Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Ossada de baleia, nova obra de Krajcberg
Artista recupera 11 metros de jubarte encalhada na BA
Camila Molina
Artista empenhado nas causas da natureza, Frans Krajcberg denuncia a violência contra o meio ambiente fazendo esculturas, algumas monumentais, a partir de troncos e pedaços de árvores queimadas - essa, a sua grande marca.
Mas agora, seu último feito, aos 86 anos completados anteontem, foi ter salvado uma baleia - ou pelo menos, a sua ossada. Em Nova Viçosa, no Estado da Bahia, onde vive e onde começou a construir o seu museu, Krajcberg expõe 11 metros de ossada de uma baleia jubarte, que, juntamente com seu filhote, não pôde sobreviver ao ficar encalhada na pequena Ilha da Coroa Vermelha, localizada na direção do Arquipélago de Abrolhos.
“Ao saber que os pescadores estavam vendendo osso por osso a baleia, quis comprá-los para salvá-la”, diz Krajcberg ao Estado. Segundo ele, 5 metros do animal já estão perdidos, vendidos a esmo. “Sei que há leis que dizem que não se pode nem tocar nos ossos de baleia, mas, mesmo assim, quis montá-la, isso tem uma importância enorme.” Ele pagou R$ 10 mil pela baleia e há uma semana a montou em seu museu. “Ela ainda tem cheiro de carne.”
Segundo Krajcberg, ele ofereceu à prefeitura de Nova Viçosa a ossada da baleia, mas ninguém se interessou. “Na cidade há uma praça onde todo ano é feita a festa da baleia, ela é construída com papelão”, diz o artista polonês radicado e naturalizado brasileiro. Ele quer pedir ao Ibama permissão para ficar com a ossada. “Estou muito contente, a salvei, ela poderia ser vendida e perdida”, continua ele, contando que os restos do filhote foram todos vendidos. “É uma pena, poderia estar num museu histórico, mas ninguém se interessa por essas coisas aqui no Brasil.”
Além dessa ação, Krajcberg vem também se empenhando em mais outros três projetos: a continuação da construção de seu museu em Nova Viçosa (há dois prédios, mas ainda faltam outros); a concretização do Pavilhão Krajcberg no Parque do Ibirapuera, em São Paulo; e a montagem de outro espaço com suas obras em Curitiba, onde viveu na década de 1950. “O governador da Bahia (Jaques Wagner, do PT) esteve aqui e prometeu que o museu vai sair. O de São Paulo também, o governador José Serra (PSDB) quer. Ficará pronto já no fim do ano, vão construí-lo rápido”, conta Krajcberg.
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