Prefeitura de São Paulo

No Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, 6 de junho, a Prefeitura de São Paulo destaca os serviços de referência voltados especificamente ao atendimento de queimados e curativos para feridas graves. 

As queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida.

Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Tatuapé
Estruturado em 1975 pelos cirurgiões plásticos, Ary do Carmo Russo e Urio Mariani, pioneiros no tratamento de queimados no país, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) integra a estrutura do Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, no Tatuapé. Desde então, o serviço consolidou-se como uma referência na cidade e no estado.

Com 93 profissionais, o centro é como um “Hospital dentro do hospital” no HMCC, o que inclui uma estrutura com emergência, ambulatório, enfermaria (22 leitos), UTI (quatro leitos) e centro cirúrgico (duas salas). 

Em um mês típico, são realizados ali mais de 600 atendimentos, sendo cerca de 100 emergenciais. Dependendo da gravidade, como no caso dos chamados “grandes queimados”, com queimadura de 3º grau, os casos demandam internação, algumas prolongadas. 

Em 2024, o CTQ atendeu 7.646 pacientes no ambulatório e 1.177 na emergência; 330 pacientes foram internados e 445 passaram por cirurgia. A faixa etária mais frequente foi dos 31 a 60 anos (3.653 atendimentos ambulatoriais, 553 emergências e 144 internados); em relação ao sexo, os homens são predominantes nas internações e atendimento ambulatorial, enquanto mulheres predominam nas emergências. Já o tipo de queimadura mais frequente é por escaldo, ou seja, por contato com líquidos quentes (responsáveis por 65 internações, 675 atendimentos em emergência e 3.351 atendimentos ambulatoriais).

Em 2025, de janeiro a abril, 87 pacientes já foram internados no CTQ, 2.287 foram atendidos no ambulatório e 355 passaram pela emergência. O CTQ também atende pacientes de outros municípios e estados que não possuem centros de queimados. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), um milhão de pessoas sofrem de queimaduras todos os anos no Brasil. Destas, 200 mil procuram atendimento de emergência e 40 mil são internadas.

“Atualmente, temos pacientes que queimaram 90% do corpo, tanto adultos como pediátricos, e que sobreviveram, pois estamos conseguindo combater a sepse”, explica o cirurgião André Nishimura, coordenador do CTQ. A infecção ocorre porque a pele, maior órgão do corpo humano, que cumpre várias funções, perde as barreiras de proteção. “Atribuímos essa experiência exitosa ao zelo médico e a capacidade da equipe multiprofissional especializada e, somado a isso, uma série de tecnologias de alto custo que a Prefeitura incorporou e que potencializa o tratamento de queimados”, comenta o coordenador, citando como exemplos materiais como a matriz de regeneração dérmica, que se incorpora à pele e auxilia a melhora do fechamento de feridas e queimados, além do curativo a vácuo.

O coordenador do CTQ “O paciente vítima de queimadura fica traumatizado, por isso oferecemos apoio psicológico a estas pessoas, muitas das quais vivem em situação de vulnerabilidade social, e que, dependendo de quanto a pele foi atingida, precisam reaprender a andar, se relacionar com isso e conviver com a nova aparência. Precisam de ajuda para serem reinseridos na sociedade”, reforça.

Dos 93 profissionais do CTQ, 23 são médicos (intensivistas, plantonistas, diaristas, cirurgiões plásticos), 63 são enfermeiros, técnicos e auxiliares, três fisioterapeutas, um assistente social, um psicólogo, além de fonoaudiólogos e nutricionistas. Entre os profissionais especializados da equipe, destacam-se os enfermeiros, muitos dos quais se especializaram em estomaterapia, especialistas na área de feridas. 
Atualmente a estrutura do CTQ passa por uma reforma para trazer ainda mais segurança e conforto aos pacientes, sem prejuízo aos atendimentos. 

Polos de Curativos
Além do Centro de Tratamento de Queimados, desde 2021 a rede municipal estruturou uma rede com 29 Polos de Curativos e tratamento de feridas, que são centros especializados no tratamento de lesões de maior complexidade, como feridas crônicas de difícil cicatrização, a exemplo do pé diabético, e queimaduras.

Esses equipamentos estão distribuídos em todas as regiões da capital, instalados em Hospitais Dia (HDs), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), AMAs Especialidades, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Ambulatório de Especialidades (AE).

Os polos de Curativos contam com enfermeiros especialistas em estomaterapia e/ou dermatologia e possuem materiais de ponta com tecnologias que aceleram o processo de regeneração da pele. Os enfermeiros especialistas dos polos realizam também o matriciamento, apoio técnico e treinamento para as equipes de enfermagem das UBSs e do Programa Melhor em Casa, evitando, sempre que possível, o deslocamento dos pacientes com feridas até o polo.

Em 2024, os Polos de Curativos da capital receberam 98 pacientes com ferimentos decorrentes de queimaduras, entre eles 22 crianças e 58 pessoas na faixa etária entre 12 e 59 anos; em relação à classificação de gravidade dos ferimentos, 15 pacientes tiveram queimaduras de 1° grau (superficial), 55 tiveram queimaduras de 2º grau (intermediária) e 12 de 3º grau (o mais grave). Em 2025, de janeiro a abril, 50 pacientes com queimaduras nos vários graus já foram atendidos nos Polos de Curativos.