Prefeitura de São Paulo

Neste 20 de fevereiro, Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alerta para a importância de prevenir o consumo excessivo de substâncias lícitas, como as bebidas alcoólicas e os remédios controlados usados sem prescrição; ou ilícitas, que incluem canabinoides, cocaína, heroína, crack e outras drogas.

A dependência em do álcool e/ou outras drogas é uma doença configura um problema de saúde pública, na medida que está relacionado a consequências negativas para a saúde, impactando também as famílias e a sociedade.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2024, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UnoDC), mostra que em 2022 mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas como canabis, opioides, anfetaminas, cocaína e ecstasy no mundo, o que representa um aumento de 20% em relação à década anterior, ao passo que o número de pessoas que sofrem de transtornos associados ao uso de drogas chegou a 64 milhões, globalmente.

No Brasil, consumo de álcool cresce entre mulheres

Em relação ao álcool, a principal droga lícita na maior parte dos países, a estimativa é de que provoque cerca de três milhões de mortes por ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O consumo de álcool pode causar ou agravar inúmeros problemas de saúde: doenças hepáticas, cardiovasculares, problemas mentais e comportamentais, já que é um desencadeador, além de estar relacionado ao maior risco de violência e acidentes. Também é fator de risco para vários tipos de câncer, como o de fígado, esôfago, laringe, cólon, pulmão, mama e estômago.

De acordo com o Vigitel, inquérito que integra o Sistema de Vigilância de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde, em 2023, nas capitais brasileiras, 20,8% dos adultos relataram ter bebido cinco ou mais doses de álcool (homens) ou quatro ou mais doses (mulheres) em uma mesma ocasião nos últimos 30 dias. O percentual de abuso é de 27,3% para os homens e de 15,2% para as mulheres. Apesar disso, foram elas que apresentaram a maior alta no consumo de álcool ao longo das últimas décadas, uma vez que em 2006 esse percentual era de 7,8%.

Acolhimento na rede pública

Na cidade de São Paulo, além do além do acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), as pessoas que vivenciam sofrimento relacionado ao consumo de substâncias podem procurar os 103 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dos quais 35 são voltados especificamente ao atendimento de pessoas com transtornos decorrentes do abuso de álcool e drogas (Caps AD).

Os Caps são equipamentos que funcionam em regime de portas abertas (não há necessidade de encaminhamento) e oferecem acolhimento e tratamento multiprofissional com médico psiquiatra, clínico geral, psicólogos, dentre outros. Estes serviços são organizados de modo a atender demandas e necessidades de cada usuário por meio do Projeto Terapêutico Singular (PTS), método que desenvolve um plano de tratamento individualizado que envolve diagnóstico, definição de metas para o decorrer da terapia, definição de responsabilidades e, ao longo do tratamento, a reavaliação do caso.

Ao longo de 2024, os Caps AD da capital realizaram 1.340.616 atendimentos, um crescimento de 20% em relação a 2023, quando foram realizados 1.113.988 atendimentos.

Pessoas com problemas de dependência química também recebem acolhimento em outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial (Raps):

Pontos de Economia Solidária – Estes serviços se organizam com base no modelo de cooperativas sociais, constituídas com a finalidade de inserir pessoas em desvantagem no mercado econômico por meio do trabalho, de maneira a levar em conta e minimizar as dificuldades gerais e individuais das pessoas que nelas trabalharem. Na prática, os empreendimentos são formados por um grupo de usuários/trabalhadores fixo e que tenha manifestado interesse na sua adesão ao empreendimento, e tenha sido aceito pelo grupo, com a intermediação da equipe técnica do serviço. Ao ingressar em um empreendimento, os trabalhadores/usuários ou seus curadores tomam ciência e concordam assinam com as regras de funcionamento dos empreendimentos e suas relações, através da assinatura do Termo de Adesão, elaborado em Assembleia.

Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) e Unidade de Acolhimento Infantojuvenil (UAIJ) - As Unidades de Acolhimento (UA) são serviços residenciais de caráter transitório que, vinculados aos Caps AD e articulados aos outros pontos de atendimento da Raps, acolhem temporariamente pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e precisam de acompanhamento terapêutico e proteção temporária.

Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica II (Siat II) - O Siat II situa-se próximo às cenas de uso aberto de drogas em equipamento com instalações físicas para tratamento em saúde na lógica da redução de danos e acolhida de curto prazo, incluindo estratégias para promover higiene, tratamento em saúde, ressocialização, descanso e lazer. Funciona de forma integrada entre saúde e assistência social, visando dar respostas mais imediatas às necessidades de cada indivíduo nestes dois aspectos, sensibilizando-o para seguimento do tratamento a médio e longo prazo através do encaminhamento ao SIAT III ou outros equipamentos da rede de saúde e assistência, incluindo a possibilidade de retorno familiar. O encaminhamento se dá pela equipe de abordagem de rua (SIAT I).

Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica III (Siat III) - O Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica - Tratamento e Profissionalização (Siat III) se caracteriza como ação integrada de serviços e equipamentos das Secretarias Municipais da Saúde, de Assistência e Desenvolvimento Social e de Desenvolvimento Econômico e Trabalho para acolhida de médio prazo com tratamento em saúde, ações de assistência social e de qualificação profissional.

Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) - O SCP é um serviço voltado para pessoas que façam uso abusivo de álcool e outras drogas e estejam em situação de vulnerabilidade ou risco social que oferece 39 leitos, acompanhamento e tratamento fundamentados na lógica da abstinência, com permanência possível por até 90 dias e posterior seguimento do cuidado. O encaminhamento se dá via Hospital Cantareira ou Caps AD do município.

Modera SP trabalha prevenção

Em abril de 2024, a SMS lançou o Modera SP, funcionalidade dentro do aplicativo e-saúdeSP voltada à prevenção e avaliação do consumo de álcool pelos munícipes. A ferramenta também auxilia no encaminhamento de casos mais graves para intervenções nas unidades de saúde da capital.

Ao acessarem o Modera SP, os usuários respondem a um questionário (Alcohol Use Disorders Identification Test - Audit), validado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por meio das respostas, a ferramenta gera uma pontuação e identifica padrões de consumo de álcool, classificados em quatro zonas de risco. Para cada uma delas, por sua vez, é estabelecida uma jornada na plataforma, seja por meio de materiais de apoio, vídeos e outros recursos disponíveis no app, além do encaminhamento para a UBS, quando necessário.

Em janeiro deste ano o Modera SP atingiu uma base de 50 mil usuários cadastrados. As respostas ao teste Audit apontam que 72% apresentam baixo consumo de álcool, 19% apresentam consumo moderado e 9% estão nas zonas 3 e 4, que representam consumo alto e de risco. A zona 4 (5%) tem indicação de intervenção por parte das equipes de saúde.