Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
O desafio da reabertura dos Planetários de São Paulo
Assistir a uma sessão de um planetário é um momento inesquecível para a maioria das pessoas, pois ao enxergar milhões de estrelas num céu realmente escuro, nos coloca em contato com a nossa dimensão e ao mesmo tempo com nosso inconsciente e fascínio pelo desconhecido. Neste espetáculo brotam emoções: palmas, lágrimas, suspiros..., enfim os mais diversos sentimentos, e é isso que torna este momento tão especial e marcante na memória de cada visitante do planetário. Este espaço de aprendizado nos possibilita entrar em contato com o Universo, que ao anoitecer nos mostra os fenômenos astronômicos, a intensidade luminosa, e que devido a concentração das nuvens a poluição atmosférica e luminosa, nós moradores dos grandes centros urbanos não temos a oportunidade de ver e vivenciar a maravilhosa diversidade e imensidão do céu. O planetário pode nos auxiliar a disseminar o conhecimento científico, ampliar possibilidades para filosofarmos sobre a nossa existência, ou ainda permitir conhecer grandes feitos de antigas civilizações que baseavam sua cultura a partir das observações dos astros. Enfim, o planetário nos dá a oportunidade de estabelecer novas conexões com a ciência, valorizar fatores que possibilitem a existência da vida no Planeta Terra e assim poder ampliar a nossa consciência em relação a dimensão de cada um diante dos eventos da Natureza sejam no céu ou na terra.
Desde que assumi a direção da UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, que é o Departamento de Educação Ambiental da SVMA - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do município de São Paulo em agosto de 2015, recebi como um grande desafio a reabertura dos Planetários situados nos parques do Ibirapuera e Carmo, ambos fazem parte da divisão de Astronomia/Divisão 2 que compõe a UMAPAZ, além da Escola de Jardinagem/Divisão 1, a Formação em Educação Ambiental/Divisão 3 e Cultura de Paz e a UMAPAZ na Cidade/Divisão 4.
Numa primeira fase fiz um diagnóstico sobre a situação atual e as necessidades básicas para traçar um plano para a reabertura o mais breve possível dos planetários. Os dois prédios estavam sendo reformados, devido a inúmeros problemas estruturais, tais como: vazamentos nas cúpulas, reparos nos sistemas elétricos e hidráulicos, insegurança em relação aos raios, conserto e instalação das cadeiras, enfim questões que estavam a cargo do Departamento de Parques e Áreas Verdes 1, sob a liderança do arquiteto Matheus de Vasconcelos Casimiro e Tamires Carla de Oliveira que acompanharam todas estas reformas com dedicação, carinho nas relações humanas e profissionalismo. Porém o maior desafio a ser enfrentado foi em relação à reestruturação de uma equipe especializada, pois em ambos os planetários não havia praticamente ninguém trabalhando, e na Escola Municipal de Astronomia a pequena equipe mantinha alguns cursos e observações, mas estava totalmente desmotivada devido à ausência de diretor e assistência ao longo dos últimos anos. Descobri que a EMA – Escola Municipal de Astronomia era o verdadeiro coração dos planetários, pois é lá que se formam os astrônomos habilitados para manter as atividades dos planetários. Infelizmente tínhamos somente três professores ativos: Eder Ricardo Canalle, Kizzy Alves Resende e Regina Auxiliadora Atulim, que resistiram fortemente ao tempo e mantiveram os cursos ativos. É importante destacar que somente a Professora Regina é concursada e os demais professores são comissionados ampliando a vulnerabilidade técnica desta importante divisão. Outros fatores importantes verificados no diagnóstico foi à ausência de um projeto político pedagógico para estabelecer o planejamento, funcionamento e gestão e resultados da EMA integrada aos Planetários e ao levantamento do custo da operação, ou seja, quanto custa aos cofres públicos manter esta operação incluindo todos os investimentos tanto nas reformas como na manutenção.
Com estas informações preliminares organizadas, elaborei uma apresentação e o projeto político pedagógico, que deixassem claras as necessidades, não só em relação à infraestrutura, mas em relação aos recursos humanos, matérias, equipamentos e treinamentos necessários para que realmente pudéssemos abrir e não fechar mais os Planetários de São Paulo. É importante ressaltar que a gestão e manutenção destes equipamentos são bastante complexos e necessitam de muita agilidade. Todas estas informações foram apresentadas ao Secretário do Verde e do Meio Ambiente Rodrigo Ravena e a equipe do gabinete do prefeito Fernando Haddad, para buscar alternativas conjuntas de soluções. Além da necessidade de investimentos em materiais, equipamentos dos projetores (planetários), aquisição de computadores, o nosso maior desafio era constituir uma equipe e treiná-la para atuar na Escola de Astronomia e Planetários de forma integrada, retomando seu espaço e papel na cidade de São Paulo. A equipe da SVMA trabalhou com muito empenho para estabelecer a infraestrutura adequada (equipamentos, contrato de limpeza, segurança...) a Operação Reabertura dos Planetários, além da contratação de 20 estagiários, contando com apoio orçamentário da prefeitura de São Paulo, porém em relação a contratação de equipe especializada e produção de materiais educativos foi estabelecida uma outra estratégia.
Para executar o Projeto Político Pedagógico da EMA e Planetários nos parques Ibirapuera e Carmo elaborado pela UMAPAZ, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente – SVMA estabeleceu uma parceria com a Fundação Paulistana, sob a orientação do gabinete do prefeito, que previu a realização de edital para contratação temporária de equipe e elaboração e produção de materiais educativos. O edital foi elaborado e publicado no final de 2015 e a equipe contratada começou a atuar em 28 de março, sob a direção da UMAPAZ, com acompanhamento de Sheila Alice Gomes e Estela Maria Barbiere, funcionárias da Fundação Paulistana.
No início de janeiro de 2016, no aniversário de 462 anos da cidade de São Paulo tínhamos o compromisso de reabrir o Planetário Professor Aristóteles Orsini, situado no parque Ibirapuera, pois as obras já tinham sido finalizadas, o projetor chamado “planetário” também estava em funcionamento básico, à equipe da Escola de Astronomia havia reformulado uma sessão clássica e os 20 estagiários já haviam sido selecionados e capacitados pelos professores da escola. Ou seja, já tínhamos uma situação favorável para a reabertura nas férias, fazendo o planetário que estava fechado há três anos funcionar a todo o vapor de 3ª feira a domingo até final de fevereiro com quatro sessões por dia, as 10h, 12h, 15h e 17h, atendendo cerca de 1.200 pessoas por dia com entrada gratuita.
O Planetário Professor Aristóteles Orsini foi reaberto numa manhã ensolarada de domingo, dia 24 de janeiro às 10h, com a presença do prefeito Fernando Haddad, os Secretários Rodrigo Ravena do Verde e do Meio Ambiente e Nabil Bonduki da Cultura, convidados e jornalistas. Neste período foram realizadas muitas reportagens na TV, revistas e jornais, potencializando mais e mais a divulgação e a ampla visitação da população.
Neste mesmo dia as sessões da tarde foram realizadas e desde então as filas imensas se formaram na rampa do planetário. Muitos ajustes foram efetivados para atender melhor o grande número de pessoas que passou a frequentar as sessões, com boa vontade da equipe existente da Escola de Astronomia e apoio dos funcionários das outras divisões da UMAPAZ, mantivemos o atendimento efetivo a população. Para quem estava em contato direto com o público a satisfação de ouvir os depoimentos que revelam um mar de emoções das crianças, jovens, adultos e idosos ao participarem das sessões no planetário foi um grande elemento motivador, para enfrentar tantos desafios para oferecer este ambiente de aprendizado aos cidadãos paulistanos.
Com a chegada da nova equipe de professores, programadores e administrativa, no mês de abril de 2016 nos estruturamos internamente para capacitar a equipe técnica (professores e programadores) para utilização dos projetores “Planetários” e iniciar a elaboração de novas sessões com a contratação da empresa especializada no ramo OMINISLUX, enquanto que a equipe administrativa se preparava para a reabertura do Planetário do Carmo cuidando dos detalhes da organização para a funcionalidade do espaço, como o agendamento das escolas para as sessões infantis a partir de maio e com o desenvolvimento de sistema on-line para que o público possa fazer reservas para as sessões aos finais de semana e feriados.
Na Escola de Astronomia a nova equipe de professores em parceria com os professores antigos, estão aprofundando estudos, revendo a grade de cursos, palestras, observações do céu e se organizando para que as atividades educativas ocorram em ambos os Planetários.
Outro desafio encontrado foi em relação ao nosso cardápio de sessões, pois a que havíamos produzido é um modelo clássico e pouco atraente ao público infantil, sendo necessário constituir rapidamente sessões que atendam aos públicos infantil e juvenil. Mas para elaborar novas sessões é necessária uma equipe já bem estabelecida e madura, o que não é a nossa realidade no momento atual. Sendo assim, com apoio do gabinete da SVMA teci uma parceria com a Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, para conhecer seu sistema de gestão e como são produzidas as sessões. A partir de uma visita técnica de quatro dias pude me aprofundar em diversos temas e trazer esta experiência aos atuais gestores da EMA, Planetários e a SVMA. Num primeiro momento o Astrônomo Fernando Viera, Coordenador de Astronomia e Cultura da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, nos cedeu gentilmente 3 sessões, sendo duas infantis e uma juvenil para ampliarmos o nosso repertório e inspirar a equipe paulistana de astrônomos a elaborar as nossas sessões e possibilitar a troca permanente entre os planetários do RJ e SP, construindo uma parceria virtuosa. Ao recebermos estas sessões nossa equipe de programadores e professores vem instalando e adaptando-as para que sejam otimizadas de acordo com os recursos de cada projetor “planetário”. No momento a UMAPAZ/SVMA está elaborando um termo de cooperação para darmos prosseguimento as nossas relações institucionais.
O funcionamento em capacidade máxima da EMA e Planetários significa uma média de 45.000 pessoas por mês, as sessões destinadas ao público e escolas acontecerão de 4ª a domingo e feriados, com quatro sessões ao dia, e a realização de cursos, palestras e observações realizadas pela escola. Além da programação básica teremos outras atividades educativas e culturais sempre associadas a práticas de Educação Ambiental e a políticas públicas que são o foco das ações da UMAPAZ. Sendo assim, nestes espaços educadores estamos implantando a coleta seletiva de resíduos secos e rejeitos aterráveis, e incentivando a alimentação saudável. Para reforçar estes conceitos e práticas exibiremos animações antes das sessões relativas a estes temas e os nossos monitores e professores estarão introduzindo este assunto nas ações a ser realizadas.
A reabertura do Planetário do Carmo ocorrerá dia 8 de maio, às 10h com a presença do prefeito Fernando Haddad, secretários, convidados e jornalistas, tivemos grande dedicação de muitos funcionários dos departamentos da SVMA e de seu gabinete, mas contamos com uma equipe recém contratada e muito motivada que fez diversas reuniões preparatórias como a chefe de gabinete - Priscila Rodrigues Martins da Silva Birolo da Subprefeitura de Itaquera, contamos com apoio total do Subprefeito - Mauricio Luis Martins do Diretor de DEPAVE 7 - Pedro João da Silva e da administradora do Parque do Carmo - Magda Massae Kataoka, e com a equipe do SESC Itaquera - Erika Mourão Trindade Dutra e Fabio Luiz Vasconcelos, nossos vizinhos e parceiros, além de representantes das diretorias de ensino.
Que este empenho de tantos envolvidos e entusiastas se transforme num exemplo de ações que possam fortalecer a Educação Ambiental como um caminho para a população paulistana percorrer para construir um novo e melhor futuro em comum. Agradeço a administração pública da gestão Haddad, por apoiar e possibilitar a devolução de equipamentos tão preciosos a formação do cidadão, em um momento tão difícil como este que estamos passando no Brasil e no mundo. Mas lembro a todos que estamos só no início da reestruturação da EMA – Escola Municipal de Astronomia e Planetários na cidade de São Paulo, pois temos o desafio da continuidade, manutenção e produção científica deste importante trabalho educativo na cidade de São Paulo.
Mônica Pilz Borba – Diretora da UMAPAZ
Pedagoga, especialista em Educação Ambiental
» Para saber mais, acesse a página dos Planetários de São Paulo.
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