Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Mostra de repertório da Cia. Os Crespos acontece no Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes
“Trilogia dos desmanches aos sonhos” fica em cartaz do dia 30 de maio a 8 de junho

“Além do Ponto”, dirigida por José Fernando de Azevedo, fala sobre um casal em separação
Por Gabriel Fabri
“Trata-se de uma poética em legítima defesa”, sintetiza a atriz e diretora Lucelia Sergio, a respeito dos espetáculos da mostra de repertório da Cia. Os Crespos. Nomeado “Trilogia dos desmanches aos sonhos”, o evento reúne três peças que buscam uma implosão simbólica dos reflexos da escravidão na afetividade dos negros. Os espetáculos ficam em cartaz no Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes entre os dias 30 de maio e 8 de junho.
Às sextas-feiras, o grupo apresenta a peça “Além do Ponto”, dirigida por José Fernando de Azevedo, sobre um casal em separação. O desfecho é diferente a cada noite, pois o público pode participar escolhendo como termina a história. Aos sábados, seis mulheres negras revelam seus sentimentos na busca pelo amor em “Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas”, dirigido por Lucelia Sergio. E aos domingos, “Cartas a Madame Satã ou Eu Me Desespero Sem Notícias Suas”, cuja direção também é de Lucelia, revela as correspondências de um homem com o travesti carioca conhecido como Madame Satã.
Para Lucelia, as três peças falam sobre a dificuldade da população negra em amar. “Discutimos como as nossas relações aprisionam, corroborando para um processo de destituição da população negra”, afirma. O amor é o que os fortalece diante de problemas como o preconceito de “acreditar que uma mulher negra vale menos que uma mulher branca” ou “a obrigação de atender a estereótipos de virilidade que proíbem o homem negro de amar outro homem”, por exemplo.
Os três espetáculos também desnudam os processos que fazem as pessoas colocarem a afetividade em último plano. “As peças falam da importância da nossa saúde emocional”, sintetiza Lucelia.
A diretora explica o título dado à trilogia. “Nossa afetividade ainda recebe reflexos fortíssimos do processo da escravidão e da mercadologização do corpo negro, pós-escravatura”. Dito isso, para construir um caminho em direção à felicidade, é preciso implodir simbolicamente essa afetividade que Lucelia considera “desmanchada”. Assim, os espetáculos traçam caminhos que vão dos desmanches aos sonhos.
Serviço: Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes. R. Inácio Monteiro, altura do nº 6.900, esq. com Rua Alexandre Davidenko, Cidade Tiradentes. Zona Leste| tel.: 2555-2840. De 30/05 a 08/06. +12 anos. Grátis.
Veja a programação completa:
ALÉM DO PONTO
Dramaturgia: José Fernando de Azevedo e grupo. Dir.: José Fernando de Azevedo. Com Sidney Santiago, Lucelia Sergio e DJ Dani Nega. 90 min.
Casal em separação tenta reconhecer o que o levou a esse fim. Após nove encontros e diante do questionamento sobre um “final feliz”, a história passa a ser uma tarefa coletiva na qual os atores abrem a obra para um desfecho diferente, escolhido pelo público a cada apresentação.
| Dias 30/5 e 6/6. 6ª, 20h30
ENGRAVIDEI, PARI CAVALOS E APRENDI A VOAR SEM ASAS
Texto: Cidinha da Silva. Dramaturgia: Cidinha da Silva e grupo. Dir.: Lucélia Sérgio. Com Dani Rocha, Darília Lilbé, Dirce Thomaz e outras. Participação: DJ Dani Nega. 90 min.
Texto: Cidinha da Silva. Dramaturgia: Cidinha da Silva e grupo. Dir.: Lucélia Sérgio. Com Dani Rocha, Darília Lilbé, Dirce Thomaz e outras. Participação: DJ Dani Nega. 90 min.
Flagradas em seus respectivos cotidianos, seis mulheres negras, que não se conhecem nem dialogam entre si, contam suas histórias e revelam seus medos, dores e afetos em busca do amor.
| Dia 31/5 e 7/6. Sáb., 20h
CARTAS À MADAME SATÃ OU EU ME DESESPERO SEM NOTÍCIAS TUAS
Texto: José Fernando de Azevedo. Dramaturgia: José Fernando de Azevedo e grupo. Dir.: Lucélia Sérgio. Com Sidney Santiago Kuanza, Luiz Navarro, Vitor Bassi e outros. 70 min.
Em um quarto, homem se corresponde com a figura mítica do travesti e marginal carioca Madame Satã. Fragmentos de histórias revelam, por meio de cartas, trajetórias e casos de amor numa cidade carregada de doenças que mantêm sob cárcere privado um jovem ator apaixonado.
| Dias 1º/6 e 8. Dom., 18h
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