Mooca
Histórico
ÁGUA RASA
Foi o Ribeirão Tatuapé que deu nome ao bairro da Água Rasa. Isso porque, na região, o leito do rio era extremamente raso, o que originou o nome. Parte do bairro veio de uma grande chácara que pertencia a João Mariano, vendida ao padre Diogo Feijó, uma das figuras mais importantes do Império. A transação ocorreu em 1829. Feijó batizou a área de Chácara Paraíso, e hoje a casa do padre é tombada e está localizada no vizinho bairro de Anália Franco, que pertence à região de Aricanduva. A ponte rasa ainda existe, mas agora cobre um riacho.
BELÉM
O Belém era uma região bem conhecida dos paulistanos no período de 1880, devido à sua altitude, aos vastos pomares e às grandes árvores. Sua fama como estação climática se espalhou graças às enormes chácaras. Mesmo assim, o bairro não se desenvolveu por muito tempo, permanecendo na calma do repouso, enquanto seus vizinhos viviam a febre do desenvolvimento. Nos primeiros anos do século XX, algumas tecelagens começaram a se instalar nas imediações. Isso foi o suficiente para que o progresso chegasse, embora atrasado, mas a passos largos, a ponto de o número de operários e moradores triplicar.
Em 1911, a história do Belém muda para sempre. É nesse ano que se inicia a construção da Vila Maria Zélia, um projeto idealista e revolucionário para os padrões brasileiros. O industrial Jorge Street construiu a vila, que levou o nome de sua esposa, para abrigar 2.100 operários especializados na Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Street foi um dos principais defensores dos direitos dos trabalhadores, e, em sua vila, os funcionários tinham direito à moradia, educação, saúde, lazer, entre outros benefícios. Dessa ideologia surgiu o espantoso progresso na região do Belém. A vila foi projetada pelo arquiteto francês Pedaurrieux, inspirada nas cidades europeias do início do século XIX.
Após a desativação da fábrica, a vila tornou-se um presídio político durante a ditadura do Estado Novo, entre 1936 e 1937. Em 1938, foi vendida a uma empresa. O bairro foi crescendo, mudando com a capital e, assim como ela, se ampliando.
BRÁS
Os primeiros registros do bairro do Brás remontam ao início do século XVIII, quando foi solicitada a construção de uma capela em homenagem ao Senhor Bom Jesus do Matosinho, em uma chácara de José Braz (assim mesmo, com 'z'). As primeiras referências a esse José Braz constam em atas da Câmara dos Vereadores de 1769, quando foram despachadas várias petições em nome dele. A chácara ficava na margem de uma estrada, que era conhecida como Caminhos do José Braz, passou a ser a Rua do Braz e, hoje, leva o nome de Avenida Rangel Pestana.
Naquela época, São Paulo não tinha mais que 30 ruas e, por ser uma cidade extremamente pacata, foi escolhida, em 11 de agosto de 1827, juntamente com Olinda (Pernambuco), para sediar uma Academia de Direito. Nas imediações do Brás, existiam várias chácaras onde residiam famílias ricas da época, entre elas a do engenheiro Carlos Bresser e a chácara do Ferrão, que pertencera à Marquesa de Santos – a preferida do imperador D. Pedro I.
No ano da proclamação da República, a capital contava com 65 mil habitantes. O desenvolvimento do bairro foi lento, até que veio a cultura do café e, com ela, os imigrantes. Assim que os imigrantes desembarcavam em Santos, eram encaminhados – de trem – até o Brás, de onde partiam para as lavouras de café no interior do Estado. Mas muitos imigrantes preferiam ficar na capital, o que transformou o bairro em um local onde a influência italiana se fez sentir de maneira decisiva.
A partir daí, as fábricas se somaram à cultura do café e trouxeram um grande desenvolvimento ao bairro. Os italianos começaram a montar suas pequenas fábricas, e o progresso chegou rapidamente. Em 1886, o Brás tinha 6 mil habitantes, e, em sete anos, esse número aumentou cinco vezes. Claro, a grande maioria era de italianos – o bairro se tornou uma pequena Itália.
A partir da década de 40, devido a uma grande seca que atingiu diversos estados do Nordeste, houve uma constante e progressiva entrada de nordestinos no bairro, na mesma medida em que diminuía a presença dos italianos. Com o tempo, o Brás foi perdendo sua característica italiana, dando lugar ao comércio nordestino, como alimentos, roupas e músicas.
MOOCA
A região começou a se tornar mais fortemente explorada com o desenvolvimento do centro da cidade, mas o primeiro marco histórico sobre o bairro consta de 17 de agosto de 1556. Nesta época, o local era povoado pelo povo indígena, o qual deu nome a Mooca, que significa “faz casa”, em alusão às primeiras casas que os brancos levantaram.
Um dos maiores atrativos que caracterizavam a Mooca era a presença de um “rio de muitas voltas” chamado Tamanduateí, que deságua no Tietê, mas hoje, infelizmente, é canalizado e poluído.
No primeiro século pós-império, a Mooca era repleta de grandes casas e chácaras, e até recebeu a ilustre morada do Regente Feijó. Ao longo dos anos, a região foi sendo loteada e passou a receber vendas e pequenas fábricas, que, ao longo da história, constituíram um dos principais pólos industriais do século XX. Da cultura indígena restaram os nomes das ruas: Javari, Taquari, Cassandoca, Itaqueri, Ariboia, Guaimbé, Tabajaras, Camé, Iucatan, Piratininga, Puris, Juatindiba e outras inúmeras cujos nomes foram substituídos.
Com o forte potencial econômico, o bairro se tornou operário, e recebeu o Jockey Club, o estádio de futebol do Clube Juventus, e também a forte imigração italiana que povoou a Mooca e lá fortaleceu suas raízes. Os descendentes de italianos participam ativamente, até hoje, como mooquenses mais do que verdadeiros.
Um bairro em início de verticalização, mas ainda com muitas casas, sobrados e alguns condomínios horizontais. A Mooca ainda assemelha-se a uma cidade do interior, com relações cordiais entre as pessoas e uma oferta considerável de serviços e comércio. O distrito conta com três universidades: Anhembi Morumbi, São Judas e Capital. Além disso, possui uma grande rede de escolas particulares, especialmente infantis, e é bem servido de equipamentos municipais, como teatro, biblioteca, escolas e creches, Clube da Cidade, hospital e postos de saúde.
A primeira citação encontrada referente ao bairro da Mooca é de 1556, quando a governança de Santo André da Borda do Campo comunicava que todos estavam "obrigados a participar da construção da ponte do rio Tameteai (Tamanduateí)". A ponte era necessária para ligar a zona leste à freguesia eclesiástica da Sé. A região leste era habitada pelos índios da tribo Guaiana (tupi-guarani), que deixaram marcas tradicionais no bairro, inclusive seu próprio nome. Segundo historiadores, o vocábulo tem duas versões: MOO-KA (ares amenos, secos, sadios) e MOO-OCA (fazer casa), expressões usadas pelos índios da Tribo Guarani para denominar os primeiros habitantes brancos, que erguiam suas casas de barro. Outros historiadores acreditam que o nome seja de origem asiática, MOKA, que significa variedades de café, vindo da cidade de MOCA (Yemen), porto do Mar Vermelho.
O DESENVOLVIMENTO DO BAIRRO
A partir da transposição do rio Tamanduateí, o adensamento da área acelerou-se, e o bairro foi gradualmente incorporando-se à cidade. O desenvolvimento urbano da Mooca está intimamente ligado à história econômica de São Paulo e às rápidas transformações que, nas décadas finais do século XIX e na primeira metade do século XX, fizeram da capital paulistana uma grande metrópole industrial.
Um fator importante para a evolução da Zona Leste foi a instalação de duas ferrovias: em 1868, a São Paulo Railway (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí), conhecida como a Inglesa, ligando São Paulo ao porto de Santos. Em 1875, a Estrada de Ferro do Norte (o trecho paulista da Estrada de Ferro Central do Brasil), ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. Entre os novos bairros surgidos, destacam-se Belém e Mooca, que atraíram numerosas fábricas.
As áreas próximas das ferrovias foram as preferidas pelas indústrias, já que o transporte das matérias-primas e combustíveis importados, bem como a produção destinada à exportação, dependia dos trens.
Essas indústrias utilizavam a mão de obra imigrante que chegava a Santos e era encaminhada para a Casa da Imigração (hoje Museu dos Imigrantes). Os operários e suas famílias se instalavam nas proximidades de seus empregos, impulsionando o comércio local. Após a Primeira Guerra Mundial, a industrialização de São Paulo ganhou novo impulso, resultando na ampliação do parque industrial da região.
Essa área, que na época da sua formação era considerada periférica, já estava densamente povoada na década de 1960. Em 2002, foi aprovada a Lei das Subprefeituras, que agregou à Mooca os distritos do Brás e do Pari, antes pertencentes à Subprefeitura Sé.
PARI
O bairro do Pari, com mais de 440 anos, tem uma história interessante sobre a origem do seu nome: os peixes vendidos no centro da então Vila de São Paulo eram pescados principalmente nos rios Tietê e Tamanduateí. Esses rios, na época, abrigavam muitos peixes e possuíam locais próprios para a instalação de 'paris'. Pari era uma cerca de taquara ou cipó estendida de margem a margem para capturar peixes, e esse instrumento acabou dando nome ao bairro.
Com um comércio intenso e muitas indústrias, o Pari é conhecido como o 'bairro doce' de São Paulo desde o século XX, devido ao grande número de atacadistas e indústrias de doces na região.
TATUAPÉ
Em 1560, Brás Cubas (fundador de Santos), acompanhado de Luiz Martins, resolveu subir ao planalto em busca de ouro em sua sesmaria. Após passar pela Serra do Mar, deram de encontro com um riacho, o ribeirão Tatu-apé, e seguindo seu curso até a foz, defrontaram-se com um rio que chamavam de Rio Grande (o Tietê). Nesse ponto, acamparam e montaram um rancho, uma ermida devotada a Santo Antônio, um curral e diversas casas.
Desenvolveram criações de gado e porcos, além de algumas culturas, como cana-de-açúcar e uvas para a fabricação de vinho. Brás Cubas acabou indo para o Rio de Janeiro combater os franceses invasores. As terras foram para Rodrigo Álvares e, em seguida, para seu filho. Em 1655, elas foram compradas pelo padre licenciado Mateus Nunes de Siqueira, que desenvolveu intenso trabalho agrícola. Posteriormente, as terras foram novamente vendidas, e o local cresceu lentamente. Em 1765, a região tinha 34 homens e 34 mulheres. A área continuou com outros donos até que, em 1796, além da Freguesia da Sé, o município foi desmembrado em outras duas partes: a Freguesia de Nossa Senhora da Penha e a Freguesia de Nossa Senhora do Ó.
O Tatuapé passou então a pertencer à Freguesia da Penha, e em 1818, as terras foram transferidas para a Freguesia do Senhor Bom Jesus de Matosinho do Brás. A região continuou a crescer lentamente até a chegada dos imigrantes e o ciclo do café, em 1870. Até 1930, o bairro era apenas um amontoado de casas. Em 1934, passou a se chamar Distrito da Paz, e assim foi tomando lentamente sua forma atual.
Tatuapé, segundo o vocabulário tupi-guarani, significa 'caminho do tatu'.
Radiografia da região da Subprefeitura Mooca
A Subprefeitura Mooca abrange os distritos de Água Rasa, Belém, Brás, Mooca, Pari e Tatuapé, com uma área de 35,2 km² e uma população de aproximadamente 377.163 habitantes.
Distritos x população:
Água Rasa — 85.788
Belém — 55.785
Brás — 38.750
Mooca — 80.880
Pari — 17.359
Tatuapé — 98.601
Fonte: Censo IBGE 2022