Notícia na íntegra
Conheça os serviços da Prefeitura que atuam no acolhimento de pessoas com uso abusivo de álcool e outras drogas
O cuidado para pessoas com questões relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas, inclusive os opioides, ocorre em uma rede articulada de serviços que são pontos estratégicos na atenção especializada em saúde mental. Como parte da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), os Caps são a porta de entrada para o atendimento na área de saúde mental pela Prefeitura, incluindo equipamentos preparados para receber pessoas com problemas de abuso de substâncias químicas. A rede do município conta atualmente com 103 Caps, sendo 35 deles Álcool e Drogas (AD), 34 Infantojuvenis e 34 Adultos.
Aos 42 anos de idade, o pintor automotivo Luciano Nascimento percebeu que o consumo abusivo de álcool e drogas estava prejudicando o seu trabalho, sua família e seu casamento. Mas, ele sabia que não seria fácil controlar o consumo dessas substâncias, que fazem parte de sua rotina desde os 13 anos: “Eu pensava que conseguiria parar sozinho, mas a cada dia eu me afundava mais”, confessa.
Luciano percebeu que precisaria de ajuda; foi então que um amigo indicou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Álcool e Drogas (AD) III Paraisópolis. O equipamento da Prefeitura é administrado por meio de um convênio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, é onde ele está em tratamento há pouco mais de um mês, de forma intensiva: todos os dias pela manhã Luciano sai de sua casa, na região do Campo Limpo, e vai para o CAPS, onde participa de grupos com atividades terapêuticas, que vão até o final da tarde. “Eu venho e quero participar de todos os grupos porque eles me fortalecem para a batalha lá fora”, comenta.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso de substâncias psicoativas tem um impacto significativo na saúde mental, na medida em que estas atuam no sistema nervoso, gerando alterações nas funções que regulam pensamentos, emoções e comportamento. A estimativa da organização é de que 4,4 milhões de homens e 1,2 milhão de mulheres na América Latina e no Caribe sofrem de transtornos relacionados ao uso de drogas — como dependência e outras condições – em algum momento das suas vidas.
Os Caps AD funcionam em regime de porta aberta, de segunda a sexta, das 7h às 19h, promovendo o acolhimento inicial a partir da escuta qualificada, sem a necessidade de encaminhamento ou agendamento prévio. As unidades contam com equipes multidisciplinares, compostas por profissionais médicos, enfermeiros, psicológicos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e assistentes sociais, que promovem o cuidado a partir de um projeto terapêutico singular construído em conjunto com o paciente. São ofertados atendimentos individuais e coletivos, além da articulação com outros pontos da rede de saúde e da rede intersetorial a partir das demandas de cada caso.
Nos Caps III, especificamente, existem vagas de acolhimento integral, nas quais os usuários podem permanecer para tratamento durante os estados mais agudos da doença pelo período de 15 dias. A internação hospitalar só é indicada quando esgotadas todas as possibilidades terapêuticas disponíveis no Caps. O munícipe é acolhido e participa da elaboração de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) específico para as suas necessidades e demandas.
Vivências compartilhadas
“A pessoa que chega aqui é atendida, no acolhimento, por um profissional que vai fazer a primeira escuta. Essa escuta é extremamente acolhedora e empática. Ninguém está aqui para julgar. A gente está aqui para construir junto com a pessoa que tá buscando ajuda”, explica Fernanda Vautier, psicóloga do Caps AD III Paraisópolis.
Na casa onde funciona o serviço, são oferecidos grupos de arteterapia, de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics), de planejamento de vida e até grupo de passeios: “A lógica é a de ampliação de repertório, de resgate da autonomia”, esclarece Fernanda. Para Luciano, a abordagem em grupo é essencial, já que o ajuda a perceber que não está enfrentando esse desafio sozinho: “Não sou só eu. Tem pessoas aqui que também estão numa situação difícil”, comenta.
O Caps Paraisópolis também tem um espaço dedicado aos familiares dos pacientes que já frequentam a unidade ou de pessoas com problemas de abuso de substâncias, mas que ainda não aceitaram realizar um tratamento. “A ideia é cuidar da família também, para que ela possa auxiliar no apoio ao paciente”, diz Fernanda.
No caso de Luciano, a família tem sido o ponto alto do processo de reabilitação: “A maior conquista foi me aproximar da família, agora eu converso com as minhas filhas, com quem que eu já não falava. Tudo mudou”, comemora o paciente.
O legado da luta antimanicomial
Esse tipo de cuidado só é possível graças ao Movimento da Luta antimanicomial, lembrado no dia 18 de maio. Iniciado nos anos 70, a mobilização tinha objetivo de humanizar o tratamento das pessoas com algum tipo de sofrimento psíquico e lembrar à sociedade que, como todo cidadão, elas têm o direito fundamental à liberdade, ao convívio social, a receber cuidado e tratamento de forma humanizada e integral.
“A luta veio para fazer um cuidado igualitário para todos: para quem tem condição de saúde mental persistente, para quem faz uso abusivo de álcool e drogas. É para cuidar no território e não enclausurado. Trancar não cuida ninguém”, afirma Fernanda.
A Lei da Reforma Psiquiátrica, de 2001, determinou o fechamento dos manicômios no Brasil e estabeleceu novas diretrizes de tratamento, que, em vez de excluir as pessoas em sofrimento do convívio social, propôs-se a integrá-las, preferencialmente em serviços comunitários de saúde mental. A partir daí nasceu a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), um conjunto de serviços de saúde que trabalham juntos para cuidar de pessoas com sofrimento emocional ou problemas causados pelo uso de álcool e outras drogas, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
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