LGBTI
Centro de Cidadania Laura Vermont recebe a visita de Ivone de Oliveira no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
No dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o Centro de Cidadania Laura Vermont recebeu a visita de Ivone de Oliveira. Dona de um humor contagiante, Ivone fala sobre sexualidade, moda, saúde e muito mais. A “Gata de Rodas” (nome de seu blog, criado como um diário) queria a princípio apenas falar do dia-a dia. “A intenção não era militância, nem ativismo. Mas com o decorrer de algumas situações da minha vida as pessoas se identificaram e o blog cresceu”, diz.
Em 2016 a Gata de Rodas quis expandir suas possibilidades – e foi parar no meio da Parada do Orgulho LGBTI de São Paulo, no meio de 3 milhões de pessoas. Ela conta que, ao vê-la, as pessoas iam abrindo caminho. Mas Ivone queria mais e em 2017, após um convite da Associação da Parada, levou para as ruas outras pessoas com deficiência. “As pessoas me diziam ignorar que existia pessoa com deficiência LGBT, porque sexualidade nesse meio ainda é um tabu”.
Ivone também reclama que em pleno 2018 ainda não existem campanhas de saúde voltadas às pessoas com deficiência. “Não se fala em sexualidade, como falar em prevenção de doenças? O tabu é enorme. Eu mesma fui ao ginecologista pela primeira vez com 40 anos. A única informação que eu tinha era sobre o uso da camisinha e isso porque vi na TV, somos infantilizados o tempo todo. Mas todo mundo tem relacionamento, todo mundo tem relação sexual. Por que a pessoa com deficiência não? Então quer dizer que ninguém olha para uma mulher com deficiência?”, questiona.
E a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência é clara, em seu artigo 6º: “A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória”.
Segundo Ivone, as pessoas também associam muito pessoas com deficiência a esportes, sempre. “Não que isso seja um problema, mas existem pessoas com deficiência fisioterapeutas, eu sou formada em ciências contábeis... Existem muitas possibilidades. Eu mesma sigo na contramão da sociedade, da minha família, do Estado. Sou tudo aquilo que não querem que eu seja – e não me contento só comigo, quero levar junto todos os outros”, conclui sorrindo.