Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Homenagem a Julio Mesquita
Horóscopo da cidade
Oscar Quiroga
Se no céu as coisas estão bastante agitadas, por que seria diferente durante a Virada Cultural? Produtores e organizadores estão em posição complicada. Que se preparem para fazer todas as mágicas de modo que o público perceba o mínimo dos inúmeros problemas, quase todos decorrentes de falhas de comunicação. Ao público, quem quiser aproveitar melhor a programação que escolha um lugar e se fixe nele, porque o transporte não estará sob boa estrela. Este evento é também uma oportunidade para os corações solitários, pois será permeado por sensualidade e erotismo. Haverá Lua Vazia das 3h47 às 6h22, período em que será preciso tomar mais cuidado com conflitos e discussões.
Contudo, o saldo do evento será extremamente positivo para todo mundo, a despeito dos contratempos.
Sem parar
350 (ou mais): número de atrações confirmadas. 76: endereços onde vão ocorrer. 24: número de horas ininterruptas de programação
Thais Caramico
No Theatro Municipal, a voz de Fabiana Cozza, acompanhada de Zimbo Trio, substitui a de Elis Regina ao interpretar os sucessos de ‘Fino Trato’, álbum que o grupo gravou em 1965 e que teve a participação especial da “Pimentinha”. No mesmo lugar, João Donato se apresenta com a banda A Bad Donato, e Sérgio Ricardo reedita a trilha do filme ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ (1963).
Essas são apenas algumas das 350 atrações distribuídas por 76 endereços,que vão manter São Paulo acordada por 24 horas seguidas, na terceira edição da Virada Cultural. A abertura oficial acontece com o show de Alceu Valença na Praça da Sé, no sábado (5), às 18h, e só termina domingo (6), no mesmo horário, com a apresentação de Zélia Duncan no Vale do Anhangabaú. Mas, já na manhã de sábado, alguns lugares, como a Pinacoteca, vão estar abertos com uma programação especial. A maior parte das atividades é gratuita e exclusiva, mas as doze unidades do Sesc, certos museus e centros culturais adequaram sua agenda para incrementar o evento.
Além de música, a Virada Cultural terá sessões de cinema, exposições, espetáculos de teatro, de dança e de teatro infantil, mais a participação de bares e de restaurantes. O palco dos palcos, no entanto, é a região central da cidade. A Rua XV de Novembro, por exemplo, vai virar uma megapista de música eletrônica. Com produção artística do DJ Mau Mau, o espaço terá Visual Paradoxx, Mara Bruiser, Ramilson Maia e mais 27 DJs, entre brasileiros e estrangeiros. Outras estruturas serão montadas também na Praça da Sé, no Boulevard São João, no Vale do Anhangabaú e nas ruas Vieira de Carvalho e Barão de Itapetininga. “Eu e todos os artistas vamos cantar para homenagear São Paulo, a cidade que nunca dorme', entusiasma-se Cauby Peixoto, que apresenta-se no palco da Vieira de Carvalho a partir da 1h da manhã de domingo.
No Teatro Itália haverá dança de salão e outras menos tradicionais, como hip hop, break e capoeira. No Anhangabaú, espetáculos de dança avançam durante toda a madrugada. E ainda há o que ver (e fazer) no Centro Cultural Banco do Brasil, no Museu da Língua Portuguesa e no Theatro Municipal.
Um centro de informações da Virada Cultural será montado na Galeria Olido (Av. São João, 473, 3334-0001) e estará aberto durante todo o evento. Pela região, serão espalhados 400 banheiros químicos e 20 ambulâncias (os destaques do Centro estão na página 6).
Do Centro, a Virada se expande para quatro pontos estratégicos nas zonas Leste, Sul, Oeste e Norte - aliás, excepcionalmente, as linhas 1, 2 e 3 do metrô vão funcionar sem intervalo desde as 4h40 de sábado até a meia-noite de domingo para segunda-feira. Nas 21 unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), estão previstos shows de Chico César, Geraldo Azevedo, Fernanda Porto, Tom Zé , Naná Vasconcelos e Tetê Spíndola, além de espetáculos, principalmente, para o público infantil, e a “Tarde de Palhaçadas”.
O Museu da Imagem e do Som, no Jardim Europa, fica aberto no sábado até de madrugada: Paulinho da Viola faz um show ali à meia noite. A Casa das Rosas (na Paulista), o Centro de Cultura Judaica (Pinheiros) e o Museu da Casa Brasileira (Jardim Paulistano) também entram no circuito. Já no Parque Villa Lobos, o domingo fica por conta dos concertos, como o da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
NOITES BRANCAS
A inspiração para a Virada Cultural veio das ‘Noites Brancas’, quando os museus de Paris, Roma, Madri e Bruxelas ficam abertos até a madrugada. Seguindo o modelo das maratonas culturais européias, a Secretaria Municipal da Cultura ampliou a agenda e passou a organizar, desde 2005, um programa completo. Naquele primeiro ano, o clima não ajudou muito: realizado em novembro, trouxe boas atrações mas a adesão do público foi baixa por causa da chuva. Em 2006 a Virada foi transferida para maio, quando chove menos. Mas a população ainda estava assustada, depois da série de ataques do PCC pela cidade.
Para que você não perca nenhuma atração da Virada Cultural 2007, este Guia especial apresenta, a partir da próxima página, os destaques da programação no Centro, nos Sescs e em todos os outros endereços espalhados pela cidade. Da página 20 em diante, você encontra o roteiro completo, dividido por local e por horário de início de cada evento.
As informações foram atualizadas por nossa reportagem até a noite de 1º de maio. Para conferir eventuais mudanças na programação, consulte o site. E não tire este Guia do seu bolso até o pôr-do-sol de domingo.
Centro de tudo
MARCO ZERO
Vantagem: o Centro concentra o maior número de atrações, uma
perto da outra. Desvantagem: difícil escolher qual é o melhor palco
Sorte de quem deixar o carro estacionado na garagem e aproveitar, de metrô, os espetáculos e performances que irão tomar cada esquina do Centro: por um dia, a região irá concentrar o maior número de atrações culturais da cidade.
O acesso para a região é fácil. Basta escolher o programa, descer na estação mais próxima e embalar um destino no outro. Durante o passeio, os visitantes encontram performances artísticas, como a que acontece em frente à Igreja Santo Antônio, onde uma atriz vestida de noiva conta fatos peculiares do local. Assim como ela, mais de 40 artistas espalhados pela região surpreendem com mímicas, mágicas e outras artes.
O turismetrô - um passeio feito com guias que levam aos principais pontos históricos do Centro - também estará à disposição na Virada, com saída na Estação Sé (próximo às catracas) em dois horários: 20h e 22h do sábado. A capacidade é para 20 pessoas e o passeio dura cerca de duas horas. A viagem custa apenas R$2,30, o preço da tarifa normal de metrô. A seguir, as principais atrações programadas para os palcos do Centro.
Theatro Municipal: no sábado, às 18h, show do trombonista brasileiro radicado na França, Raul de Souza. Imperdível. À meia-noite, João Bosco apresenta clássicos como ‘Aquarela do Brasil’ e ‘O Bêbado e o Equilibrista’. No domingo, o samba reúne o compositor Germano Mathias e Osvaldinho da Cuíca, às 9h.
Praça da Sé: onde acontece a abertura da virada e shows populares, Andrew Tosh, filho de Peter Tosh, é um dos destaques da programação para quem gosta de reggae, às 21h. À meia-noite, Nação Zumbi e, às 3h, o lançamento do DVD dos Racionais MC.
Boulevard São João/Anhangabaú:às 20h do sábado, o Teatro Mágico apresenta seu espetáculo de música, circo, teatro e artes visuais. Às 22h, Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes; e, para abrir a madrugada, Clube do Balanço e Erasmo Carlos, à meia-noite. Para os virados, André Abujamra e a banda Karnak tocam às 8h do domingo, e deixam o palco para o Pato Fu, às 10h.
Barão de Itapetininga: uma espécie de Galeria do Rock, no sábado, com Percysband, às 18h; Tutti Frutti de Rita Lee, às 19h45; Serguei, às 21h30, e Made in Brazil, à 1h. No domingo, Beatles4Ever reinterpreta o disco antológico de seus mestres, ‘Magical Mistery Tour’, de 1967, às 6h15.
Vieira de Carvalho: a banda As Vozes do Ébano abre o palco no sábado, às 18h. No domingo, às 16h15, a Orquestra Tabajara, a mais antiga em atividade no País, encerra com o maestro Severino Araújo.
Palco de Dança/Anhangabaú:‘Milágrimas’, da Companhia de Dança Ivaldo Bertazzo, às 19h do sábado. Apresentação do Ballet Stagium, às 21h, com ‘Dança Chico Buarque’.
Piano na Praça/Praça Dom José Gaspar: Nelson Ayres, no sábado, às 18h. A cada duas horas, um outro pianista assume o local.
Largo do Paiçandu: às 11h, no domingo, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, um ritual com grupos folclóricos tradicionais. Após a procissão, começa a Missa Conga.
Praça da República: sábado, espetáculos teatrais com A Troupe Serapiões, às 19h15, e grupo Clube da Sabotagem, às 21h. Domingo, La Mínima, às 15h30.
Mercado Municipal: vira pista de baile, no sábado, das 15h às 20h30 e, depois, de bolero, das 20h30 às 22h.
Teatro Itália: das 18h à meia-noite, forma uma manifestação da cultura urbana com vários estilos de dança de rua.
Pinacoteca do Estado: além das atividades literárias, grafiteiros realizam painéis, no sábado, às 18h. Um dos destaques será o passeio noturno ‘Esculturas da Pinacoteca no Parque da Luz: sob uma Nova Luz’, às 19h, 21h e 23h.
Palco Luz: o maestro Roberto Farias leva sua orquestra no sábado, às 20h. Domingo, às 10h, Violeiros de Mauá.
Theatro São Pedro: o palco terá a Ópera Estúdio Tom Jobim, com trechos selecionados de ‘Così Fan Tutte’, de Mozart, às 19h. O Coral Sinfônico de São Paulo sobe ao palco no domingo, às 11h. Mesmo dia em que Maria Alcina canta, às 15h, músicas de Dorival Caymmi, Noel Rosa e até marchinhas de carnaval.
Centro Cultural Banco do Brasil: onde acontece o desfecho do circuito central com ‘Diálogos e Reflexões’, um programa voltado para educadores, pesquisadores e interessados em linguagem artística. No dia 5, das 9h às 13h30, o tema é ‘Artes Visuais’. Das 10h às 12h, cinema, e, das 14h às 17h, teatro. Outro destaque é o espetáculo ‘O Relato Íntimo de Madame Shakespeare’, no sábado, às 19h30, e no domingo, às 18h. Haverá também a exposição ‘Antonio Manuel: Fatos’, com cerca de 70 obras do artista.
Temas próprios
NO SESC
Depois do Centro: entidades reúnem o maior número de eventos da Virada. De tudo um pouco: algumas unidades terão atividades e noites temáticas
Todas as unidades do Sesc participam da Virada Cultural. Mas, apesar de contarem com 80 atrações diferentes, cada uma terá identidade própria. No Sesc Santana, por exemplo, a Virada Cultural se chama ‘Virada Porreta’ e tem a apresentação de três shows de música popular, a partir das 22h de sábado. O primeiro é do grupo Cupuaçu, que mostra o bumba-meu-boi típico do Maranhão e o tambor de crioula. Em seguida, a banda Sabiá toca os principais ritmos nordestinos, como forró, já na madrugada de sábado para domingo. Se você gosta de dançar esse ritmo, o Trio Virgulino emenda a partir da 1h30. O preço do ingresso varia de R$ 4 a R$ 10.
Há também a ‘Virada Cinéfila’, à meia-noite, no Cinesesc. Serão exibidos três filmes - cada um por R$ 10 ou os três por R$ 25. O primeiro é 'Transylvania', produção francesa que conta a história de uma jovem em busca do homem que a abandonou grávida. Depois, às 2h, é a vez do brasileiro 'Baixio das Bestas', com Matheus Nachtergaele, vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Brasília em 2006, sobre a vida de três personagens que moram em uma comunidade rural decadente. O madrugadão cinematográfico acaba com o dinamarquês 'Além do Desejo', às 4h. O filme é a história da relação amorosa entre uma mulher e um transexual. Entre as sessões, música com o trombonista Bocato, acompanhado pelo tecladista Bruno Alves e pelo baixista Meno del Picchia.
Já o Sesc Pompéia é local para as oficinas gratuitas. Uma jornada fotográfica (com orientação de Eric Radal) serve para o visitante aprender efeitos de luz para retratos, paisagens, imagens em movimento e light-painting - técnica que mistura pintura com luz. Os passeios ocorrem no sábado, às 19h e às 23h, e no domingo, às 16h. É necessário levar o próprio equipamento. Além das dicas de fotografia, o Sesc Pompéia também programou uma aula da artista plástica Lúcia Lacourt, que ensina técnicas de pintura com nanquim e aquarela nas tardes de sábado e de domingo (14h30). O grande evento da unidade vai ser a ‘Kitsch Night’, que mistura André Abujamra com Ray Conniff, Mariah Carey com os punks, e ainda traz filmes e outros espetáculos.
Sesc-lândia
A programação das outras unidades
SESC PAULISTA: Mulher Mulheres
Trabalhos de artistas contemporâneos ligados à temática feminina. São obras de diferentes países, assinadas tanto por homens como por mulheres. Entre as mais impressionantes estão as fotografias e os vídeos de Marina Abramovic (Sérvia) e o trabalho sonoro-visual do belga Charlemagne Palestine. Vito Acconci (EUA - foto), Angelo Plessas (Grécia), Armin Linke (Alemanha), Gianni Motti (Itália) e Fabiana de Barros (Brasil) completam a exibição.
A mostra é gratuita neste sábado e domingo, das 11h às 20h.
SESC VILA MARIANA:
Aida É que É Mulher de Verdade
Fotos de Aida dos Santos, atleta de salto em altura que conquistou, na Olimpíada de Tóquio, a melhor marca individual feminina do Brasil até hoje. Sábado e domingo, das 9h às 18h30. Grátis.
SESC ITAQUERA: Mambembrincantes
O grupo apresenta o repertório musical e alguns causos típicos do homem cancioneiro, como o do boi da mantiqueira. Domingo, 13. Grátis.
SESC IPIRANGA: Wilson Simoninha
Ele mistura soul, samba e bossa nova com timbre vocal semelhante ao do pai, Wilson Simonal. O show ocorre no sábado, às 22h30, e é grátis.
SESC CONSOLAÇÃO: Prêt-à-Porter 9
O nono espetáculo da série, coordenada por Antunes Filho, apresenta três histórias encenadas pelos atores do Centro de Pesquisa Teatral. A peça custa R$ 10, com desconto de 25% para associados Sesc, e é montada no sábado, às 23h.
SESC PINHEIROS:
Achados e Perdidos
Para onde vão os objetos perdidos na cidade? Esta é uma das questões que a exposição coloca ao visitante. No trabalho de Luiz Cavalheiros, por exemplo, se vê imagens da infância do fotógrafo misturadas a outras atuais, tiradas nos mesmos lugares. Visitas no sábado e no domingo, das 10h às 18h30. Grátis.
Alhures
PALCOS CARDEAIS
No parque: concertos de música clássica. Nos museus: projeção de filmes e shows. Nos CEUs: música popular, por pais e filhos da MPB
Se o Centro de São Paulo reúne muitas atrações de música popular da Virada, nos bairros ela é uma coadjuvante. Nos CEUs (veja box na página ao lado), museus e parques estão distribuídas as outras atividades, como mostras de artes plásticas, concertos de música clássica e exibição de filmes. No Museu da Casa Brasileira, por exemplo, há duas exposições: ‘Coleção Museu da Casa Brasileira’ valoriza o interessante acervo de móveis e objetos de design da casa, incluindo peças restauradas que já haviam saído do museu e que agora retornaram para a coleção. ‘Desenho Anônimo - Legado da imigração no Sul do Brasil’ também apresenta peças antigas, mas desenhadas exclusivamente por imigrantes italianos e alemães, desde 1824 até o início do século 20. Além dos 500 objetos expostos, há 75 fotografias mostrando o trabalho desses artistas estrangeiros. No domingo (6), às 11h, a big band Coisa Fina se apresenta no jardim do MCB, em uma homenagem ao maestro Moacir Santos, falecido em 2006.
CINEMA E SAMBA
Perto do MCB, no Museu da Imagem e do Som (MIS), às 18h de sábado será exibido o DVD ‘Meu Tempo É Hoje’, documentário sobre o cantor Paulinho da Viola. O próprio músico, aliás, vai dar canja à meia-noite. Para garantir a entrada, o MIS atende no sábado, das 10h às 16h. Cada pessoa pode retirar apenas um ingresso, até completar a lotação de 180 lugares do auditório. No próprio MIS, o acervo de Adoniran Barbosa fica exposto até as 18h, com discos, filme, fotografias, partituras e até roteiros de programas de rádio do compositor.
O MIS completa sua programação com oficinas de artes para as crianças e mostras de cinema infanto-juvenil, a partir das 13h do domingo. No Ibirapuera, uma roda de samba promete agitar os 800 lugares do Auditório, ao som de Luizinho 7 Cordas, à 0h de sábado.
A agenda do Centro da Cultura Judaica tem de tudo um pouco: para as crianças, narração de histórias, filmes, oficinas e shows. Às 19h de sábado, o 'Grupo Era uma Vez...' não só vai contar, como pedirá a participação do público - adulto - no desenvolvimento dos textos. Às 22h, um cabaré-concerto de Cida Moreira (voz e piano) é a pré-balada antes da aula de dança, que começa à 1h e vai até as 6h do domingo, com mais de 100 estilos populares.
Na manhã seguinte, a partir das 9h, o Parque Villa-Lobos terá um ótimo programa de música clássica, com concertos da Banda e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), da Jazz Sinfônica e da Orquestra Tom Jobim.
A exposição VERaCidade, no Centro Cultural da Juventude, reúne arte de rua,e engloba técnicas de grafite, lambe-lambe e stencil art. A música fica por conta do grupo Mawaca, que interpreta canções em dez línguas diferentes, recriando a música de diversas etnias. E para você que sempre passa pela frente do Masp mas sempre tem preguiça de visitá-lo, um programa duplo: veja o acervo e acompanhe a leitura dramática ‘Fernando Pessoa X Drummond’, às 20h30 de sábado.
Vá para o CEU
Instaladas em bairros periféricos, as 21 unidades dos CEUs (Centro Educacional Unificado) também estão na Virada. “Criamos alternativas de atrações com o mesmo peso das que vão ocorrer, por exemplo, no Centro”, diz o assessor de Projetos Especiais, Celso Santiago. Um exemplo é o show do guitarrista Edgard Scandurra, às 17h, no CEU Jambeiro, em Guaianazes. Às 18h, o rapper Thaíde se apresenta no CEU São Mateus, e, às 20h, no CEU Pêra Marmelo, no Jaraguá, Cidadão Instigado mostra seu rock influenciado pelos anos 70. Em família, Moraes Moreira e seu filho Davi Moraes fazem um duo no CEU Casablanca, na região de Santo Amaro, no sábado, às 19h), Theo de Barros e Ricardo Barros vão ao CEU Cidade Dutra, às 17h50, e Zé Geraldo e a filha Nô Stopa, tocam no CEU Três Lagos, no Grajaú, às 18h. Outro destaque dos CEUs é a aula-show, em que artistas como Naná Vasconcelos (no CEU Aricanduva, às 17h de sábado) tocam e falam sobre a história e a cultura da música.
Qual é a sua?
TIPOS DA VIRADA
Achados: selecione as atrações e encontre sua tribo num dos palcos específicos. Perdidos: eles estão em todas as regiões da cidade
Se você estiver se sentindo meio perdido diante de tantas atrações, a ponto de ir parar no Sesc Santana, onde serão exibidos filmes de Zé do Caixão, quando na verdade queria estar na platéia do concerto com peças de Mozart no Teatro São Pedro, acalme-se. É possível dizer que cada tribo da Virada terá o seu palco específico. Ao principal, no Anhangabaú, por exemplo, devem ir os fã de artistas pop como Pato Fu e Zélia Duncan. Já na Vieira de Carvalho estarão artistas da Velha Guarda,como Ângela Maria e Cauby Peixoto. Para saber como aproveitar melhor a Virada, encontre seu perfil e vá procurar a sua turma:
O Cinéfilo
Diferentemente dos anos anteriores, os cinemas da Paulista não participam da Virada. Mesmo assim, os cinéfilos podem ver uma mostra de filmes alemães no Instituto Goethe e de filmes do Zé do Caixão no Sesc Santana e no Centro de Promoção do Cinema, na Vila Buarque.
O musical
Além dos palcos do Centro, aqueles que querem estar mais próximos de seus ídolos podem escolher um dos 21 CEUs e assistir a shows mais intimistas, de nomes como Fernanda Porto, Tom Zé e Moraes Moreira.
O Literato
Aproveite o fato de a Virada ser quase toda gratuita para gastar com livros em promoção. Os saldões ocorrem na Pinacoteca e no Centro Cultural Banco do Brasil (leia mais na reportagem sobre Literatura).
O Aventureiro
Às 19h, 21h e 23h do sábado, faça parte dos grupos que irão caminhar com lanternas pelo Parque da Luz, iluminando as esculturas do jardim da Pinacoteca.
O fã de Teatro
Depois da música, o teatro é o destaque principal da Virada. Quase todos os espetáculos ocorrerem nas unidades do Sesc. O da Paulista, por exemplo, apresenta, no sábado, às 19h30, o espetáculo 'Homem Provisório', livremente inspirado na obra de Guimarães Rosa.
O Baladeiro
Duas pistas - uma no calçadão da Rua XV de Novembro e outra na Rua Direita, ambas no Centro - terão 24 horas de música eletrônica. Sobre os DJs, leia mais na reportagem sobre Balada.
O Roqueiro
O palco Barão de Itapetininga é dedicado ao hard rock dos anos 70 e ao punk dos anos 80. Serguei toca às 21h30 do sábado. Às 6h da manhã de domingo, a banda Beatles 4ever toca as canções do álbum Magical Mystery Tour e a Central Scrutinizer Band apresenta Overnight Sensation, de Frank Zappa, no Theatro Municipal.
O fã de Museu
Alguns museus que participam da Virada estarão aberto 24 horas: como o Museu da Casa Brasileira e o Museu da Imagem e do Som.
O Tranqüilo
Este vai trocar os palcos a céu aberto do Centro pelo Teatro Sérgio Cardoso, onde haverá o concerto de piano em homenagem a Tom Jobim, no sábado, às 19h. Na região central, escolha as apresentações de madrugada do Theatro Municipal.
O Família
Na manhã de domingo a programação dos Sescs é toda dedicada às crianças. No Centro de Cultura Judaica, os pais podem deixar a garotada na oficina de colagem de Daniel Warren, apresentador do Disney Channel. E para fazer uma média com o sogro ou o vovô, o ‘Família’ pode levar essa turma à rua Vieira de Carvalho, onde os ‘bons tempos’ estarão de volta nas vozes de Ângela Maria, Ademilde Fonseca, Doris Monteiro entre outros artistas.
O fã de Dança
O palco de dança no Anhangabaú é um espaço aberto com mil assentos. As 18 apresentações variam de estilo: do Balé da Cidade de São Paulo (dom., 0h) e da companhia Cisne Negro (à 1h) a grupos populares, como Discípulos do Ritmo (dom., 3h).
Não se reprima
KITSCH NIGHT
Virada brega: o sensacional universo kitsch é tema do Sesc Pompéia.
E gradual: a programação começa discreta, para não assustar
Bruno Moreschi
Durante 24 horas, o Sesc Pompéia deixa de lado a discrição de seus tijolinhos claros para se render à breguice total. O kitsch invade o local com shows, filmes e teatro. Mas para não assustar os recatados, a mudança ocorre gradualmente. Antes de o pessoal se soltar e cantar a baba-tema do filme ‘Titanic’, a programação começa no sábado, às 21h, com a mostra ‘De Olhos e Ouvidos Escancarados’, que exibe sete horas seguidas de vídeos ligados ao exagero visual.
A sugestão é assistir aos dois primeiros filmes experimentais de W. K. Dickson como aquecimento. Meia hora depois, ocorre um esquete chamado ‘Família Kitsch’, questionando o que, afinal, significa ser brega. Depois do espetáculo, o grande momento da programação: quando o relógio marcar 22h começa a homenagem aos responsáveis pelas músicas melosas, aquelas que, após um cantarolar, a letra não sai mais da cabeça.
O primeiro homenageado é o saxofonista Kenny G., obrigatório em formaturas e festas de casamento, interpretado por Sérgio Bartollo, do Funk como Le Gusta. Em seguida, Otto van der Vander toca as composições de Richard Clayderman, pianista louro-almofadinha francês que já vendeu milhões de discos com suas versões melosas de sucessos que vão dos Beatles até Vivaldi. As canções de Mariah Carey, Whitney Houston e Celine Dion serão interpretadas pela cantora punk Karine Alexandrino - nem mesmo ela sabe qual será o resultado. Por fim, André Abujamra, líder do Karnak toca os sucessos do maestro Ray Conniff. “A melodia cafona deste mestre vai conquistar todos e resgatar a breguice escondida em cada um”, filosofa Abujamra.
Depois da carga dramática absurda, muita calma para voltar à normalidade. O melhor é ver ‘Eletro Kitsch’, às 2h15, um espetáculo suave sobre exagero e romantismo nos melodramas. No fim da maratona, das 5h às 8h, haverá um café da manhã por R$ 8 no Sesc Pompéia. Mas, atenção, a festa kitsch já acabou: o café será caipira, ao som de sanfona e violão.
Páginas viradas
LITERATURA
Livros para ouvir: leitura dramática no Masp e na Fnac. Livros para comprar e para ler: no mercado da Pinacoteca e no saldão do CCBB
Thais Caramico
Você não precisa esperar o horário oficial de início, às 18 horas, para participar da Virada. Ao menos dois lugares, como a Pinacoteca e a Casa das Rosas, vão estar abertos desde as primeiras horas deste sábado com uma programação dedicada ao universo literário e que faz parte da agenda oficial. Na Pinacoteca do Estado, o Mercado de Livros (das 10h30 às 17h) vai liquidar, com descontos de 50 a 80%, títulos de arte e catálogos de exposições editados pelo museu, como o do escultor Alexander Calder e da Coleção Gilberto Chateaubriand.
Na Casa das Rosas, a programação começa às 16h, com uma dramatização do conto ‘Pela passagem de uma grande dor’, de Caio Fernando Abreu. À 0h acontece o saraokê - um sarau aberto a quem quiser declamar e improvisar.
Numa versão pocket do Corredor Literário, que normalmente toma conta da Avenida Paulista no mês de outubro, a Fnac Paulista apresenta, às 19h30 do sábado, o ‘Canto do Conto’. Com a participação do público, as atrizes Kiara Terra e Cristiana Ceschi interpretam obras cujo tema é ‘Encontros, Perdas e Reencontros’. Uma delas é ‘Ensaios de Amor’, de Alain de Botton.
No Sesc Paulista, às 21h30 do sábado, acontece a leitura de ‘Histórias do Sr. Keuner’, com pequenos contos e poemas do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.
E se até o fim da Virada você não tiver comprado nenhum livro, é só passar pelo Centro Cultural Banco do Brasil, onde, num mercadão 24 horas, aberto a partir das 18 horas de sábado, estarão à venda os catálogos de exposições que costumam movimentar a região ao longo do ano.
Acorde cedo
CRIANÇAS
No Sesc: programação infantil inclui peças de teatro, algumas premiadas. Nos outros palcos: dança, narração de histórias, palhaços e brincadeiras
Teatro, grupos circenses, contadores de histórias, mostras de filmes e brincadeiras dirigidas são algumas das atrações da Virada Cultural pensadas para o público infantil. Grande parte delas se concentra nos Sescs, que reservaram a manhã e a tarde de domingo para o melhores programas. Como certos horários coincidem, convém lembrar que há espetáculos de teatro infantil, por exemplo, que estão em cartaz na cidade e podem ser vistos além da Virada.
No Sesc Vila Mariana (dom., 15h30, R$ 3 a R$ 6), bichos feitos de pratos, panos, garrafas e talheres ganham vida na imperdível montagem Zôo-Ilógico, com a dupla Cláudio Saltini e Henrique Sitchin. Com muita música e humor, a Cia. Paulicéia adapta a obra ‘O Barbeiro de Sevilha’ na peça ‘ As Estripulias de Fígaro’ no Sesc Ipiranga (dom., 16h, R$ 3 a R$ 9). No Sesc Pinheiros, o Circo Amarillo apresenta o Experimento Circo, uma mistura de técnicas tradicionais e modernas (sáb., 16h e dom., 12h e 16h, grátis). Na unidade Santana, ‘Um destino para Julieta e Romeu’ é uma releitura lúdica do clássico de Shakespeare feita pelo Núcleo Barracão Cultural, em que a família dos Magrelas vive em guerra com a família dos Gordinhos. Eis que nascem Julieta e Romeu e a história se desenrola (dom., 16h, R$ 2 a R$ 8).
Fora do Sesc, as crianças têm mais com o que se divertir além do teatro. Ao ar livre, a Cia. Pia Fraus apresenta ‘Bichos do Brasil’ no Palco Luz, em que os animais ganham forma com os bonecos manipuláveis (dom., 6, 14h, grátis). No Centro da Cultura Judaica, o apresentador do programa Art Attack, do Disney Channel, ministra pela primeira vez uma oficina 'ao vivo', onde as crianças farão colagens criando um jogo de damas (dom., 16h, grátis). Das 13h às 18h de domingo, o Museu da Imagem e do Som vai promover oficinas de arte. Antes, às, 11h, haverá narração de histórias - tudo é grátis. Na Vila Madalena, as atrações começam às 9h de domingo na Praça Aprendiz das Letras, com um DJ tocando músicas infantis, enquanto as crianças brincam e vêem os palhaços.
Haja pernas
NA BALADA
Um dia de música? Não. É o dobro. Dois palcos: um de tecno e outro de psytrance totalizam 48 horas de música eletrônica no Centro
A rave da Virada agrada dois públicos bastante distintos. Serve para o empolgado que foi para o Skol Beats e, ainda assim, quer mais festa, e também àqueles que não pagaram R$ 200 para ir ao festival e que preferiram se divertir de graça no Centro. Quem gosta de tecno, fica no calçadão da XV de Novembro. Já os tranceiros se divertem na Rua Direita. Um conselho: tenha uma garrafa de água à mão, pois no total são 29 DJs.
Mau Mau, nome respeitado no cenário eletrônico, foi quem organizou a parte tecno. Ele juntou seus conhecidos e fez uma programação mais popular. Ramilson Maia, que toca às 4h de domingo, já produziu remixes de hits de Roberto Carlos e Vanessa da Mata, além de ser considerado um dos mais importantes do drum ‘n’ bass nacional. Camilo Rocha, jornalista e DJ conhecido da noite, foi um dos primeiros a bancar o novo ‘breakbeat’ no País e remixou a trilha sonora do filme 'Cidade de Deus'. Apesar de eletrônico, vez ou outra toca também rock - algo que deve acontecer na sua apresentação das 8h do domingo.
Já sobre as atrações da Rua Direita, Gui Milani, responsável pela lista de DJs desta área, comenta empolgado: “Quero ver alguém reclamar que a Virada está muito nostálgica. Aqui a balada é nervosa”. Para cumprir a promessa, ele convidou também músicos internacionais. Jokke Ilsoe, da Dinamarca, toca às 23h do sábado. Oito horas depois, ele volta na picape como True to Nature, pseudônimo que usa quando toca um som menos cerebral. E o DJ africano Broken Toy reserva um agrado aos presentes às 11h do domingo: toca as faixas do novo CD, que só será lançado em maio.
Resistência
VIRANDO A NOITE
Aproveite ao máximo: é melhor nem dormir durante o fim de semana. Dicas: médicos e baladeiros dão conselhos para os insones da Virada
A Virada Cultural é mais que uma maratona de cultura - é também uma prova de resistência física. Para que ninguém vá despreparado, o Guia consultou o neurologista Luciano Pinto, do Instituto do Sono da Unifesp, que dá recomendações para quem vai se manter acordado. Segundo ele, o ideal é dormir mais do que as aconselháveis oito horas na noite desta sexta-feira. No sábado, um bom cochilo depois do almoço pode dar gás extra a quem virar.
De acordo com o doutor, comprar energéticos pode significar um gasto desnecessário. “O café funciona muito melhor e é bem mais barato”, afirma Luciano. O mesmo café deve servir para amenizar a sensação de frio na madrugada - a previsão é de 18graus.
A nutricionista Yeda Schreder, especialista na relação do sono com a alimentação, esclarece que comidas gordurosas causam mais sonolência, pois a energia que o corpo usaria para se manter acordado é parcialmente gasta para digerir o alimento. O melhor é se servir de um café da manhã rico em carboidratos, com pães, bolos e bananas.
Mas além das dicas médicas, os baladeiros profissionais podem ajudar os que não querem dormir. Paulo Simioni e Ricardo Janczur, DJs e namorados, saem à noite praticamente todos os dias. Eles pretendem assistir a alguns shows da Virada e dão quatro dicas para quem vai se arriscar na madrugada: não exagere na bebida; tome café a cada três horas; reserve um tempo para voltar para casa e tomar um banho gelado; e esteja acompanhado de amigos animados, que não desistam fácil da tarefa de acompanhar as 24 horas do evento.
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