Prefeitura de São Paulo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pianista brasileiro radicado em Londres Jean Louis Steuerman, 58, será amanhã o solista da Orquestra Sinfônica Municipal, com o "Concerto nº 1" de Serguei Rachmaninov (1873-1943). A récita será às 11h, no Theatro Municipal.
Ele e a orquestra, regida por José Maria Florêncio, já haviam se apresentado no sábado passado, no Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Rachmaninov, diz Steuerman, "é um compositor que as pessoas ainda não entenderam. Sua qualidade excepcional está em ele conseguir falar das emoções de uma maneira que pouquíssimos conseguiram".
O "Concerto nº 1", que ele qualifica de "lindíssimo e harmonicamente muito sofisticado", integra seu repertório desde os anos 70, quando o interpretou em Baltimore, na primeira turnê que fez aos Estados Unidos. A peça foi escrita em 1892, quando Rachmaninov estava com 19 anos.
O pianista, que aguarda o lançamento de uma integral de Arnold Schönberg, que gravou em 2006, terá no segundo semestre recitais na Espanha, EUA, México, França e Suécia -onde fará "Les Oiseaux Exotiques", de Olivier Messiaen.
A Sinfônica Municipal fará no mesmo programa a "Sinfonia Fantástica", de Hector Berlioz, uma das peças paradigmáticas da exploração da diversidade sinfônica durante o romantismo. A terceira peça do programa será a terceira versão da "Abertura Eleonora", de Ludwig van Beethoven.
Rachmaninov, que estará no centro do programa, escreveu quatro concertos para piano e orquestra, além de três sinfonias, três óperas e muitas peças para piano solo (duas sonatas, 24 prelúdios, 15 estudos).
De família nobre, foi um protegido de Tchaikovski, atuou sob a regência de Glazunov e teve canções interpretadas pelo baixo Feodor Chaliapin, o mais famoso cantor lírico do início do século 20. Expropriado de suas propriedades pela Revolução de Outubro, deixou a Rússia em 1917 e se fixou nos EUA, onde se tornou um pianista conhecido. Mesmo admirado como grande melodista, era visto como um anacrônico pelas vanguardas musicais européias por insistir na linguagem romântica do século 19.
Mas o fim das vanguardas mudou um pouco essa intolerância. O grande público jamais deixou de apreciá-lo. Seu "Concerto nº 3" para piano e orquestra é hoje uma unanimidade em termos de complexidade temática e de riqueza na escrita dos fraseados.