Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Construtora vai revitalizar Parque do Povo
Camilla Rigi
A revitalização do Parque do Povo, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, finalmente deve sair do papel. Mas o dinheiro para as obras de melhoria não virá da Prefeitura, mas sim da Construtora WTorre, que está erguendo bem na frente de um shopping um prédio de escritórios e um hotel. O termo de cooperação foi assinado ontem.
Com a parceria, a empresa vai investir R$ 6 milhões na elaboração do projeto executivo - que será feito com a Secretaria de Coordenação das Prefeituras - e na instalação da proposta. Também ficará responsável pela manutenção e pela administração durante três anos. “Estamos fazendo um empreendimento muito grande na frente do parque. E achamos que era desperdício essa área não ser aproveitada”, disse o dono da construtora, Walter Torre Júnior, garantindo que o parque continuará a ser público.
PASSARELA
Em dezembro, o grupo WTorre comprou o prédio inacabado da Eletropaulo e o terreno onde foi erguido o Cirque du Soleil. “Procuramos a Prefeitura e nos colocamos à disposição para fazer um investimento voltado ao lazer e ao esporte”, disse o empresário. Duas passarelas vão facilitar a entrada no parque. Uma sairá da Estação Cidade Jardim da CPTM e a outra atravessará a Juscelino Kubitschek até a Rua Henrique Chamas, quase na porta do empreendimento da WTorre.
A área de 112 mil metros quadrados do parque era ocupada ilegalmente por algumas agremiações. Em agosto, a Caixa Econômica Federal, dona do terreno, doou a área ao Município, que decidiu abrir a área à população. “A meta é entregar em setembro uma parte expressiva”, disse o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
A Prefeitura ainda briga na Justiça para retirar quatro entidades da área: Flor do Itaim, Canto do Rio, União da Vila Olímpia e Marítimo. “Esperamos que até o fim do ano essas liminares caiam”, afirmou o secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo.
PROJETO
A parte paisagística do parque foi desenvolvida pelo coordenador de Áreas Verdes da Secretaria de Subprefeituras, André Graziano, e prevê atividades de caráter educativo e cultural, com trilhas explicativas e total acessibilidade a portadores de deficiência e pessoas com mobilidade reduzida.
“A parte educativa tem como objetivo fazer as pessoas terem contato com coisas que eram da cidade e a gente não vê freqüentemente. E a vegetação entra no projeto do parque como esse elo”, explicou Graziano, que escolheu plantas e árvores nativas do Brasil - sobretudo de São Paulo - para compor o paisagismo local.
O parque terá coleções botânicas, agrupadas por valores históricos e culturais. No total, são sete trilhas diferentes: a de madeiras de lei, de árvores ornamentais, de plantas de sombra, de árvores frutíferas, de flores, de plantas trepadeiras e a de plantas medicinais e aromáticas. Todas as espécies serão identificadas por placas educativas, com pequenos textos informando o nome científico e popular de cada planta. “Assim, o parque pode ser usado por uma pessoa ou por uma escola que venha com os alunos e possa contextualizar o que tem aqui por meio de uma disciplina”, contou Graziano.
No playground, o coordenador de áreas verdes pensou em colocar as trepadeiras porque elas atraem vários tipos de borboletas e pássaros. “A idéia é fazer o parque ser um exemplo para a cidade de postura ambiental completa. O playground será todo feito com madeira ecológica e certificada. E o entulho da derrubada das construções será usado nos caminhos do parque”, detalhou.
Um “jardim sensorial” também foi planejado, com corrimão e inscrições em braile próximo das plantas, que poderão ser tocadas. Até setembro deverá estar instalada grande parte das coleções de árvores nobres e as flores e palmeiras.
Na parte de esportes, é estudada a construção de três ou quatro quadras poliesportivas com pisos para futebol, peteca, queimada e vôlei de praia. Também haverá cerca de 1.320 metros de ciclovia.
O projeto executivo deve ser finalizado em julho e terá de passar pela aprovação da Secretaria do Verde e Meio Ambiente e do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), já que 107 mil metros quadrados da área são tombados desde 1992. Com as aprovações, a construtora poderá começar as obras.
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