Secretaria Municipal da Saúde

Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 29 / 3º trimestre 1997

O desafio das mortes por causas externas na cidade de São Paulo
 

As mortes por causas externas são aquelas decorrentes de lesões e envenenamentos intencionais (homicídios e suicídios) e não intencionais (acidentes de trânsito, trabalho, domésticos e outros). Este boletim apresenta o perfil destas mortes ocorridas entre residentes na cidade de São Paulo em 1997 através da análise segundo tipo de causa externa, sexo, faixa etária e área de residência. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o problema e contribuir para a sua abordagem preventiva e assistencial.

Em 1997 ocorreram 8.633 mortes por causas externas na cidade. Este número (13,5% do total de mortes) só foi superado pelas doenças cardiovasculares e neoplasias. As causas externas foram o segundo grupo de causas de morte de homens e o sexto de mulheres. Entre as mortes por causas externas, os homicídios representaram 55,7% do total, seguidos de acidentes de trânsito (18,3%), quedas (6,4%), lesões de intenção ignorada (6,1%), suicídios (5,7%), demais acidentes (5,1%), asfixias (1,5%) e afogamentos (1,2%).

Dentre todas as causas isoladas de morte na cidade, em 1997, os homicídios foram a terceira causa e os acidentes de trânsito a nona. Considerando cada faixa etária, observou-se que os homicídios ocuparam a primeira posição entre 10 e 39 anos e a terceira na faixa de 40 a 49 anos. Também, verificou-se a precocidade de sua ocorrência, pois foi a sexta causa na faixa de 5 a 9 anos. Os acidentes de trânsito foram a quarta causa de morte no grupo de 1 a 4 anos e a primeira entre 5 e 9 anos, caindo para o segundo lugar dos 10 aos 19 anos, terceiro dos 20 aos 39 anos e ocupando a sexta posição entre 40 e 49 anos. Os suicídios ficaram em terceiro lugar entre 15 e 29 anos. Os afogamentos foram a terceira causa de morte dos 10 aos 14 anos, passando para o quarto lugar na faixa de 15 a 19 anos.

O risco de morte por causa externa entre os homens foi 6,4 vezes superior ao das mulheres. Os coeficientes de mortalidade por sexo e faixa etária segundo o tipo de causa externa mostraram que, entre os homens, os maiores riscos foram observados para os homicídios na faixa etária de 20 a 29 anos (207,7 óbitos por 100 mil homens). Considerando acidentes de trânsito, quedas e suicídios, se destacaram os idosos de 70 anos e mais (coeficientes de 66,5; 59,7 e 20,2 por 100 mil homens, respectivamente). Entre mulheres, os maiores riscos para as mesmas causas foram: homicídios entre 20 a 29 anos (13,9 por 100 mil mulheres); acidentes de trânsito e quedas entre idosas de 70 anos e mais (26,0 e 38,5 por 100 mil idosas) e suicídios no grupo de 50 a 59 anos (3,9 por 100 mil).

A distribuição das mortes por causas externas pelas áreas homogêneas da cidade, construídas segundo a escolaridade do chefe de família, mostrou que, na área com melhores condições (área 1), houve uma maior concentração de mortes por quedas, asfixias e suicídios, especialmente entre idosos. Na área com as piores condições (área 3), os assassinatos foram o grande destaque. É importante observar que, entre os homens, o homicídio foi a primeira entre todas as causas de morte na área 3, ficando na quinta posição na área 1. Entre as mulheres, essa causa ocupou a 11ª posição na área 3 e a 35ª na área 1.

Grande parte das mortes por causas externas podem ser evitadas com campanhas educativas para prevenção de acidentes, cumprimento do Código Nacional do Trânsito, construção de ambientes saudáveis na cidade e no trabalho e melhorias no sistema de resgate e de assistência às vítimas. O homicídio, por sua vez, tem na distribuição socialmente desigual a sua marca na cidade. A timidez das medidas adotadas até o momento indica falta de projeto global que contemple políticas públicas voltadas para as condições básicas de sobrevivência - educação, saúde, moradia, emprego, lazer, seguranca -, medidas de desestímulo a drogadição, restrição ao consumo de bebidas alcoólicas em situações especiais, combate ao tráfico de drogas e desarmamento da população. Há urgência no envolvimento de todos os níveis e setores de governo e da sociedade civil para uma efetiva abordagem preventiva da violência.

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