Secretaria Municipal da Saúde

Quarta-feira, 6 de Novembro de 2024 | Horário: 11:00
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SMS promove encontro de trabalhadores em saúde mental da capital

Evento abordou direitos das pessoas com transtorno mentais e deficiências, saúde mental dos trabalhadores, vulnerabilidades sociais e a prática possível dos Caps após a reforma psiquiátrica
A foto mostra um auditório lotado, visto a partir dos fundos; no palco, à frente, em sofás, estão sentadas cinco mulheres, conversando; atrás delas, em um telão, lê-se: “Roda de conversa – direitos das pessoas com transtornos mentais e deficiências

Cerca de mil trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) da capital, além de gestores da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) participaram do 1º Encontro da Raps do Município de São Paulo – compartilhando saberes e afetos, realizado nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, no auditório da Universidade Nove de Julho (Uninove).

Organizado pela Divisão de Saúde Mental da SMS em conjunto com representantes dos territórios, o evento possibilitou uma discussão ampla e aberta sobre os temas que mais impactam aos profissionais na Raps, tais como: sofrimento psicossocial, autonomia e protagonismo dos sujeitos, processo de trabalho, articulação intra e intersetorial, redes de cuidado, integralidade e horizontalidade do cuidado, vulnerabilidades sociais, cuidado e saúde dos profissionais da Raps, entre outros.

As rodas de conversa foram construídas a partir destes temas e de relatos de experiências e vivências das equipes dos pontos de atenção, convidadas a enviar para a comissão organizadora do evento relatos de casos, experiências e processos de trabalho que levantassem questões emblemáticas. Segundo a diretora da divisão, Claudia Ruggiero Longhi, 141 relatos foram recebidos a partir da participação coletiva dos trabalhadores.

Como resultado, foram organizadas quatro rodas de conversa: “Direitos das pessoas com transtornos mentais e deficiências", que enfatizou a importância do trabalho conjunto das áreas técnicas de Saúde Mental e Saúde da Pessoa com Deficiência, “Vulnerabilidade e interface com a saúde”, “Saúde do trabalhador” e “Qual a prática possível nos Centros de Atenção Psicossocial após 23 anos de reforma?”, abordados ao longo dos dois dias com docentes e profissionais de notório saber e atuação, convidados para contribuir com suas visões e experiências.  

Participaram das rodas a Profª Dra. Renata Paparelli (PUC/SP), Profª Dra. Teresa Cristina Endo (PUC/SP), Profº Drº Ricardo Rodrigues Teixeira (Faculdade de Medicina da USP), além da médica psiquiatra Janaína Alves Sampaio (Centro de Referência Saúde do Trabalhador de Santo Amaro - SMS).  Também estiveram presentes  a psicopedagoga Luciana Nascimento Crescente Arantes, as psicólogas Flávia Blikstein, Mariane Moyses de Queiroz Alves, Isabela Marques Gomes de Lemos, a enfermeira Fabiana da Silva Pires, a fonoaudióloga Cristiana Lykouropoulos, a terapeuta ocupacional  Nathalia Monteiro de Oliveira (Área Técnica da Pessoa com Deficiência - SMS), a psicóloga Ana Cecilia Ana Cecilia Andrade de Moraes Weintraub (Divisão de Saúde Mental - SMS) e o médico acupunturista  Adalberto Kiochi Aguemi (Área Técnica de Saúde Integrativa – SMS).

A Raps e sua atuação na comunidade

“O sofrimento mental aumentou exponencialmente, e particularmente com a pandemia, tivemos um aumento muito grande de pessoas apresentando transtornos ansiosos, depressivos e outras condições”, pontua Claudia, lembrando que esses casos precisam de acolhimento, tanto quanto os transtornos mentais mais severos que, com a desinstitucionalização e a criação dos Caps e serviços como as residências terapêuticas, foram reinseridos na comunidade. “Com a criação da Raps, passamos a dar mais visibilidade ao sofrimento mental, o que leva muito mais pessoas a reconhecerem o problema nas pessoas próximas ou nelas próprias.”

Na cidade de São Paulo, a Raps é constituída por 103 Caps, 16 Unidades de Acolhimento (UAs), 73 residências terapêuticas, 23 Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos) e dois pontos de economia solidária, além das 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e dos hospitais municipais, que também realizam atendimento e encaminhamento de casos envolvendo saúde mental.

“Achei muito oportuno esse espaço para falar de saúde mental, inclusive do próprio trabalhador da rede, e um dos recursos mais importantes para lidar com as situações com as quais nos defrontamos no cotidiano é o trabalho coletivo nas equipes”, comenta a psicóloga Ana Rita dos Santos Ferreira, que há dois anos trabalha no Caps Infantojuvenil de Cidade Líder, na zona leste.

Para ela, outros pontos importantes postos durante o evento foram a necessidade de os serviços de saúde verem os indivíduos em sua integralidade, atuando de fato em rede, além da integração efetiva da rede à comunidade, para reduzir estigmas que persistem 23 anos depois da promulgação da lei nº 10.216, que instituiu a reforma psiquiátrica no país.

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