Secretaria Municipal da Saúde
Estratégia da Saúde busca desenvolver a autonomia de pessoas com deficiência intelectual
Na cidade de São Paulo, 127,5 mil pessoas são diagnosticadas com deficiência intelectual (DI), de acordo com dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, apresentam limitações significativas no funcionamento intelectual, no que diz respeito a habilidades conceituais, sociais ou práticas, como por exemplo a capacidade de se adaptar a diferentes situações.
Além de 34 Centros Especializados em Reabilitação (CERs) que funcionam em todas as regiões da capital, 29 deles com atendimento a pessoas com DI, a atenção a essa parcela da população é intensificada por meio da Estratégia Apoiador da Pessoa com Deficiência (APD), programa implantado pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
O principal objetivo das 32 equipes da estratégia APD, presentes em 24 CERs, é o desenvolvimento das potencialidades do paciente para que conquiste a própria autonomia, independência e protagonismo nos diversos espaços e serviços do seu território.
O encaminhamento acontece da Unidade Básica de Saúde (UBS) para o CER, onde a pessoa com DI é avaliada pela equipe multiprofissional (formada por enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos). Uma vez identificado que poderá se beneficiar da estratégia, a equipe elabora um projeto terapêutico singular (PTS) com a pessoa e sua família.
É o caso da Adriana Lopes, 36 anos, que foi encaminhada à equipe APD do CER III Interlagos, pertencente à Supervisão Técnica de Saúde (STS) Capela do Socorro, na zona sul da capital, com hipótese diagnóstica de deficiência intelectual leve.
De acordo com a fonoaudióloga Daniella Vieira da Silva, 41 anos, a equipe trabalha as potencialidades da paciente, cujo foco é ser reinserida no mercado de trabalho. “No momento, a equipe está trabalhando as suas qualidades para a busca da autonomia e independência, com dicas e simulações de entrevista de emprego, preparando-a para esse momento”, comenta a profissional.
Introvertida, Adriana conta que tem conseguido se socializar, o que contribuirá para o seu desempenho num processo seletivo. “A equipe tem me ajudado a superar a timidez, o medo de falar em público e isso será importante ao participar de uma entrevista. Quero voltar a trabalhar em breve. Estou aberta para qualquer oportunidade”, diz a paciente.
Atuação das equipes começa no território e na casa do paciente
Conforme explica a gerente do CER III Interlagos, Daniela Geanette, 41 anos, o primeiro atendimento da equipe APD é diretamente na casa, comunidade e território do paciente assistido, a fim de identificar suas particularidades e reconhecer o espaço. “O atendimento já se inicia em casa, com a visita da equipe, que entrevista a família, conhece o ambiente e sua rotina. Dessa forma, tem uma ideia prévia da demanda.”
O PTS é voltado às necessidades que o paciente apresenta, podendo ser autocuidado e realização de atividades básicas da vida diária ou ainda a busca por emprego. A estratégia APD também mantém contato com todos os equipamentos do território, uma vez que as intervenções que o usuário realizará serão compartilhadas com os familiares, serviços de cultura, com a escola e os meios onde circula.
“O objetivo é chegar à potência que o paciente tem e permitir que ele consiga ter condições para criar autonomia e ocupar os lugares a que tem de direito", reforça Daniela, lembrando que o isolamento e a dependência excessiva da família vão no sentido oposto, fragilizando a pessoa com deficiência intelectual.
O tempo médio de permanência no programa é de dois a três anos, variando conforme a necessidade de cada indivíduo. “O período de atendimento será de acordo com o que o paciente consegue conquistar dentro dos objetivos traçados, que é a reestruturação da rede apoio e, às vezes, esse processo não é rápido”, explica a gestora.
A estratégia APD no CER III Interlagos acompanha atualmente 80 pacientes e conta, na equipe, com fonoaudiólogo, psicólogo, um terapeuta ocupacional, uma enfermeira/supervisora e seis acompanhantes, que realizam entre duas e três visitas semanais na casa/território.
Em média, as 32 equipes APD atendem 2.300 pessoas por mês na cidade de São Paulo.