Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Projeto exige energia solar em imóveis na capital
Proposta da Prefeitura prevê que novas construções com mais de 3 banheiros adotem tecnologia
Humberto Maia Junior
Os novos prédios da capital poderão ser obrigados a ter sistema de aquecimento de água por energia solar. É o que determina o projeto de lei encaminhado ontem à Câmara pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). O projeto prevê que todas as edificações que tenham mais de três banheiros, uma piscina, hotéis, clubes esportivos, hospitais, escolas e parte do setor industrial, entre outros, tenham sistema de captação de energia solar com capacidade para atender a pelo menos 40% da sua demanda anual de energia necessária para o aquecimento de água.
Para casas com até três banheiros, o projeto prevê apenas a adaptação do sistema hidráulico para receber a energia solar. As demais edificações só estarão isentas se houver obstáculos técnicos que impeçam a instalação do sistema. Os casos serão avaliados por profissionais habilitados, não especificados no projeto de lei.
“São Paulo, como outras grandes cidades brasileiras, não aproveita a energia solar”, disse Kassab. Ele explicou que esse projeto está inserido no Cidade Limpa. “Nossa cruzada é o combate à poluição.”
A medida, resultado de discussões do Comitê de Ética e Economia, coordenado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, passa a valer depois de aprovada na Câmara e sancionada por Kassab.
Para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, se for aprovado, o projeto vai impulsionar o debate sobre arquitetura sustentável e o uso de energia limpa e renovável. “Outros países (Estados Unidos e Europa) com menos luz solar estão mais avançados do que nós.”
Segundo o secretário, o projeto é apenas o primeiro passo para ampliar a utilização de energia solar em todas as edificações da capital. Ele disse que não é possível estimar o impacto da aprovação da lei na redução do consumo de energia da capital. “Vai depender do ritmo de crescimento da construção civil.”
Estudo da Secretaria do Verde e Meio Ambiente mostra que o Brasil recebe 2,2 mil horas de insolação, quantidade de luz com potencial para gerar 15 trilhões de megawatts, correspondentes a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade. Os chuveiros elétricos consomem 8% da eletricidade produzida no País e são responsáveis por 18% do pico do uso do sistema.
Dados de 2002 apontam que a área de coletores de energia solar no País é de 1,2 metro quadrado por 100 habitantes. O número é menor que em países como China (3,2 m²/100 hab), Israel (67,1 m²/100 hab) e Áustria (17,5 m²/100 hab).
O técnico em eletrônica Ernesto Cezar Evangelista, de 54 anos, tem sistema de captação de energia solar em sua casa desde 2001. A mudança foi feita depois de uma constatação: “Eu via que o sol esquentava o telhado de casa. Como não me mexer e aproveitar isso em meu benefício?”
Hoje, Evangelista utiliza a água aquecida apenas no chuveiro e acredita que o consumo de energia tenha sido reduzido em 30%. “Posso me dar ao luxo de usar o computador e quem paga é o coletor solar.”
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