Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Conselho vai rever limite para prédios na Mooca
Integrante do Conpresp pediu revisão da regra para entorno de galpões tombados.
Resolução aprovada no ano passado limita em 30 metros a altura de prédios nesse trecho; secretário diz que não permitirá mudança
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
KARIN BLIKSTAD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico) abriu processo para rever a regra que limita o tamanho das construções no entorno de galpões tombados na Mooca, na zona leste de São Paulo.
A decisão de barrar prédios com mais de 30 metros de altura foi tomada pelos conselheiros no meio do ano passado.
O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, porém, diz que o governo não pretende rever as resoluções e só aceitará analisar os recursos de quem se sentiu prejudicado. Cabe ao secretário homologar as decisões do Conpresp.
O conselho foi drasticamente alterado em agosto de 2007, após a aprovação de resoluções que contrariavam o interesse do mercado imobiliário.
Na ocasião, havia vencido o prazo de três anos dos conselheiros no cargo. Eles têm direito à recondução. O conselho tem nove integrantes, que são indicados por entidades como o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), por secretarias da prefeitura e pela Câmara.
Restaram apenas dois conselheiros da gestão passada na atual configuração: o presidente, José Eduardo de Assis Lefèvre, que é professor da USP e indicado pela Secretaria de Cultura, e o vice-presidente Walter Pires, diretor do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) da prefeitura.
Segundo Calil, "seria uma incongruência nós do mesmo governo revermos uma decisão do ano passado".
O pedido de revisão da resolução da Mooca partiu do representante da Secretaria de Habitação, Elton Santa Fé Zacarias. A reportagem tentou ouvi-lo, mas a assessoria de imprensa da pasta respondeu que ele não comentará o assunto.
A maior pressão para alterar a limitação vem da construtora Magik -a reportagem não conseguiu falar com a empresa.
Outras duas decisões aprovadas no ano passado têm pedidos de recurso. Elas tratam da limitação de altura de prédios no entorno dos parques da Aclimação e da Independência, ambos tombados. As ruas mais próximas só podem agora ter construções de até dez metros de altura. No caso da Aclimação, o recurso é da construtora Santa Luiza, que pretendia erguer um prédio na rua Safira.
"A empresa afirma ter dado entrada no projeto antes da aprovação. Mas essa justificativa não tem validade. O direito de protocolo não existe neste caso", diz Lefèvre.
No caso do parque da Independência, o recurso é da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga. A entidade aluga seus imóveis na região e quer ampliar os prédios para aumentar a sua receita.
Para que essas duas resoluções também sejam revistas, um conselheiro precisa encampar a proposta -o que ainda não ocorreu.
45 dias
Já foi solicitado ao DPH um novo estudo na Mooca. O diretor do órgão, Walter Pires, afirma que "isso não significa que o gabarito vai aumentar". Segundo ele, o estudo pode concluir que a altura dos prédios têm de ser ainda menores. A pesquisa anterior do DPH levou um ano. Agora, o prazo é de 45 dias. O conselho pode ou não concordar com o parecer do DPH.
Gestão anterior critica proposta de revisar altura
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto boa parte dos conselheiros atuais do Conpresp defende a revisão da resolução que limitou a altura de prédios na Mooca, integrantes do conselho na gestão anterior criticam a medida, que, dizem, pode abrir um precedente perigoso.
Para Vasco de Mello, que representa o IAB no Conpresp, a revisão é "legítima". Segundo ele, a votação foi precipitada e os cidadãos têm o direito de se defender. Já a ex-conselheira do Conpresp pelo IAB, Mônica Junqueira de Camargo, vê o destombamento "com reserva". "Agora tudo é passível de destombamento?", indaga.
O vereador Juscelino Gadelha (PSDB), ex-integrante do conselho, afirma que as revisões são aceitáveis, mas somente após um longo período da decisão. "A revisão só interessa à especulação imobiliária."
Para Rosane Cristina Gomes, ex-conselheira pela Secretaria Municipal de Habitação, a revisão só se justificaria se for apresentado estudo técnico com novas informações.
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