Secretaria Municipal da Saúde
Tatiana conta como ajudou a reduzir a gravidez na adolescência em Parelheiros

A médica Tatiana Medeiros, 35 anos, lidera desde 2023 uma das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Roschel, gerida pela Associação Saúde da Família (ASF), em Parelheiros, no extremo sul da capital. Em 2024, o trabalho de redução da gravidez na adolescência, realizado pela profissional junto ao Núcleo de Vigilância em Saúde na Atenção Básica (Nuvis-AB), foi reconhecido como uma importante estratégia, após ter sido registrado apenas um caso de adolescente grávida na área atendida pela equipe.
Como base de comparação, em 2023, foram 12 meninas, e em 2022, 15 meninas grávidas ali naquela região. A médica, que antes trabalhava no setor privado como intensivista de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel, conta que teve um choque de realidade ao lidar com os problemas de saúde de uma comunidade bastante carente, de baixa escolaridade, que tem no serviço público de saúde um ponto de apoio para além do tratamento de doenças. “Me espantei com a quantidade de adolescentes grávidas. Eu atendo cerca de três mil pessoas nas famílias da região, e 70% das gestantes adolescentes, daí pensei que deveria fazer alguma coisa para reverter essa realidade.” Em setembro de 2023, Tatiana fez um curso para a colocação do implante contraceptivo disponível na rede pública e começou a elaborar estratégias para fazer a diferença na vida daquelas meninas. “Da mesma forma que eu tive oportunidade de estudar, queria ajudar a dar a elas essa mesma chance, trabalhar e só ter filho quando for planejado.”
ACSs fizeram levantamento de público para o projeto
O primeiro passo foi fazer um levantamento por meio de agentes comunitários de saúde (ACSs), esclarecendo as adolescentes com vida sexual ativa sobre a contracepção com o uso de implante hormonal, que tem duração de três anos, além de cruzar esses dados com aqueles referentes às consultas feitas pelas pacientes na UBS, inclusive as que já eram mães.
A médica constatou que a maioria das adolescentes grávidas já eram filhas de mães e avós solo, por isso engravidar cedo não era encarado como algo estranho. “Eu queria quebrar esse ciclo cruel, porque é muito raro ver os pais desses bebês acompanhando as mães, e elas contam que a maioria não aceita usar preservativo.”
Tatiana lembra que entre as pacientes, uma, em particular, a marcou. A adolescente engravidou aos 14 anos e queria colocar o implante para buscar trabalho. Como o parceiro não quis assumir a criança, a tarefa ficou para ela. “Para dar uma vida melhor para ele, ela queria colocar o menino na creche e procurar emprego para não depender apenas de benefícios sociais”, conta. O resultado da iniciativa é que, com a divulgação boca a boca da disponibilidade do implante e das suas vantagens, o número de procedimentos na UBS Vila Roschel passou de 10 para 16 por mês , o que resultou na queda praticamente absoluta no número de adolescentes grávidas de um ano para o outro. "Da mesma forma que eu tive oportunidade de estudar, queria ajudar a dar a elas essa mesma chance, trabalhar e só ter filho quando for planejado."
Q+
Tatiana é muito caseira e apegada à família, por isso, sempre que pode, visita os pais em Minas Gerais ou os traz para São Paulo. Quando não está com eles, nos dias de folga, sai para curtir a agitada noite paulistana com o irmão Alexandre, que também é médico e vive na capital.
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