Infraestrutura Urbana e Obras

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São Paulo - Programa de Mobilidade Urbana

IVM – “Passagens”

A Mobilidade Urbana representa enorme desafio para os gestores das grandes metrópoles. São Paulo, a capital brasileira que mais cresceu em todo século 20, atingiu um milhão de habitantes ainda na década de 1930. Hoje, com 11,2 milhões (censo demográfico de 2010), possui uma frota de 6,2 milhões de veículos (dados do IPEA), o que resulta numa média de 1,6 veículos para cada habitante. Obviamente, além do caos diário no trânsito há que se levar em conta o peso dessa atividade para o meio ambiente, especialmente para a qualidade do ar que respiramos.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras trabalha para levar a campo todas as propostas expressas em seu Plano de Metas. Em seu Programa de Mobilidade Urbana, estão em curso grandes obras de infraestrutura urbana, com capacidade para operar uma mudança sensível nesse quadro. Porém, convém perguntar: o que é esse Programa de Mobilidade Urbana? Qual o lugar do cidadão, do pedestre nesse Plano?

A Prefeitura de São Paulo entende que não basta construir obras viárias. O conceito que estabelece a diretriz desta política pública é centralizar as ações na cidadania. Em outras palavras, a Prefeitura trabalha com a ideia do cidadão como protagonista dos projetos. Trata-se do planejamento e da realização de uma política pública na qual a mobilidade urbana esteja integrada à vida da cidade, de forma segura e confortável.

Ou seja, o trajeto de ida e volta para casa pode ser feito por meio de diferentes modais, dos trajetos mais curtos, como o interbairros, aos trajetos mais longos. Estamos falando da integração de diferentes modais, onde ônibus, metrô, carros, transportes não motorizados e outros tenham o desempenho mais adequado. Os projetos dos corredores e dos novos terminais acolhem e distribuem os passageiros de forma racional e confortável, por meio da integração. Por exemplo, alguém descer do ônibus num terminal, onde já pega o metrô ou mesmo recolhe sua bike para chegar à sua casa.

A função de acolher bem as pessoas tem direcionado a construção das plataformas. Os novos corredores oferecem abrigos modernos e bonitos, com iluminação noturna eficiente, de modo a dar mais segurança às pessoas. São construídos segundo as novas regras de acessibilidade, com rampas e sinalização adequada às pessoas com problemas de mobilidade. Alguns contarão com a tarifa desembarcada, na qual o pagamento é feito antes e a entrada no ônibus tem fluidez confortável, sem filas e catracas. Tal política pública resulta numa cidade mais amigável. Na relação convívio com a cidade, os novos parklets, lugares de pausa, de distensão no cotidiano têm obtido aprovação pela população.

Neste momento, a Secretaria de Infraestrutura Urbana tem em execução oito empreendimentos viários. São eles: Corredor Radial Leste 1; Corredor Leste Itaquera Trecho 1, Corredor M’Boi Mirim, Corredor Binário Santo Amaro, Corredor Berrini, Corredor Inajar de Souza, Corredor Ponte Baixa e o viário do Terminal Itaquera. Somados, esses empreendimentos acrescentarão à cidade 63,5 quilômetros de vias exclusivas para os coletivos, nas quais o tempo de viagem é bem menor. Deste total em execução, 33,7 quilômetros já foram concluídos. Além desses corredores, devemos acrescentar os Terminais Itaquera, Parelheiros, Jardim Ângela e Perus. Na área da urbanização, todos esses projetos refletem no embelezamento da paisagem, da cidade, pois são dotados de readequações urbanas, parques lineares, novos espaços de lazer e convívio.

Em obras contratadas, SIURB tem ainda 34,8 quilômetros, distribuídos entre os Corredores Radial Leste 2, Aricanduva, Complexo Viário Jardim Ângela, Capão Redondo e Chucri Zaidan. Há, ainda, um conjunto de obras de corredores em processo de licitação que somam 44,9 quilômetros de vias exclusivas.
Todos esses corredores irão promover uma mudança radical na qualidade de vida das pessoas. Especialmente as regiões Leste e Sul, as mais populosas, que sofrem com longas viagens há décadas.

 

 

 

 

 


PASSAGENS – JARDIM ÂNGELA – SIURB E IVM

Mas, o que teria a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras com a experiência “Passagens”, desenvolvida em parceria com o IVM? Como a SIURB, o trabalho do Institut pour la Ville em Mouvement ( Instituto Cidade em Movimento) está voltado para a vida urbana, cujo foco do trabalho é o mesmo: o homem da cidade. E, na cidade, as questões relativas ao transporte, aos deslocamentos.

Passagens é um projeto do IVM, instituto criado em 2000, com sede em Paris, que conquistou reconhecimento internacional por seus projetos e realizações em mobilidade e intermodalidade. Microacessibilidade pode ser considerada a matéria de seus projetos.

O IVM lançou Passagens, um programa internacional dirigido a profissionais e ao público. Passagens trata da função dos espaços públicos, trata dos pequenos trajetos – passagens como elos essenciais aos deslocamentos urbanos. Já foi desenvolvido em parceria com as cidades de Barcelona, Paris, Montevidéu, Xangai, Toronto, Tours, Valparaíso, entre outras, e agora chega à maior metrópole da América Latina.

O trabalho faz estudos de caso e propõe soluções que melhoram a vida urbana. Por mais de quatro meses de investigação multidisciplinar do IVM Brasil ( http://cidadeemmovimento.org/ ), em São Paulo, mais especificamente no Jardim Ângela, zona sul, foram vivenciados os problemas cotidianos das pessoas nos deslocamentos. Enfrentar escadarias íngremes, passagens por largas avenidas, terrenos irregulares, situações urbanas inóspitas e, sobretudo, as dificuldades de acesso ao transporte.

Percebemos aqui o elo. Técnicos de SIURB, em permanente contato com equipes do IVM produziram subsídios para a criação de um Programa de Microacessibilidade. Este programa complementará os Planos Básicos Ambientais do Programa de Mobilidade que ainda estejam em fase de licenciamento.

Como dito anteriormente, SIURB e IVM se ligam no trajeto que todos fazemos diariamente, da casa para a cidade, e da cidade para casa. A Microacessibilidade dá conta de entender o lugar, seu desenho, sua influência na vida das comunidades. No caso do Jd. Ângela, um bairro pobre, necessitado de infraestrutura urbana e transporte adequado.

As propostas vão adequar o entorno de lugares densamente ocupados, os desafios impostos aos moradores, especialmente os caminhos mais usados. É um trabalho de importância fundamental para que os corredores, dada sua escala e velocidade, não se transformem numa barreira, como acontece com as Marginais Pinheiros e Tietê, que hostilizam as pessoas em função dos carros, dificultam os pequenos trajetos intrabairros. No conceito e planejamento de SIURB, os corredores devem se transformar num ponto de convergência e fluidez nos deslocamentos. Os resultados positivos desta experiência formarão uma base conceitual e prática de soluções, que serão novamente utilizadas em outros projetos.

Faz parte do Passagens ouvir a comunidade, acolher e entender as sugestões e os problemas apontados por quem vive no lugar. Abrigadas em um site do projeto, as sugestões, as críticas, os desenhos de como melhorar o Escadão do Jd. Nakamura, por exemplo, serão analisados pelos arquitetos e urbanistas e poderão ser incorporados aos projetos. Para incentivá-los, a Prefeitura fará um concurso em que os vencedores serão premiados.

As metrópoles e megalópoles têm passado por grandes mudanças, em todo o planeta. A adoção de viários que afirmavam a hegemonia dos carros, entre outras intervenções urbanas, está passando por um momento de revisão. Viver as mudanças em que o cidadão volta a ser o protagonista no espaço citadino é gratificante. Sendo um trabalho multidisciplinar, teremos intervenções concretas e inovadoras nos lugares que servem como passagens.