Subprefeitura Santo Amaro
Rinite alérgica pode interferir no desempenho escolar de crianças
Nariz entupido, gripes de repetição ou sinusite. É muito comum a rinite alérgica ser assim "diagnosticada" e, pior, tratada desnecessariamente com antibióticos. É aí que mora o perigo. Essa doença, se não tratada em tempo e adequadamente, pode trazer conseqüências desagradáveis. Uma delas é o baixo rendimento escolar. "A rinite traz diversos incômodos, além de seus próprios sintomas. Isso leva a criança a ficar irritadiça e fatigada, interferindo no seu dia-a-dia, principalmente na escola", explica a Dra. Maria Candida Rizzo, doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e preceptora de Residência Médica do Hospital Menino Jesus/PMSP.
A rinite alérgica é uma inflamação na mucosa nasal que desencadeia uma série de sintomas nasais, como nariz entupido, coriza e coceira no nariz. Atinge cerca de 25% das crianças em idade escolar e é causada pela exposição aos chamados alérgenos, como ácaros, mofo e pêlos de animais.
Substâncias irritantes, como gases poluentes e perfumes, contribuem para agravar o quadro. Os alérgenos ligam-se a anticorpos presentes no organismo dos indivíduos predispostos, levando à liberação de 'substâncias' das células capazes de produzir espirros, coceira no nariz e na garganta, coriza e obstrução nasal.
Junto com a rinite alérgica infantil, é muito comum ocorrerem doenças associadas, as chamadas comorbidades, cujos sintomas podem levar a dificuldades de concentração e perda cognitiva, afetando o rendimento escolar. Conforme esclarece Dra. Candida, nas crianças, a doença não se limita à irritação no nariz, mas caracteriza-se por ser uma inflamação sistêmica. "Quando a mucosa nasal está inflamada, pode ocorrer a alteração das condições normais de outros órgãos com os quais o nariz se comunica, como o pulmão, a faringe, os seios da face, os olhos e ouvidos. Se não tratada, a rinite pode levar localmente a um acúmulo de secreção com maior probabilidade de proliferação bacteriana". Nesses casos, a criança apresenta além dos incômodos da própria rinite - prurido nasal, coriza, obstrução e espirros - sintomas de asma, otite, sinusite, faringite e conjuntivite. "Além disso, essas comorbidades mascaram o diagnóstico da própria rinite, levando, não raro, a tratamentos errôneos", completa Dra. Cândida.
Outra característica da rinite não tratada ou mal conduzida é a respiração oral, por causa da obstrução do nariz. Isso leva à fragmentação do sono e, ao longo do dia, cansaço, irritabilidade e dificuldades de concentração. "Crianças tratadas inadequadamente respiram inadequadamente. Conseqüentemente, apresentam prejuízo na oxigenação cerebral e distúrbios de sono. A criança tem a sensação de não ter descansado adequadamente e isso se reflete na falta de concentração nas atividades escolares. O resultado final se traduz em um nítido comprometimento emocional", afirma a Dra. Renata Cocco, médica alergologista do Hospital Albert Einstein. Além disso, segundo a Dra. Ana Paula Castro, médica assistente da Unidade de Alergia e Imunologia do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas - FMUSP, "o aprendizado também pode ficar prejudicado pelo comprometimento da função auditiva, relacionado ao acúmulo de secreção na tuba auditiva, como complicação de rinite alérgica".
Respirar pela boca também causa má oclusão dentária, alterações na posição da mandíbula e da língua - o que pode levar a problemas de fala - vulnerabilidade às cáries e halitose. "Todo o conjunto de alterações leva, a longo prazo, a distúrbios de postura não apenas em nível físico mas também intelectual e emocional", alerta Dra. Candida. A obstrução nasal prejudica, ainda, o olfato, havendo perda de apetite e, em última instância, perda de peso e altura. Além disso, ao respirar pela boca, a criança anula a função nasal de filtrar, umidificar e aquecer o ar, o que a expõe às outras comorbidades.
Dra. Maria Candida ressalta a importância de se ter em mente o conceito de rinite alérgica como doença sistêmica, sendo recomendado o tratamento multidisciplinar com outros especialistas além do alergista/pneumologista ou do pediatra, como fonoaudiólogos, dentistas, ortodontistas e otorrinos. "A principal forma de prevenir as comorbidades é o seu reconhecimento adequado. É muito importante que o médico possa identificar a rinite alérgica como causa de complicação", explica Dra. Ana Paula.
A Dra. Renata alerta que "o tratamento deve ser sempre individualizado, cada paciente deve ser abordado de forma específica quanto à identificação dos desencadeantes e medicação apropriada. Consensos internacionais apontam os corticóides nasais como uma importante opção terapêutica para as rinites que requerem tratamento farmacológico". O Plurair, solução aquosa com fluticasona comercializado pela Libbs Farmacêutica, não agride a mucosa nasal por não conter conservantes. Além disso, seu frasco possui um sistema de aplicação a vácuo que previne a entrada de microorganismos e impede a contaminação do produto. O medicamento também não apresenta efeitos adversos sistêmicos, quando utilizado corretamente e sob supervisão médica.
Porém, para um bom resultado do tratamento, é fundamental o afastamento dos desencadeantes e irritantes, para qualquer tipo de rinite. Dra. Renata Cocco recomenda, ainda, a limpeza nasal com solução aquosa de cloreto de sódio (soro fisiológico) como primeiro passo para a manutenção das vias nasais permeáveis e para a remoção dos alérgenos e irritantes.
Fonte:
- Dra. Maria Candida Rizzo, doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e preceptora de Residência Médica do Hospital Menino Jesus/PMSP.
-Dra. Renata Rodrigues Cocco, médica alergologista do Hospital Albert Einstein (São Paulo).
- Dra. Ana Paula Castro, médica assistente da Unidade de Alergia e Imunologia do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas - FMUSP.