Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Senegalês Ousmane Sembène ganha mostra na Olido
Filmes do diretor serão exibidos entre os dias 8 e 17

"A Ordem de Pagamento" será exibido dia 8, às 19h
Por Luísa Bittencourt
Considerado o pai do cinema africano não apenas por ter sido o primeiro diretor do sul do Saara a produzir um filme, mas também por ter levado a África ao circuito do cinema internacional, o senegalês Ousmane Sembène é homenageado na mostra que acontece entre os dias 8 e 17 no Cine Olido, que irá exibir títulos importantes de sua filmografia.
Nascido em Casamance (sul de Senegal), em 1923, o aclamado diretor, que produziu curtas-metragens, longas e documentários, foi também um ativista político, comprometido com a luta de nações africanas em prol da independência e contra o racismo. Antes de se dedicar ao cinema, no entanto, paralelamente ao trabalho de ajudante de obras, Sembène trilhou pela literatura, escrevendo cinco romances e cinco coleções de contos e crônicas que buscam a caracterização da África por meio de temáticas como a luta anticolonialista, a escravidão, a marginalidade da mulher africana e a tradição e a oralidade de seu povo - livros que, em sua maioria, foram transpostos para seus filmes.
Após servir o exército francês e descobrir sua paixão pelo cinema, em um momento em que o Senegal rumava para a independência e a África passava por um processo de transição, Sembène percebeu o limite do alcance de seus livros e partiu para a produção cinematográfica, arte em que pôde explorar a linguagem e estética africanas e os conflitos da sociedade senegalesa pós-colonial.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza em 1988, “Campo de Thiaroye”, baseado em fatos históricos, acompanha um batalhão de atiradores e enfoca o orgulho de velhos combatentes substituído pela desilusão de promessas não cumpridas.
Também pode ser conferido “Emitaï”, filme que retrata a luta da tribo Diola, originária de Casamance, contra as forças francesas durante a Segunda Guerra Mundial.
Outro título que integra a mostra é o longa “Ceddo”, considerado uma das grandes obras do diretor que, na época de seu lançamento, em 1977, sofreu forte censura devido à crítica ao Islã. O filme ganhou o Festival Internacional de Berlim. No dia 11, após exibição, o pesquisador Victor Martins, da Casa das Áfricas, participa de um debate.
Sembène morreu em 9 de junho de 2007, aos 84 anos de idade.
Serviço: Galeria Olido – Cine Olido. Av. São João, 473, Centro. Tel. 3331-8399 e 3397-0171. De 8 a 17. +14 anos. R$1.
| Todas as projeções têm suporte em DVD.
Veja a programação completa:
A ORDEM DE PAGAMENTO
(Mandabi, Senegal, 1968, 86 min). Dir.: Ousmane Sembène. Com Makhouredia Gueye, Ynousse N’Diaye, Isseu Niang e outros.
Em Dakar, capital do Senegal, muçulmano vive tranquilamente com suas duas esposas e seus sete filhos, até receber uma correspondência do sobrinho que mora na França. Trata-se de uma ordem de pagamento. Ao saber da novidade, os vizinhos buscam, cada um a seu modo, tirar proveito da situação.
| Dia 8, 19h. Dia 11, 15h
EMITAÏ
(Senegal, 1971, 96 min). Dir.: Ousmane Sembène. Com Robert Fontaine, Michel Remaudeau, Pierre Blanchard e outros.
Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, a França envia uma ordem à aldeia de Casamance, no sul do Senegal, para expropriar todo o arroz cultivado na região. Uma vez que os homens foram convocados para o exército colonial francês, as mulheres se veem obrigadas a resistir às investidas da armada francesa.
| Dia 9, 19h. Dia 17, 17h
XALA
(Senegal, 1975, 117 min). Dir.: Ousmane Sembène. Com Thierno Leye, Myriam Niang, Seune Samb e outros.
Homem de negócios senegalês, já em idade avançada, toma para si uma terceira esposa, o que lhe confere status. Grande festa é organizada para selar o matrimônio, comparecendo as altas classes sociais senegalesas. Na noite de núpcias, porém, ele contrai o “xala”, perda da potência sexual por tempo provisório.
| Dia 10, 19h. Dia 13, 17h
CEDDO
(Senegal, 1976, 111 min). Dir.: Ousmane Sembène. Com Tabata Ndiaye, Moustapha Yade, Ismaila Diagne e outros.
Em alguma parte da África do Oeste, em tempo histórico não muito preciso, o Islã e o cristianismo buscam penetrar numa comunidade local. O líder religioso islâmico não medirá esforços para levar adiante seu projeto colonialista: a conversão da família real e a usurpação do trono. Cabe aos “ceddos” a resistência, mediante seus valores, com a ajuda da princesa Dior Yacine, legítima herdeira do trono.
| Dia 11, 19h (nesse dia, haverá debate com o pesquisador Victor Martins). Dia 15, 19h
CAMPO DE THIAROYE
(Senegal, 1988, 147 min). Dir.: Ousmane Sembène e Thierno Faty Sow. Com Sidiki Bakaba, Hamed Camara, Philippe Chamelat e outros.
No Senegal, em 1944, batalhão de soldados do exército colonial chega ao campo de Thiaroye para ser desmobilizado, depois de retornar da Europa quando ajudou a armada francesa na guerra contra os alemães. Os grandes feitos das expedições militares dão lugar à desilusão diante das promessas não realizadas pela França, desencadeando uma rebelião.
| Dias 12 e 16, 19h
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