestígio histórico dessas linhas de bondes. Vamos preservar esse achado para as futuras gerações para que sirva de referência a memória histórica do bairro e da cidade.
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