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Quarta-feira, 28 de Maio de 2025 | Horário: 15:19
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Ambulatórios de Alto Risco da Prefeitura acompanham de perto gestantes com complicações

Grávidas hipertensas, diabéticas e com outras comorbidades contam com suporte extra ao pré-natal realizado nas UBSs

Os Ambulatórios de Alto Risco da Prefeitura de São Paulo prestam um serviço importante no acompanhamento de gestantes que necessitam de atendimento de alta complexidade. Em 2024, 42,5 mil mulheres foram atendidas nestes equipamentos, onde passaram por consultas com especialistas e exames específicos.

Nesta quarta-feira (28 de maio), é celebrado o Dia Nacional de Combate à Mortalidade Materna. Os 14 ambulatórios da Secretaria Municipal de Saúde - localizados em todas as regiões da cidade e em equipamentos como Hospitais Dia (HDs) e maternidades - contribuem para o enfrentamento da gravidez de risco.

“A cada 10 mortes maternas, nove são evitáveis. Quando a paciente descobre a gestação e vai até a UBS para fazer o teste, é feita uma triagem para ver se ela tem alguma comorbidade. O acompanhamento é realizado em paralelo ao pré-natal na UBS. Nos ambulatórios, temos especialistas em gestação, tempo maior de consulta, estrutura para exames, como ultrassom e ecofetal, que avalia o coração do bebê”, esclarece a ginecologista e obstetra especialista em medicina fetal Letícia Carvalho, que atua no Ambulatório de Alto Risco no Hospital Dia Butantã.

As unidades municipais contam com consultório para atendimento clínico e obstétrico, sala para atendimento individual e sala de exames e/ou coleta, onde as gestantes de alto risco são atendidas por médicos, muitos com especialização em gestação de alto risco, além de profissionais de enfermagem e equipes multidisciplinares, de acordo com o caso. 

No ano passado, foram realizadas 47,8 mil consultas e mais de mil exames de tococardiografia anteparto, para avaliar a frequência cardíaca fetal e as contrações uterinas. 

São consideradas gestantes de alto risco grávidas com quadro de hipertensão, diabetes (tipos 1, 2 ou gestacional), anemia, obesidade, desnutrição, hipo e hipertireodismo, hepatite B ou C, abortamento recorrente, toxoplasmose, infarto, doenças autoimunes, doenças neurológicas, como epilepsia, pneumopatias graves, entre outras, além de condições especiais como gravidez abaixo dos 14 anos e acima dos 40 e adolescente com qualquer comorbidade, bem como condições e alterações fetais e placentárias. 

A lista completa das condições de risco pode ser consultada aqui.

A ginecologista e obstetra especialista em medicina fetal Letícia Carvalho  conta que em média são atendidas 150 mulheres mensalmente. “Todos os dias temos primeiras consultas e as consultas de retorno; dependendo da comorbidade e da idade gestacional, elas têm que vir quase que semanalmente; é como um casamento, eu costumo dizer: ‘parabéns, a gente se casou e vai viver junto até o nascimento do bebê’”, diz Letícia.  

Após o nascimento, o acompanhamento segue na UBS de referência da família, para que mãe e bebê continuem participando das ações clínicas e educativas previstas e mantenha sua situação vacinal em dia.

Acompanhamento pode seguir por toda a gestação

Em geral, as gestantes de alto risco são atendidas no ambulatório por cerca de sete meses, com visitas semanais ou quinzenais, ou até com intervalo um pouquinho maior ou menor dependendo de cada caso.

A maioria dos casos atendidos pela médica Letícia hoje é de gestantes acima dos 35 anos, definida como idade materna avançada, e, principalmente, acima dos 40 anos. “Apesar da idade avançada, muitas delas evoluem bem, mas é mais comum vir com uma comorbidade ou desenvolver alguma associada. Nesse sentido, meu grande volume é de pacientes diabéticas”, diz a obstetra, alertando para o fato de que o diabetes na gestação tem sido cada vez mais comum. “Mas nós também diagnosticamos mais, o que é muito importante”, ressalta ela, acrescentando que algumas pacientes precisam de tratamento medicamentoso e outras têm a doença controlada com dieta e atividade física.

Além do diabetes, sobrepeso, obesidade, hipertensão e alterações na tireóide são os quadros clínicos recorrentes nas gestantes de alto risco. Sempre que uma paciente chega ao ambulatório, é feita uma triagem com verificação da pressão arterial, peso, além da consulta especializada com exame físico e análise de exames. 

O atendimento inclui ainda avaliação de intercorrências, solicitação de exames complementares, prescrição e acompanhamento de medicamentos, orientações gerais, reclassificação de risco e elaboração do plano de cuidado. Já o acompanhamento nutricional é feito nas UBSs e nos ambulatórios de especialidade.

Em caso de emergência, as gestantes são encaminhadas às maternidades de referência. No caso do HD Butantã, a do Hospital Municipal Mario Degni. A transferência é feita de ambulância e com uma enfermeira acompanhando a gestante. Em casos de urgências e emergências, a orientação é que as gestantes que estão em casa busquem sempre atendimento nas maternidades, que possuem especialistas de plantão.

“Como digo sempre às gestantes que acompanho, meu trabalho é pensar em tudo o que pode dar errado e minimizar riscos. O pré-natal é para isso. Preciso cuidar das comorbidades que elas têm e avaliar o risco de desenvolver outras, desde diabetes à pré-eclâmpsia”, comenta a médica Letícia Carvalho. Ela alerta para esta última, uma doença grave que está entre as principais causas de mortalidade materna e é prevenível. “A cada 10 mortes maternas, nove são evitáveis; então, quando a gente acompanha e vê o quadro e o histórico da gestante, entra com medicação para minimizar o risco.”

Em geral, cada mãe passa por cerca de 20 consultas no Ambulatório de Alto Risco, e o índice de adesão ao acompanhamento é alto. As faltas, quando ocorrem, são ocasionadas por dificuldades como ter outros filhos e não ter com quem deixar, ou mesmo não ter dinheiro para condução. Os casos faltosos são monitorados pela equipe de enfermagem e questões pontuais são resolvidas para que a consulta ocorra. 

As faltas ao ambulatório, mesmo justificadas, constam em prontuário e a UBS de referência é notificada. Tudo é anotado no prontuário ou ficha de acompanhamento do pré-natal e no cartão da gestante, e relatórios de encaminhamento são enviados para a unidade de atenção primária de origem, garantindo que a gestante tenha todo seu histórico documentado.  

Enfermeira e também paciente

Além da nova vida no ventre, as gestantes de alto risco também carregam consigo uma pasta com o “cartão da gestante”, os exames, receituários, dietas e todo o histórico do pré-natal. “É o nosso diário”, diz a enfermeira Graziela Araújo de Assis, 43 anos, que está entrando no sexto mês de sua segunda gestação, 11 anos depois do primeiro filho.

“Eu fui surpreendida com a notícia, entrei em pânico, porque eu já estava com  sobrepeso, sou hipertensa e fui diagnosticada com diabetes gestacional e é algo que, quando você é profissional da saúde, nos preocupa mais ainda, porque você sabe de todos os riscos envolvidos para uma gestação de alto risco”, conta a enfermeira-paciente, acrescentando que chegou para a primeira consulta com o médico na UBS Caxingui, na zona oeste, com várias angústias. “Lá eu já fui direcionada para o pré-natal de alto risco; você se desespera, e o papel do profissional, do obstetra do pré-natal de alto risco, é nos tranquilizar”, relata. 

Já o papel da paciente, para Graziela, é compreender e ter claro o que precisa fazer nesta fase para que a gestação consiga ir até o final. No seu caso, como gestante de alto risco e em idade avançada, os cuidados incluem monitoramento da pressão, feito na UBS, dieta, exercício físico e controle glicêmico, além da medicação, acompanhada pela médica, que avalia o seu quadro de forma contínua.

A expectativa de Graziela é de que a filha Catarina chegue entre o final de julho e o início de agosto, mas até aquela consulta com 22 semanas, ela ainda não tinha conseguido ver o rostinho da filha. “Ela é difícil!”. Mas eis que, para alegria da mãe e da médica, no exame de ultrassom que seguiu o acompanhamento, a bebê finalmente mostrou o rostinho pela primeira vez, e a médica Letícia confirmou que está tudo bem com a gestação, dando à mãe motivos para sair alegre daquela consulta ao Ambulatório de Alto Risco.

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