Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
Águas em curso: da Ana Rosa ao Parque Ibirapuera
O encontro dos inscritos na atividade foi na Estação Ana Rosa, onde o facilitador da UMAPAZ, Ricardo Fraga Oliveira, explicou o sistema de galerias de drenagem subterrâneo da cidade de São Paulo, com o auxílio de um mapa que mostrava o zoneamento do bairro da Vila Mariana. A caminhada começou na área das nascentes do Rio Caaguaçu (ou Boa Vista) e foi até o Lago do Parque Ibirapuera.
Este rio é predominantemente subterrâneo e desagua no Rio Pinheiros. Entre algumas explicações, Ricardo contou que a tendência do planejamento público seria aproveitar essas águas para uso local. No entanto, o zoneamento atual pouco leva em consideração essas áreas de nascente e a devida proteção das áreas lindeiras (situadas ao longo de vias urbanas) com fluxos de rios.
A construção de um prédio bastante alto na ladeira Vampré é um caso emblemático deste embate entre a busca da proteção de nascentes versus o direito de construir. Após a Associação de Moradores da Vila Mariana conseguir uma liminar em primeira instância, a empresa recorreu e obteve em segunda instância a liberação do empreendimento.
No final da ladeira, chega-se à praça Arquimedes, Zona Predominantemente Residencial (ZPR) chamada Chácara das Jaboticabeiras. Ali está a nascente do Rio Caaguaçu. Foi onde o grupo encontrou Eliana, professora e ativista, que explicou a luta da associação de moradores da praça pela preservação e pelo respeito de seu fluxo hidrográfico.
Ela contou que a Chácara foi implantada ainda na primeira metade do século XX - Projeto do engenheiro Prestes Maia – com loteamentos largos e calçadas generosas que respeitassem o rio e a geomorfologia natural. Com este planejamento, formou-se uma espécie de anfiteatro de onde afluíram várias nascentes.
“Como podemos enxergar o futuro de uma forma que a gente assimile o que está acontecendo?”, perguntou Eliana. A luta e o consequente tombamento de parte da área como um patrimônio histórico ambiental foi uma conquista dos moradores da Chácara das Jaboticabeiras. Houve a preservação legal da altura das edificações e a manutenção dos parâmetros edilícios.
A caminhada seguiu rio abaixo e Ricardo contou sobre a sua própria luta contra a liberação da construção de um condomínio de prédios que não considerou a existência do rio em seu projeto.
As fotografias mostram o movimento que surgiu depois de horas de manifestação em frente ao terreno, já em posse da construtora imobiliária, a favor da concessão da área para o poder público. Entre alguns pedidos dos manifestantes, destaca-se o desejo dos moradores do entorno de que a área fosse utilizada para um parque público, preservando a natureza.
Mais adiante, a caminhada chegou a uma viela comprida, onde o grupo encontrou uma grande queda d’água aparente no sistema de drenagem, que mostrava todo o fluxo de água que corre pelos quarteirões sinuosos do bairro, da nascente na ladeira Vampré até ali.
Alguns do grupo comentaram que há pouco tempo a viela ainda não estava toda asfaltada, pois ativistas e ambientalistas tentam promover o reflorestamento das beiradas do curso, a fim de criar uma via pública, arborizada, aberta e caminhável. Novamente, tudo indica que isso não ocorrerá, dando prioridade ao fluxo de carros.
Com mais alguns metros de passeio, o percurso chegou ao seu destino previsto: o Lago do Ibirapuera. A manhã em grupo se encerrou com uma breve despedida depois de todo o conhecimento adquirido acerca das águas que correm por debaixo do asfalto quente da cidade. O passeio proporcionou trocas acerca dos projetos para o meio ambiente, que muitas vezes levam a resultados pouco protetivos e interessantes para as águas da cidade.