Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

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Virada Cultural

Fonte: Jornal da Tarde
Maratona

A Virada Cultural deste ano atravessa a noite com 350 atrações em 24 horas

THAIS CARAMICO

No Theatro Municipal, a voz de Fabiana Cozza, acompanhada de Zimbo Trio, substitui a de Elis Regina ao interpretar os sucessos de ‘Fino Trato’, álbum que o grupo gravou em 1965 e que teve a participação especial da ‘Pimentinha’. No mesmo lugar, João Donato se apresenta com a banda A Bad Donato, e Sérgio Ricardo reedita a trilha do filme ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ (1963).

Essas são apenas algumas das 350 atrações distribuídas por 76 endereços,que vão manter São Paulo acordada por 24 horas seguidas, na terceira edição da Virada Cultural. A abertura oficial acontece com o show de Alceu Valença na Praça da Sé, no sábado (5), às 18h, e só termina domingo (6), no mesmo horário, com a apresentação de Zélia Duncan no Vale do Anhangabaú. Mas, já na manhã de sábado, alguns lugares, como a Pinacoteca, vão estar abertos com uma programação especial. A maior parte das atividades é gratuita e exclusiva, mas as doze unidades do Sesc, certos museus e centros culturais adequaram sua agenda para incrementar o evento.

Além de música, a Virada Cultural terá sessões de cinema, exposições, espetáculos de teatro, de dança e de teatro infantil, mais a participação de bares e de restaurantes. O palco dos palcos, no entanto, é a região central da cidade. A Rua XV de Novembro, por exemplo, vai virar uma megapista de música eletrônica. Com produção artística do DJ Mau Mau, o espaço terá Visual Paradoxx, Mara Bruiser e mais 28 DJs. Outras estruturas serão montadas na Praça da Sé, no Boulevard São João, no Vale do Anhangabaú e nas ruas Vieira de Carvalho e Barão de Itapetininga. “Eu e todos os artistas vamos cantar para homenagear São Paulo, a cidade que nunca dorme”, entusiasma-se Cauby Peixoto, que se apresenta na Vieira de Carvalho a partir da 1h da manhã de domingo.

No Teatro Itália haverá dança de salão, hip hop, break e capoeira. No Anhangabaú, espetáculos de dança avançam na madrugada. E ainda há o que ver (e fazer) no Centro Cultural Banco do Brasil, no Museu da Língua Portuguesa e no Theatro Municipal. Um centro de informações da Virada Cultural será montado na Galeria Olido (Av. São João, 473, 3334-0001) e estará aberto durante todo o evento. Pela região, serão espalhados 400 banheiros químicos e 20 ambulâncias (os destaques do Centro estão na página 6).

Do Centro, a Virada se expande para quatro pontos estratégicos nas zonas Leste, Sul, Oeste e Norte - aliás, as linhas 1, 2 e 3 do metrô vão funcionar sem intervalo desde as 4h40 de sábado até a meia-noite de domingo para segunda-feira. Nas 21 unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), estão previstos shows de Chico César, Geraldo Azevedo, Fernanda Porto, Tom Zé , Naná Vasconcelos e Tetê Spíndola, além de espetáculos para o público infantil.

O Museu da Imagem e do Som, no Jardim Europa, fica aberto no sábado até de madrugada: Paulinho da Viola faz um show ali à meia noite. A Casa das Rosas (na Paulista), o Centro de Cultura Judaica (Pinheiros) e o Museu da Casa Brasileira (Jardim Paulistano) também entram no circuito. Já no Parque Villa Lobos, o domingo fica por conta dos concertos, como o da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

A inspiração para a Virada Cultural veio das ‘Noites Brancas’, quando museus de Paris, Roma, Madri e Bruxelas ficam abertos até a madrugada. Seguindo o modelo, a Secretaria Municipal da Cultura ampliou a agenda e passou a organizar, desde 2005, um programa completo. Naquele primeiro ano, o clima não ajudou muito: realizado em novembro, a adesão do público foi baixa por causa da chuva. Em 2006 a Virada foi transferida para maio, mas a população ainda estava assustada com os ataques do PCC pela cidade.

Para que você não perca nenhuma atração da Virada Cultural 2007, este Divirta-se especial apresenta, a partir da próxima página, os destaques da programação em todos os endereços espalhados pela cidade. Da página 20 em diante, você encontra o roteiro completo, dividido por local e por horário de início de cada evento.

As informações foram atualizadas por nossa reportagem até a noite de 1º de maio. Para conferir eventuais mudanças na programação, consulte o site. E não tire este Divirta-se do seu bolso até o pôr-do-sol de domingo.

Sesc-lândia na madrugada

BRUNO MORESCHI

Todas as unidades do Sesc participam da Virada Cultural. Mas, apesar de contarem com 80 atrações diferentes, cada uma terá identidade própria. No Sesc Santana, por exemplo, a Virada Cultural se chama ‘Virada Porreta’ e tem a apresentação de três shows de música popular, a partir das 22h de sábado. O primeiro é do grupo Cupuaçu, que mostra o bumba-meu-boi boi do Maranhão e o tambor de crioula. Em seguida, a banda Sabiá toca ritmos nordestinos, como forró, na madrugada de sábado para domingo. Se você gosta de dançar esse ritmo, o Trio Virgulino emenda a partir da 1h30. O preço do ingresso varia de R$ 4 a R$ 10. Há também a ‘Virada Cinéfila’, à meia-noite, no Cinesesc. Serão exibidos três filmes - cada um por R$ 10 ou os três por R$ 25. O primeiro é 'Transylvania', produção francesa que conta a história de uma jovem em busca do homem que a abandonou grávida. Depois, às 2h, é a vez do brasileiro 'Baixio das Bestas', com Matheus Nachtergaele, vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Brasília em 2006, sobre a vida de três personagens que moram em uma comunidade rural decadente. O madrugadão cinematográfico acaba com o dinamarquês 'Além do Desejo', às 4h. O filme é a história da relação amorosa entre uma mulher e um transexual. Entre as sessões, música com o trombonista Bocato. O Sesc Pompéia é local para as oficinas gratuitas, como a jornada fotográfica com Eric Radal (sábado, 19h e 23h, e domingo, 16h; é necessário levar equipamento) e aula da artista plástica Lúcia Lacourt, que ensina técnicas em nanquim e aquarela nas tardes de sábado e de domingo (14h30). O grande evento da unidade vai ser a ‘Kitsch Night’, que mistura André Abujamra com Ray Conniff, Mariah Carey com os punks, e espetáculos.

Feminilidade
Sesc Avenida Paulista:

Mostra Internacional Mulher Mulheres, com trabalhos ligados à temática feminina. Destaque para as fotografias, instalações, vídeos e performances de Marina Abramovic (Sérvia), Vito Acconci (EUA), Angelo Plessas (Grécia), Armin Linke (Alemanha), Charlemagnie Palestine (Bélgica), Gianni Motti (Itália) e Fabiana de Barros (Brasil). A mostra grátis ocorre sábado e domingo, das 11h às 20h.

Sesc Pinheiros:
Para onde vão os objetos perdidos? E as pessoas que desaparecem? A exposição Achados e Perdidos explora estas questões, com obras de artistas como Renato Bezerra de Mello, Ana Miguel e Marcelo Tabach. Visitas no sábado e no domingo, das 10 às 18h30.

Sesc Consolação:
músicos da banda do ministro Gilberto Gil, Arthur Maia e
Serginho Chiavazzoli formaram um quinteto com outros artistas e tocam ritmos variados, como samba, soul, reggae, salsa e frevo. O show rola no sábado, às 19h.

Sambas e bossas com pedigree
Sesc Ipiranga:

Wilson Simoninha mistura soul, samba e bossa nova com timbre vocal semelhante ao pai, Wilson Simonal - um dos grandes nomes da mistura do samba com o funk norte-americano nos anos 60. Na bagagem, repertório de álbuns como ‘Volume 2’ (2000) e ‘Introducing Wilson Simoninha Live Session at Trama Studios’ (2004). O show acontece no sábado,
às 22h30.

Fatos e fotos do Brasil nas Olimpíadas
Sesc Vila Mariana:

a exposição ‘Aida é que mulher de verdade’ mostra fotos, cenários e dados históricos sobre a atleta Aida dos Santos, que, nas Olimpíadas de Tóquio (1964), chegou em quarto lugar na prova de salto em altura. Foi a melhor marca individual feminina conquistada pelo Brasil até hoje. Sábado e domingo, das 9h às 18h30. Grátis.

Pelas terras dos CEUs

Instaladas em bairros periféricos, as 21 unidades dos CEUs (Centro Educacional Unificado) também estão na Virada. “Nas duas edições anteriores, os bairros periféricos não entraram com uma programação tão vigorosa como acontece na região central da cidade. Mas nesta, foi possível criar alternativas de apresentações com o mesmo peso das que estão nos outros pontos”, diz o assessor técnico de Projetos Especiais, Celso Santiago.

Todos os endereços possuem núcleos de educação, esporte e cultura, e área de lazer (que varia de uma unidade para outra) com tudo que um bom clube precisa: bosque, piscina, quadra poliesportiva, pista de skate, espaço de música, ateliê de artes e culinária e teatro, com capacidade para 450 pessoas. “Todo artista que se apresenta pela primeira vez no CEU fica admirado com a estrutura do teatro”, conta Celso.

No CEU Campo Limpo, que costuma receber aos fins de semana cerca de 2 mil pessoas por dia, Geraldo Azevedo abre o evento no sábado (5), às 18h - mesma hora em que Fernanda Porto canta na unidade Meninos e Tom Zé começa no Parque Veredas. Apesar de a programação estar mais concentrada na música, assim como todo o evento, um espetáculo de teatro ou circo, quase sempre para o público infantil, completa o cardápio de atrações dos CEUs.

Na Vila Curuçá haverá uma Tarde de Palhaçadas no domingo (6), às 15h. No Inácio Monteiro, ‘O Encantado Circo Estrela’ também se apresenta no dia 6, às 11h.

Quem optar por mais barulho, Edgard Scandurra sobe aos palcos com sua guitarra às 17h, em Jambeiro. Às 18h é a vez de Thaíde soltar a voz em São Mateus, e, às 20h, em Pera Amarelo, o Cidadão Instigado mostra seu rock brasileiro da década de 70. Outro destaque dos Centros é a aula-show, uma maneira de, entre uma canção e outra, curtir o som e aprender sobre história e cultura da música, com alguns mestres como Naná Vasconcelos, que se apresenta no CEU Aricanduva, sábado, às 17h, e na Vila Atlântica, às 22h. Tetê Spíndola e Jane Duboc também seguem o modelos de aulas. Um no CEU Navegantes, às 16h e a outra em Perus, às 18h. Além deles, outras figuras consagradas da música aquecem o festival, em família. Moraes Moreira e seu filho Davi Moraes se apresentam na Casa Blanca, no sábado às 19h), Theo de Barros e Ricardo Barros na Cidade Dutra, às 17h50, e Zé Geraldo e sua filha Nô Stopa, em Três Lagos às 18h.

Em São Mateus, às 10h, Juca Chaves apresenta seu velho repertório de piadas, deixando o domingo ainda mais animado em um dos “outros palcos” que completam a Virada.

Virada descentralizada

THAIS CARAMICO

Neste ano, a programação da Virada está distribuídas por todas as regiões da cidade. No Museu da Casa Brasileira, duas exposições abrem a agenda de eventos do local já na largada da Virada, às 18h do sábado.

A mostra ‘Coleção Museu da Casa Brasileira’ valoriza o acervo de móveis e objetos da casa, inclusive com peças restauradas que já haviam saído do museu e que agora retornam para a coleção. A outra é ‘Desenho Anônimo - Legado da Imigração no Sul do Brasil’, que também apresenta peças antigas, mas desenhadas exclusivamente por imigrantes italianos e alemães, desde 1824 até o início do século 20. Além dos 500 objetos, aproximadamente 75 fotografias formam um painel com o universo cultural dos imigrantes. No domingo (6), às 11h, a big band Coisa Fina homenageia o maestro Moacir Santos com algumas das composições mais conhecidas do músico, parceiro de Vinicius de Moraes.

Música também tem lugar no MIS, com a apresentação de Paulinho da Viola, à meia-noite de sábado (6). Para garantir a entrada, o Museu atende no sábado, das 10h às 16h, e cada pessoa pode retirar apenas um ingresso até que os 180 lugares do auditório estejam preenchidos. No clima nostálgico da Virada, o acervo de Adoniran Barbosa (1910-1982) fica exposto a partir das 18h, com discos, filme, fotografias, partituras e até um script de rádio do compositor. Além disso, o MIS completa sua programação com filmes sobre sambistas, oficinas de artes para as crianças e mostras de cinema infanto-juvenil a partir das 13h do domingo.

As 24 horas de culturais continuam no Centro da Cultura Judaica, com contadores de histórias, filmes, oficinas e shows. O Grupo Era uma vez... conta também com o público, convidado a participar no sábado, às 19h. Às 22h, uma cabaré concerto de Cida Moreira (voz e piano), embala a Virada antes da aula de dança, que começa à 1h da madrugada e vai até às 6h do domingo, com mais de 100 danças populares de estilos diversos.

A exposição ‘VERaCidade’ reúne o trabalho de diversos artistas de arte de rua e engloba técnicas de graffiti, lambe-lambe e stencil art no Centro Cultural da Juventude (CCJ), que está aberto durante todo o sábado.

Às 18h começa a escalada na parte externa do prédio. Quem preferir algo menos radical pode se arriscar no sarau, a partir das 19h. Quem coordena esta atividade é o grupo Vozes Bugras, usando canções e contos. Em seguida, o grupo Mawaca, formado por sete cantoras, interpreta músicas em mais de dez línguas, recriando a música de diversas etnias.

Para quem prefere cinema, ou melhor, para quem não perde uma seção aterrorizante, à meia-noite de domingo começa a exibição de um clássico de terror, ‘Nosferatu’ (em sua versão muda e expressionista, dirigida por F.W. Murnau), em frente ao cemitério Nova Cachoeirinha (bem ao lado do CCJ). A tensão continua com as exibições de um outro clássico. Na Cinemateca, a das 16h do sábado até as 4h do domingo, é Zé do Caixão a atração. No filme, o sádico e cruel coveiro pretende gerar um filho perfeito para dar continuidade ao seu sangue. O problema é sua mulher, que não consegue engravidar e acaba deixando o protagonista furioso.

No Parque do Ibirapuera, uma roda de samba, comandada por Luizinho 7 Cordas, promete agitar os 800 lugares do Auditório. Aos 54 anos de idade, ele é considerado o melhor músico no violão de sete cordas em atividade no Brasil. Já acompanhou grandes nomes da MPB e do chorinho, como Demônios da Garoa, Nelson Gonçalves, Silvio Caldas, Ângela Maria, Cartola, Clara Nunes, Beth Carvalho, Adoniran Barbosa, Jamelão e Nelson Sargento.

Qual é a sua?

Selecione as atrações e encontre a sua tribo

O Cinéfilo

Diferentemente dos anos anteriores, os cinemas da Paulista não participam da Virada. Mesmo assim, os cinéfilos podem ver uma mostra de filmes alemães no Instituto Goethe e de filmes do Zé do Caixão no Sesc Santana e no Centro de Promoção do Cinema.

O Tranqüilo

Este vai trocar os palcos a céu aberto do Centro pelo Teatro Sérgio Cardoso, onde haverá o concerto de piano em homenagem a Tom Jobim, no sábado, às 19h. Na região central, escolha as apresentações de madrugada do Theatro Municipal.

O fã de Teatro

Depois da música, o teatro é destaque na Virada. Quase todos os espetáculos estarão nas unidades do Sesc. O da Paulista, por exemplo, apresenta, no sábado, às 19h30, o espetáculo ‘O Homem Provisório’, inspirado na obra de Guimarães Rosa.

O Roqueiro

O palco Barão de Itapetininga é dedicado ao hard rock dos anos 70 e ao punk dos anos 80. Serguei toca às 21h30 do sábado. Às 6h da manhã de domingo, a banda Beatles4ever toca as canções do álbum ‘Magical Mystery Tour’.

O fã de Museu

Alguns museus que participam da Virada Cultural estarão aberto 24 horas: como o Museu da Casa Brasileira, que tem duas exposições em cartaz, e o Museu da Imagem e do Som, com o acervo de Adoniran Barbosa.

O musical

Além dos palcos do Centro, aqueles que querem estar mais próximos de seus ídolos podem escolher um dos 21 CEUs e assistir a shows mais intimistas, de nomes
como Fernanda Porto, Tom Zé e Moraes Moreira.

O Família

Na manhã de domingo a programação dos Sescs é toda dedicada às crianças. No Centro de Cultura Judaica, os pais podem deixar a garotada na oficina de colagem promovida por Daniel Warren, apresentador do Disney Channel.

O Baladeiro

Duas pistas - uma montada no calçadão da Rua XV de Novembro e outra na Rua Direita, ambas no Centro da cidade - terão 24 horas de música eletrônica. Sobre os DJs (são dezenas deles), leia mais na reportagem sobre Balada.

Orgulho do brega e chique

BRUNO MORESCHI

Durante 24 horas, o Sesc Pompéia deixa de lado a discrição de seus tijolinhos claros para se render à breguice total. O kitsch invade o local com shows, filmes e teatro. Mas para não assustar os recatados, a mudança ocorre gradualmente. Antes de o pessoal se soltar e cantar a música do ‘Titanic’, a programação começa no sábado, às 21h, com a mostra ‘De Olhos e Ouvidos Escancarados’, que exibe sete horas seguidas de vídeos ligados ao exagero visual.

A sugestão é assistir aos dois primeiros filmes experimentais de W. K. Dickson como aquecimento. Meia hora depois, ocorre um esquete chamado ‘Família Kitsch’, questionando o que, afinal, significa ser brega. Depois do espetáculo, o grande momento da programação: quando o relógio marcar 22h começa a homenagem aos responsáveis pelas músicas melosas que, basta alguém cantarolar, e a letra não sai mais da cabeça.

O primeiro homenageado é o saxofonista Kenny G., obrigatório em formaturas e festas de casamento, interpretado por Sérgio Bartollo, do Funk como Le Gusta. Em seguida, Otto van der Vander toca as composições de Richard Clayderman, pianista louro-almofadinha francês que já vendeu milhões de discos com suas versões melosas de sucessos que vão dos Beatles até Vivaldi. As canções de Whitney Houston e Celine Dion serão interpretadas pela cantora punk Karine Alexandrino - nem mesmo ela sabe qual será o resultado. Por fim, André Abujamra, do Karnak, toca sucessos do maestro Ray Conniff. “A melodia cafona deste mestre vai conquistar todos e resgatar a breguice escondida em cada um”, filosofa Abujamra.

Depois da carga dramática absurda, muita calma para voltar à normalidade. O melhor é ver ‘Eletro Kitsch’, às 2h15, um espetáculo suave sobre melodramas. No fim, das 5h às 8h, haverá um café da manhã por R$ 8 no Sesc Pompéia. Mas, atenção, a festa kitsch já acabou: o café será caipira, ao som de sanfona e violão.

Para quem prefere o dia

THAIS CARAMICO

Não é preciso esperar a largada oficial da Virada, às 18 horas de sábado, para participar dela. Ao menos dois lugares, como a Pinacoteca e a Casa das Rosas, estarão abertos desde as primeiras horas do dia com uma programação dedicada ao universo literário, também integrante da agenda oficial do evento. Na Pinacoteca do Estado, o Mercado de Livros (das 10h30 às 17h) vai liqüidar, com descontos de 50% a 80%, títulos de arte e catálogos de exposições editados pelo museu, como o do escultor Alexander Calder e o da Coleção Gilberto Chateaubriand.

Na Casa das Rosas, a programação começa às 16h com uma dramatização do conto ‘Pela Passagem de uma Grande Dor’, de Caio Fernando Abreu. À 0h acontece o saraokê - um sarau aberto a quem quiser declamar e improvisar.

Em uma versão de bolso do Corredor Literário, que normalmente toma conta da Avenida Paulista no mês de outubro, a Fnac Paulista apresenta, às 19h30 do sábado, o ‘Canto do Conto’. Com a participação do público, as atrizes Kiara Terra e Cristiana Ceschi interpretam obras cujo tema é ‘Encontros, Perdas e Reencontros’. Uma delas é ‘Ensaios de Amor’, de Alain de Botton.

No Sesc Paulista, às 21h30 do sábado, acontece a leitura de ‘Histórias do Sr. Keuner’, com pequenos contos e poemas do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.

E se até o fim da Virada você não tiver comprado nenhum livro, é só passar pelo Centro Cultural Banco do Brasil, onde, em um mercadão 24 horas, aberto a partir das 18h de sábado, estarão à venda os catálogos de mostras que movimentam a região ao longo do ano.

Viradinha’ para os pequenos

Teatro, picadeiros de grupos circenses, contação de histórias, mostras de filmes, brincadeiras e oficinas são algumas das atrações da Virada Cultural voltadas para o público infantil. Grande parte delas se concentra nas unidades Sesc, que reservaram a manhã e a tarde de domingo para a programação. Como certos horários coincidem, é bom lembrar que há espetáculos de teatro infantil, por exemplo, que estão em cartaz na cidade e podem ser vistos além da Virada.

No Sesc Vila Mariana, bichos feitos de pratos, panos, garrafas e talheres ganham vida na imperdível montagem Zôo-Ilógico, com a dupla Cláudio Saltini e Henrique Sitchin (dom., 15h30, R$ 3 a R$ 6). Com muita música e humor, a Cia. Paulicéia adapta a obra ‘O Barbeiro de Sevilha’ na peça As Estripulias de Fígaro no Sesc Ipiranga (dom., 16h, R$ 3 a R$ 9).

No Sesc Pinheiros, o Circo Amarillo apresenta o Experimento Circo, uma mistura de técnicas tradicionais e modernas (sáb., 16h e dom., 12h e 16h, grátis). Na unidade Santana,

Um Destino para Julieta e Romeu é uma releitura lúdica do clássico de Shakespeare feita pelo Núcleo Barracão Cultural, em que a família dos Magrelas vive em guerra com a família dos Gordinhos. Eis que nascem Julieta e Romeu e a história se desenrola (dom., 16h, R$ 2 a R$ 8).

Fora do Sesc, as crianças têm mais com o que se divertir além do teatro. Ao ar livre, a Cia. Pia Fraus apresenta Bichos do Brasil no Palco Luz, em que os animais ganham forma com os bonecos manipuláveis (dom., 14h, grátis). No Centro da Cultura Judaica, o apresentador do programa ‘Art Attack’, do Disney Channel, ministra pela primeira vez uma oficina 'ao vivo', onde as crianças farão colagens criando um jogo de damas (dom., 16h, grátis). Das 13h às 18h de domingo, o Museu da Imagem e do Som vai promover oficinas de arte. Antes, às 11h, haverá narração de histórias - tudo é grátis. Na Vila Madalena, as atrações começam às 9h de domingo na Praça Aprendiz das Letras, com um DJ tocando músicas infantis, enquanto as crianças brincam e vêem os palhaços.

Pelas picapes do Centro

A rave da Virada agrada dois públicos bastante distintos. Serve para o empolgado que foi para o Skol Beats e, ainda assim, quer mais festa, e também àqueles que não pagaram

R$ 200 para ir ao festival e que preferiram se divertir de graça no Centro. Quem gosta de tecno, fica no calçadão da XV de Novembro. Já os tranceiros se divertem na Rua Direita. Um conselho: tenha uma garrafa de água à mão, pois no total são 29 DJs.

Mau Mau, nome respeitado no cenário eletrônico, foi quem organizou a parte tecno. Ele juntou seus conhecidos e fez uma programação mais popular. Ramilson Maia, que toca às 4h de domingo, já produziu remixes de hits de Roberto Carlos e Vanessa da Mata, além de ser considerado um dos mais importantes do drum’n’bass nacional. Camilo Rocha, conhecido da noite, foi um dos primeiros a bancar o novo ‘breakbeat’ no País e remixou a trilha sonora do filme ‘Cidade de Deus’. Apesar de eletrônico, vez ou outra toca também rock - algo que deve acontecer na sua apresentação das 8h do domingo. Já sobre as atrações da Rua Direita, Gui Milani, responsável pela lista de DJs desta área, comenta empolgado: “Quero ver alguém reclamar que a Virada está muito nostálgica. Aqui a balada é nervosa”. Para cumprir a promessa, ele convidou também músicos internacionais. Jokke Ilsoe, da Dinamarca, toca às 23h do sábado. Oito horas depois, ele volta na picape como True to Nature, pseudônimo que usa quando toca um som menos cerebral. E o DJ africano Broken Toy reserva um agrado aos presentes às 11h do domingo: toca as faixas do novo CD, que será lançado em breve. BM

Santa Fé dos esfomeados

Na mesma praça onde acontecem recitais de de piano, o chef Giuseppe Mustacchi oferece o Camarão da Virada Cultural.

O prato é feito com camarões grelhados ao molho de champignon, caldo de peixe e limão. Se preferir, vá de cervejinha e petiscos. Cá entre nós, até combina mais com a maratona.

(SERVIÇO)Santa Fé Pça. Dom José Gaspar, 42, 3237-0771. Sáb.: 18h/20h (bar) e 20h/0h (rest.); dom.: 0h/12h (café/bar); 12h/16h (almoço); 16h até o últ. cliente.