Secretaria Municipal de Relações Internacionais
Tambor Arte dá cor ao centro de São Paulo
“O grafite é a linguagem artística mais democrática que existe”, define Jéssica Gomes Cajuela, 22, arte educadora e uma dos 31 grafiteiros que coloriram a Praça do Patriarca nos dias 20 e 21 de outubro. Nestes dias, 50 tambores foram grafitados para o projeto Tambor Arte, realizado a partir do meio-dia no centro de São Paulo.
A iniciativa é da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, por intermédio da Coordenadoria da Juventude, em parceria com a Suvinil Spray e a World Expo. Os trabalhos serão expostos durante um mês em cinco estações do metrô (Ana Rosa, São Judas, República, Tatuapé e Largo 13) e em cinco da CPTM (Brás, Perus, José Bonifácio, Júlio Prestes e cidade Jardins).
“Acho que inicialmente as pessoas não vão entender o que está acontecendo”, opinou Wellington Naberezny, 26, grafiteiro comercial, sobre a exposição no metrô. “Mas aí vão ver que não é só porque se usa uma lata de spray que é pichador, vagabundo. Isso vai abrir a mente deles, vão querer aprender um pouquinho”, prevê.
Além da divulgação nas estações, os tambores poderão integrar a delegação de obras que representará o país na Word Expo 2010, em Xangai, com o tema “Cidade Melhor, Vida Melhor”. A este respeito, o grafiteiro comercial Vinícius Natoli Pereira, 25, acredita que o grafite expressa poeticamente o cotidiano dos moradores de São Paulo e exterioriza a visão pessoal do artista acerca do local onde vive. “A cidade precisa disso, ver o grafite e ter novas ideias, novas formas de pensar, abrir a cabeça”, propõe.
Nesse âmbito, o grafiteiro e professor de sociologia Camilo Thomaz Benedito, 25, vê nessa manifestação artística uma forma de socializar a arte e de se pensar no coletivo numa sociedade individualista. Para Ednei Miguel Dimas, 23, arte educador a participação é uma das características do grafite e, principalmente, do Tambor Arte: “Aqui a gente tá socializando, tem varias pessoas passando, olhando, opinando, conversando. Isso tudo agrega ao nosso trabalho”.
Além de incentivar o envolvimento do público, o Tambor Arte revela o grafite enquanto expressão artística, o que ajuda a diminuir a visão negativa que muitos têm dessa modalidade. “Quando comecei a pintar, em 2003, tinha mais preconceito. Às vezes tomava enquadro de polícia à paisana. Agora tem mais abertura pro grafiteiro. Quando acham que estamos pichando, alguém fala ‘Não, isso é grafite’”, conta o professor.
Para Benedito, a diferença entre pichar e grafitar está na cor, embora acredite que os leigos sintam mais diferença entre os dois formatos. Jéssica, entretanto, explica que a mudança está na finalidade da manifestação: “As duas são formas de arte, são expressão e comunicação, mas o grafite se preocupa mais com a parte estética. A pichação, não. Se preocupa mais em escrever o nome, em divulgar quem eles são”.
A visibilidade é outra consequência do projeto. Ednei Miguel Dimas, 23, arte educador, vê no metrô a possibilidade de expor o trabalho para um público com poder aquisitivo mais alto. “Lá circula principalmente a classe média e a classe baixa. O grafite tá na rua para todas as idades, etnias e classes. E no metrô transita uma grande variedade de pessoas, que podem ver a arte de outra forma.”
Sobre os locais preferidos de exposição, Benedito explica que o grafiteiro gosta de ver o próprio trabalho por onde passa. Ainda assim, Jéssica aposta que todos os inscritos do Tambor Arte gostariam de enviar seus tambores a Xangai, para a World Expo 2010. “É interessante a gente projetar o grafite pra fora. Quando a gente fala de grafite no cenário mundial, São Paulo é um dos lugares mais conceituados. Estamos num lugar que fervilha cultura”, explica o professor.
“Existem alguns grafiteiros que já são famosos aqui no Brasil e no exterior, mas o espaço é muito restrito. Então é bem interessante essa iniciativa do Tambor Arte de divulgar outras pessoas que pintam também”, diz Jéssica.
Projeto
O Tambor Arte teve inicio em julho deste ano. Foram selecionados por uma comissão avaliadora 31 artistas, inscritos via edital. A ação como inspiração um festival anual no México, o “Tambo Parade”. Assim como lá, a SMPP pretende criar uma tradição de todo ano haver uma exposição com tambores grafitados.
Expo Xangai
As Exposições Universais (World Expo) constituem o terceiro maior evento internacional depois da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos, em termos de impacto cultural e econômico para uma cidade-sede. Essas Exposições têm sido realizadas durante há mais de um século e meio, com início em 1851, no Palácio de Cristal, em Londres. O sucesso da primeira edição fez com que o evento fosse reproduzido em outros países e as exposições universais passassem a ser consideradas referência na apresentação de ideas inovadoras e no intercâmbio econômico, científico, tecnológico e cultural entre os participantes.
A edição de 2010 da World Expo, em Xangai, será a primeira Exposição Universal a ser realizada em um país em desenvolvimento. Já são 161 países e 26 organizações internacionais que confirmaram a presença no evento. Além disso, estima-se que Xangai receberá a visita de mais de 70 milhões de pessoas durante os seis meses de evento.
A vida urbana será realçada pela primeira vez como tema de uma feira na história das Exposições Mundiais. Governos e indivíduos dos países ao redor do mundo irão demonstrar novos modelos para o futuro desenvolvimento das cidades, se focando na nas propostas de desenvolvimento sustentável e na maior harmonia entre seres humanos e natureza.
Patrocinada pelo Governo Chinês e pelo Governo Municipal de Xangai, a Exposição está agendada para durar 189 dias, iniciando-se em 1° de maio de 2010 e terminando em 31 de outubro do mesmo ano.
Fonte: SMPP
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