Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Memorial da tragédia de Congonhas será o 1º SP
Praça dos Ipês-Amarelos será construída no local onde antes funcionava o prédio da TAM
GABRIELA GASPARIN, gabriela.gasparin@grupoestado.com.br
A Capital vai ganhar o primeiro memorial em homenagem a vítimas de tragédias de sua história. O projeto da Praça dos Ipês-Amarelos, que será construída no quarteirão onde antes funcionava o prédio da TAM Express, no Campo Belo, Zona Sul, será anunciado hoje, às 15h, pelo prefeito Gilberto Kassab, na sede da Prefeitura, Centro. Os homenageados serão os 199 mortos no acidente do vôo 3054 da TAM, ocorrido em 17 de julho.
Segundo a socióloga Fátima Antunes, do Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, não há nenhum outro monumento que homenageie vítimas de tragédias na Cidade. A obra é semelhante à que será feita onde ficavam as torres gêmeas do Word Trader Center, em Nova York, nos Estados Unidos, cujo atentado completa seis anos amanhã.
Quem fez o projeto para a área de 8,5 mil metros quadrados foi o arquiteto Marcus Cartum, suplente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp). Segundo ele, a praça será composta por dois espaços separados por um muro rompido: uma área branca de concreto e uma área verde, com playground para as crianças e ipês, árvores que florescem rápido. “Os dois espaços contrastantes criam a sugestão de algo que se rompe, fragmentado e silencioso. O ambiente busca criar a homenagem às vítimas”, explicou. Ainda não há data para o início das obras. Cartum espera uma inauguração em meados de 2008. “Ainda é preciso limpar o terreno. Depois disso, o tempo para o desenvolvimento do projeto é relativamente curto.”
Memória
Segundo a socióloga Fátima Antunes, memoriais são comuns na Europa, continente onde ocorreram muitas guerras. “Lá, existem memoriais de vítimas do Holocausto e genocídios da 2.ª Guerra Mundial.”
No entanto, de acordo com ela, o conceito de memorial não tem um significado único e pode ser qualquer obra que lembre um fato histórico marcante. “Qualquer monumento pode ser um memorial, um lugar de memória de fatos que tenham valor para determinada comunidade”, disse
Na Capital, ela cita obras como Monumento aos Soldados Constitucionalistas de 1932, mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera, e o Monumento à Independência, no Museu do Ipiranga, como construções destinadas à memória de fatos importantes na Cidade. “As características dessas obras são diferentes, pois elas remetem a vítimas de guerras. De fato, ainda não temos um memorial para reflexão de grandes tragédias na Capital”, disse. A arquiteta e urbanista Regina Monteiro, diretora da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), dá um outro exemplo: o Parque da Juventude, construído no local onde funcionava o Complexo Penitenciário do Carandiru, na Zona Norte.
“A construção do parque num local onde aconteceram muitas rebeliões e morreram 111 presos funciona como uma espécie de memorial”, ressaltou.
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk