Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Cia. do Feijão pergunta: por que a esquerda se endireita?
Beth Néspoli
Cada um de nós age a cada instante movidos pelo acúmulo de experiências de toda a vida. Somos o tempo todo a soma de nossas vivências, de nossas conquistas e fracassos, e não só individuais, mas também as de nosso tempo histórico. Algo que só conseguimos perceber, e modificar, porque passado também muda por reavaliação, quando nos afastamos um pouco de nós mesmos e conseguimos olhar de fora. É o que faz a arte. Mais especificamente, é o que faz a Cia. do Feijão no espetáculo Pálido Colosso, que estréia hoje na sede do grupo, bem ali ao lado do famoso Arena.
Nessa peça, o grupo passa em revista suas experiências pessoais entrelaçadas com a história dos últimos 40 anos do Brasil, tudo trabalhado em sala de ensaio. Muita ambição? 'Acho que é nossa criação mais tranqüila', diz Pedro Pires, que dirige a montagem em parceria, como sempre, com Zernesto Pessoa. 'Nunca estive tão feliz num véspera de estréia.'
O espetáculo é fruto de um projeto de pesquisa chamado 'por que a esquerda se endireita - um estudo da alma brasileira contemporânea', contemplado pelo Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. A idéia é reavaliar, com as armas do humor, do sarcasmo e também da emoção, os últimos 40 anos de história brasileira. O público vai rever, ou melhor ouvir, desde o discurso da atriz Cristiane Torloni no comício das Diretas Já até a famosa interpretação de Fafá de Belém para o Hino Nacional.
'Claro que temperamos tudo com pimenta', diz Pires. 'Mas algumas cenas dão um nó na garganta. Quem já viu o ensaio comentou ter revisto a própria vida e até recolocado a si mesmo questões que haviam abandonado', diz Pires. Por exemplo? A briga pelas eleições e pela existência de um Congresso genuinamente representativo. 'Esquecemos tudo isso?'
O espaço ganhou mesas, cadeiras e talvez até bebidas - 'não somos bons em comércio, mas vamos ter cervejas e talvez amendoins'. Em torno das mesas, o público vai curtir os 'números' que revisitam a História nesse espetáculo que tem formato de cabaré. Um ventriloqüista faz um editor com seu 'boneco' jornalista - foi a forma escolhida para falar da censura à imprensa. Entre os números cômicos, duas velhas cujas memórias fazem miscelânea de presidentes.
(SERVIÇO)Pálido Colosso. 100 min. 12 anos. Cia. do Feijão (45 lug.). Rua Dr. Teodoro Baima 68, 3259-9086. 5.ª a sáb., 21h; dom., 19h. R$ 10. Até 16/12
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