Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Brasil ajuda a criar 1ª biblioteca digital mundial
Roberta Pennafort
Na Antiguidade, a Biblioteca de Alexandria, no Egito, com suas centenas de milhares de papiros, era a guardiã do maior acervo cultural e científico do mundo. Inaugurada em 295 a.C., foi destruída pelo fogo em 272 d.C. por ordem do imperador romano Aureliano.Mais sobre os acervos nacionais
Na era digital, um projeto da Unesco, a World Digital Library (Biblioteca Digital Mundial), cujo protótipo entra no ar neste mês, tornará tesouros de vários países disponíveis gratuitamente na internet. O portal da WDL terá, na primeira fase, mapas, fotografias e manuscritos digitalizados, tudo com textos explicativos em árabe, chinês, espanhol, inglês, francês, português e russo. Numa segunda fase, será possível consultar livros. Os usuários poderão pesquisar temas como filosofia, história, religião e ciência.
Grandes bibliotecas estão sendo convocadas a colaborar - e a Biblioteca Nacional foi uma das primeiras a aceitar. Já enviou reproduções de mapas e registros fotográficos raros do País no século 19. Oitava maior do planeta e a número um da América Latina, a instituição é parceira-fundadora ao lado das Bibliotecas do Congresso dos EUA, da Rússia, da Coréia do Sul e da Bibliotheca Alexandrina, inaugurada em 2002.
Além de dar acesso a imagens, espera-se do Brasil o cumprimento de uma missão importante: atrair países de língua portuguesa e também de língua espanhola para a empreitada.
PRIMEIRO TESTE
Um protótipo da WDL vai funcionar a partir do dia 17, na 37ª Conferência-Geral da Unesco, em Paris. Será uma oportunidade para mais países aderirem - e para o Brasil fazer sua campanha com os vizinhos latinos e com as nações de língua portuguesa. “A Biblioteca Nacional é a única da América Latina que está participando. Vamos entrar em contato com os países da região, começando por Argentina, Venezuela e Colômbia”, afirma o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré.
A Biblioteca Nacional é considerada um modelo para países emergentes por seu bom padrão de digitalização - o processo de transferir obras para o computador foi iniciado em 2003 e intensificado em 2006. “O nível brasileiro é muito bom”, elogia John Van Oudenaren, coordenador do projeto da Unesco. “Se a Biblioteca Nacional compartilhar o que tem aprendido com bibliotecas de outros países, será um grande passo para aumentar a participação. Não faz sentido fazermos acordos com instituições que não têm capacidade de digitalização.”
Os mais de mil itens que a Biblioteca Nacional vai compartilhar na WDL compõem conjuntos dos mais representativos das Américas. São fotografias do século 19 que fazem parte da coleção Teresa Cristina Maria - doada por d. Pedro II em 1891 e considerada pela Unesco patrimônio da humanidade -, em que se vêem paisagens do Rio, Paraná e Minas. Há também mapas e cartas náuticas dos séculos 16, 17 e 18.
“A idéia é fazer um grande portal da cultura no mundo. Cada país está mandando o que tem de mais precioso”, explica Liana Gomes Amadeo, diretora do Centro de Processos Técnicos da Biblioteca Nacional. Mais detalhes sobre o projeto, cujo investimento não foi divulgado, estão no site www.worlddigitallibrary.org.
O maior acervo digital do mundo, hoje, é o da Biblioteca do Congresso Americano (www.loc.gov), iniciado em 1995, com mais de 7,5 milhões de documentos.
Poucos acervos são digitalizados
CARLOS ORSI
O Brasil conta com diversos projetos de digitalização de acervos de suas bibliotecas, mas eles são feitos em paralelo, com pouca comunicação entre as instituições envolvidas, avalia o coordenador do portal Domínio Público do Ministério da Educação (MEC), Marco Antonio Rodrigues. “Temos ilhas”, diz ele. “Há uma convergência para a idéia de compatibilidade de acervos, mas isso ainda está em projeto.”
O Domínio Público reúne mais de 54 mil obras cadastradas em formato digital, entre textos, arquivos de som, imagens e vídeos. Todo esse material está em servidores do MEC: não é possível usar o portal como plataforma para acessar o conteúdo digital mantido em outras instituições.
Mas as ilhas digitais das bibliotecas brasileiras estão se unindo, ainda que lentamente, por meio do projeto Rede da Memória Virtual Brasileira, da Biblioteca Nacional (BN). A rede, até o momento, integra sete instituições do Sul e do Sudeste. A porcentagem digitalizada do acervo da BN é muito pequena: cerca de 8 mil documentos em formato digital, de um total de 9 milhões. Só a partir de 2008 haverá verba específica para digitalização.
Em São Paulo, a Biblioteca Municipal Mário de Andrade tem 4 mil fotos históricas do Brasil digitalizadas e 30 mil páginas de texto - 250 livros - sobre história, política e cultura brasileiras do século 16 ao 19. A Mário de Andrade não está integrada à Rede da Memória Virtual Brasileira da Biblioteca Nacional.
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